O livro Peixes Teleósteos da Costa Norte do Brasil, lançado pela editora do Goeldi, concorre na categoria Ciências Naturais e Matemáticas. A instituição também ganhou menção honrosa para a publicação A Expedição do Guaporé (1933-1935): Cadernos de campo, Publicações e Acervo.
Agência Museu Goeldi – A Associação Brasileira das Editoras Universitárias (ABEU) anunciou os finalistas da 8ª edição do Prêmio Abeu 2022. O Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) tem duas obras, que já chegaram ao mercado editorial como clássicas, referidas na premiação deste ano. Pioneiro e um amplo guia, Peixes Teleósteos da Costa Norte do Brasil é finalista na categoria de Ciências Naturais e Matemáticas e a portentosa publicação A Expedição do Guaporé (1933-1935): Cadernos de campo, Publicações e Acervo, de Emil Heinrich Snethlage, recebeu duas menções honrosas nas categorias Projeto Gráfico e Tradução.
O livro Peixes teleósteos da Costa Norte do Brasil é uma coletânea fruto da parceria e do esforço do Museu Goeldi (MPEG), do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Norte (CEPNOR/ICMBio) e da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). A obra preenche uma lacuna de conhecimento sobre uma fonte alimentar importante desde a pré-história – o pescado – em uma área extensa, singular e que ainda precisa ser mais estudada: a Costa Norte do Brasil.
Com informações sobre 787 espécies, com chaves de identificações, fichas descritivas e ilustrações de mais de 490 peixes com hábitos costeiros, o livro tem como organizadores Alexandre Pires Marceniuk, Rodrigo Antunes Caires, Alfredo Carvalho-Filho, Matheus Marcos Rotundo, Wagner Cesar Rosa dos Santos e Alex Garcia Cavalleiro de Macedo Klautau.
A Costa Norte do país é conhecida pelo seu grande potencial pesqueiro, sendo parte significativa da produção brasileira de pesca marinha. Leia mais sobre a publicação aqui.
Já o livro A Expedição do Guaporé (1933-1935): Cadernos de Campo, Publicações e Acervo, de Emil Heinrich Snethlage, organizada por Gleice Mere, Rotger M. Snethlage e Alhard-Mauritz Snethlage, ganhou menção honrosa nas categorias Tradução, de Gleice Mere, e em Projeto Gráfico, feita por Jamil Ghan.
A saga para publicar os registros feitos por E. Heinrich Snethlage desde a década de quarenta é uma daquelas histórias da ciência que merecem um filme. O etnólogo alemão faleceu jovem, pouco depois da expedição, sem conseguir publicar seus escritos e deixou essa missão para sua viúva, que após sua morte foi assumida por seu filho (Rotger) e neto (Alhard-Mauritz). Oitenta anos após a realização da expedição Guaporé, Rotger e Alhard-Mauritz conseguiram trazer a público com a ajuda providencial da pesquisadora independente Gleice Mere, com muito esforço e dedicação. Os cadernos de campo sobreviveram a guerra e ao pós-guerra e o acervo da cultura material de 12 povos nativos do Guaporé coletados por Snethlage (EHS) formam a maior coleção oriunda da Amazônia depositado no Museu Etnológico de Berlim (2.400 objetos). Os co-editores resgataram e traduziram os cadernos de campo, acrescentaram glossários, correspondências, trechos de um livro popular, fragmentos de manuscritos inéditos, análises publicadas sobre o Guaporé, fotografias (mais de mil digitalizadas), desenhos, necrológios, as contribuições do etnólogo alemão para a música indígena amazônica, a biografia de Emile Snethlage escrita por EHS e crônica das vidas pessoal e profissional dos Snethlage (Emília e Emil).
Os organizadores da obra primeiro publicaram na Alemanha e depois, com a ajuda do Museu Goeldi, publicaram a versão bem mais ampliada no Brasil. E organizaram uma expedição entre junho e julho para apresentar a extensa documentação de Emil Heinrich Snethlage aos povos do Guaporé.
A região do Guaporé fica localizada no sudoeste amazônico, localizado no estado de Rondônia, em trecho de fronteira entre o Brasil e a Bolívia. O linguista do Museu Goeldi, Hein Van der Voort, comenta que “do ponto de vista etno-cultural e linguístico, a região do Guaporé é uma das mais interessantes da América do Sul. A concentração e a diversidade de línguas nativas são incomparáveis. Infelizmente, essa herança que se encontra seriamente ameaçada pelo iminente esquecimento, sem contar que, por outro lado, quase não há nenhuma documentação científica referente ao primeiro período de contato com representantes da cultura ocidental”, ressalta o pesquisador. Atualmente, a maior parte da região se encontra muito modificada por conta da civilização moderna. Desde a década de 40, florestas foram derrubadas, estradas foram construídas, cidades foram fundadas e, com isso, povos indígenas quase foram extintos. Na maioria, os sobreviventes vivem hoje em Terras Indígenas, onde suas culturas sofrem pressão para se adaptarem, explica Hein Van der Voort.
Premiação – Os vencedores de cada categoria serão anunciados durante a cerimônia de entrega do Prêmio Abeu, no dia 18 de novembro (sexta-feira), às 18h, no teatro da Unibes Cultural, em São Paulo.
ABEU – Instituído em 2015, o prêmio visa as melhores edições universitárias na área de conhecimento científico e acadêmico, além de premiar também o projeto gráfico melhor avaliado. Ao total, são oito categorias: Ciências Humanas; Ciências Naturais e Matemáticas; Ciências Sociais; Ciências Sociais Aplicadas; Ciências da Vida; Linguística, Letras e Artes; Projeto Gráfico; e Tradução.
Texto: Kauanny Cohem e Joice Santos – MUSEU GOELDI
Deixe um comentário