O projeto agrícola sustentável desenvolvido por indígenas das etnias Haliti-Paresi, Nambikwara e Manoki ganhou destaque durante a COP 27, a 27ª reunião anual da Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), realizada no mês de novembro na cidade de Sharm El-Sheikh, no Egito. O cacique Rony Paresi participou do evento e, em vídeo oficial divulgado pela ONU, apresentou detalhes do projeto e defendeu a produção de grãos em Terras Indígenas, ação que movimenta cerca de R$140 milhões ao ano no estado do Mato Grosso.
“Viemos à COP 27 para trazer uma mensagem contemporânea, sem esquecer de discutir a autoestima cultural dos indígenas. Queremos protagonismo e trabalhar defendendo o meio ambiente sem deixar de produzir e promover renda para as famílias”, destacou o cacique, ao defender a autonomia dos indígenas e a liberdade econômica nas aldeias durante participação na Conferência.
A liderança Haliti-Paresi apontou, ainda, a necessidade de garantir voz aos indígenas, sem interferências externas. “O índio tem que ser ouvido, sem interferências de representantes ou ONGs. Precisamos garantir a dignidade aos indígenas, tirá-los da situação de vulnerabilidade e deixá-los decidir o seu futuro, incentivando a produção e o trabalho dentro de suas Terras”, destacou Rony. O indígena Paresi, Vilmar Nezokemaese, também participou da COP 27.
A Fundação Nacional do Índio (Funai) apoia o projeto de agricultura indígena das etnias e realizou uma série de iniciativas para incentivar essa ação. Neste ano, a Funai promoveu a aproximação de agricultores indígenas e instituições bancárias com o objetivo de estabelecer parcerias que possibilitem o acesso ao crédito. No mês de março, o presidente da Fundação, Marcelo Xavier, visitou a área de produção de grãos acompanhado de representantes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Caixa Econômica Federal.
“Foi um encontro inédito que deve render grandes frutos para as comunidades indígenas. Por meio do acesso ao crédito, essas atividades podem alcançar um patamar ainda mais expressivo, resultando em geração de renda e autonomia. Por isso a importância de aproximarmos os indígenas de instituições como BNDES e Caixa, que são potenciais parceiros para a concessão desse incentivo”, destacou Xavier.
Projetos agrícolas
Localizadas em áreas próximas aos municípios de Campo Novo do Parecis e Sapezal (MT), as lavouras cultivadas pelos Haliti-Paresi, Nambikwara e Manoki ocupam quase 20 mil hectares de um total de 1,3 milhão de hectares – ou seja, apenas 1,7% da área indígena é usada na atividade agrícola.
Quatro cooperativas indígenas atuam conjuntamente nas lavouras: a Cooperativa Agropecuária dos Povos Indígenas Haliti-Parecis, Nambikwara e Manoki (Coopihanama), a Cooperativa Agropecuária do Povo Indígena Haliti Paresi (Coopiparesi), a Cooperativa dos Produtores Rurais da Cultura Mecanizada da Etnia Paresi (Coopermatsene) e a Cooperativa Agropecuária Indígena Rio Verde (Coopirio). Juntas, essas organizações movimentam a renda local a partir do cultivo de grãos em lavouras distribuídas em cinco Terras Indígenas. Aproximadamente 3 mil indígenas são diretamente beneficiados com o trabalho.
Incentivo
Na atual gestão da Funai, sob liderança do presidente Marcelo Xavier, foi assinado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) visando regularizar a produção agrícola, por meio de lavouras mecanizadas, nas Terras Indígenas Rio Formoso, Paresi, Utiariti, Tirecatinga e Irantxe, em Mato Grosso. Com o TAC, os indígenas puderam retomar a utilização da área designada para a produção agrícola mecanizada, a fim de viabilizar a sua comercialização. O documento foi assinado pela Funai, Ministério Público Federal, Ibama e cooperativas dos indígenas Haliti, Nambikwara e Manoki.
Assessoria de Comunicação / FUNAI
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