Como uma reunião de condomínio, as COP (sigla em inglês de “Conferência das Partes”, da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) costumam, por vezes, ser enfadonhas, cheias de abreviaturas, termos técnicos, jargões e linguagem diplomática. Mas, também como nas reuniões em nossos prédios, quem não comparece fica de fora de acertos importantes sobre o convívio com os vizinhos. Pior: delega a outros as decisões, sem poder reclamar depois.
A partir deste domingo (6/11), o “condomínio mundo” se reúne no balneário egípcio de Sharm el-Sheikh, entre o deserto da Península do Sinai e o Mar Vermelho, para discutir, na COP27, medidas que impeçam o aumento da temperatura do planeta acima de 1,5ºC em relação aos níveis anteriores à Revolução Industrial. Essa marca é considerada por cientistas o ponto de não retorno, com efeitos devastadores para a vida na Terra.
A COP27 era para ser mais uma dessas reuniões anuais entre centenas de chefes de Estado, ministros de Meio Ambiente, técnicos, pesquisadores e integrantes de organizações não governamentais. Não tem o brilho da Rio92, a primeira iniciativa da ONU sobre o aquecimento global, ou da COP3, no Japão, quando surgiu o Protocolo de Kyoto, com metas de redução para gases de efeito estufa. Também não dispõe do glamour da COP15, de Copenhague, quando houve a consolidação do tema climático nas agendas públicas, corporativas e da sociedade civil, nem da aclamada COP21, de Paris, quando a assinatura do acordo que leva o nome da cidade estabeleceu o compromisso dos governos de estabilizar o aquecimento global bem abaixo dos 2ºC.
RODRIGO LOPES
ÍNTEGRA DÍSPONÍVEL EM: GAUCHA ZERO HORA – GZH
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