Aproximadamente 600 pessoas passaram pela feira durante os dias de feira do gigante amazônico. Mais de 5 toneladas do pescado foram comercializadas, tendo retorno de R$ 48 mil aos pescadores envolvidos no manejo
O imponente gigante amazônico, maior peixe de escamas de água doce do mundo é uma importante fonte de subsistência na Amazônia. O pescado foi a principal atração da Feira de Pirarucu Manejado e Produtos da Agricultura Familiar, que ocorreu nos dias 19 e 20 de novembro, no Mirante das Mangueiras, no Município de Tefé, no Amazonas.
O espaço, cartão postal da cidade tefeense, sediou a 19ª edição que, paralela à Feira dos Produtos da Agricultura Familiar, celebra o final de um ciclo de dez meses de trabalho dos pescadores que atuam vigiando e protegendo os lagos contra invasores, fazendo a contagem de peixes para determinar o volume de retirada anual, pescando e fazendo o beneficiamento da carne.
O pirarucu da edição de 2022 faz parte do sistema de lagos Seringa, manejado por moradores de comunidades do Setor Joacaca, pertencente à Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã. Durante a programação da feira, esteve à disposição dos consumidores produtos da agricultura familiar, dentre eles, farinha amarela, goma, tucupi, banana, mel e galinha caipira. E ainda, plantas medicinais e artesanatos Molongó, Teçume da Amazônia e AMIMSA.
Com cinquenta peixes a mais que a do ano passado, nesta edição foram disponibilizados 150 peixes (8.585 kg de peixe inteiro eviscerado). Durante os dois dias de programação, foram vendidos 100 peixes (5.720 kg), proporcionando um retorno de R$ 48.065,00 aos manejadores e manejadoras do setor responsável pela realização da Feira. O restante do pescado foi destinado à Prefeitura de Tefé, para uso na merenda escolar da Rede Pública Municipal.
Feira movimenta população local e atrai visitantes
Uma programação recheada de opções de primeira qualidade foi ofertada a quem visitou o espaço na região central da cidade. Tudo começou às 6h da manhã, do último sábado, (19/11), no Mirante das Mangueiras, localizado em Tefé, no Amazonas, com uma programação direcionada aos consumidores do pescado.
Tendas lotadas com uma diversidade de produtos que vão desde a agricultura familiar local até o mais famoso peixe da Amazônia, o pirarucu, eram opções que atraíram público de todas as partes do País.
Para Márcio Amaral e Layla Geórgea Holanda, arqueólogos, moradores de Tefé há cinco anos, a feira mostra a importância do manejo além de divulgar os trabalhos de conservação na região amazônica.
“A cada ano a edição se torna cada vez melhor. Mais organizada, atraindo mais visitantes. Isso é importante, porque temos a oportunidade também de divulgar um item muito conhecido de nossa biodiversidade”, disse o paraense, que estava acompanhado de sua esposa, a piauiense Layla. O casal enviará o pescado aos familiares que moram no estado do Piauí.
Quem compareceu à feira também foi Anita Braga, professora aposentada e fiel visitante das edições do evento. Neste ano, Anita aproveitou para adquirir o pescado para consumo local, e também para enviar à filha que reside em São Paulo.
“Eu comprei dez quilos, está garantido um bom pirarucu. Depois vou pedir uma nota e envio também para a minha filha que mora em São José dos Campos (SP) que fica muito feliz, porque volta a comer o pirarucu aqui da terra, né?”, disse.
Outra educadora que também compareceu ao local foi a Maria Clotilde, professora de história de Tefé. Maria enfatizou a realização da feira. “Eu acho muito importante, porque é a única data no ano em que podemos comprar um pirarucu legalizado”, comentou a professora.
Feira dos Produtos da Agricultura Familiar também atração à parte
Paralela à feira que já faz parte do calendário tefeense, aconteceu a Feira dos Produtos da Agricultura Familiar, que representa o resgate da cultura, a relação direta da população com quem produz.
“A iniciativa permite a interação com instituições parceiras, criando um ambiente, uma agenda positiva para o trabalho com o manejo, o que possibilita ao consumidor a diversificação da produção além de atrair mais o interesse da população”, destacou Ana Cláudia Torres, Coordenadora do Programa de Manejo do Instituto Mamirauá, organização social fomentada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).
Para a analista de pesquisa e desenvolvimento do Programa de Manejo de Agroecossistemas do Instituto Mamirauá, Juliana Oler, que trabalha com o desenvolvimento das cadeias de valor da agricultura familiar, agroecológica e produtos da sociobiodiversidade, no interior do Amazonas, destaca que há um trabalho prévio de capacitação realizado com os produtores, auxiliando o apoio mediante a comercialização dos produtos.
“Essa feira é fundamental porque valoriza o produto manejo quanto a agricultura familiar. Nós temos produtores de Tefé, Uarini, da Missão, da Flona (Tefé/Alvarães), que trazem uma diversidade de produtos amazônicos. Esses itens são processados artesanalmente, uma riqueza de opções para quem visitar o evento”, explicou Juliana.
De acordo com o secretário da SEMPA Tefé, Odormando Duarte, o evento representa a valorização do trabalho dos agricultores e produtores locais.
“Eu quero agradecer a todas as pessoas que participaram desses dois dias de feira do pirarucu e da agricultura familiar. Os produtos de qualidade do setor primário que são comercializados mostram a valorização do produtor, do agricultor”, disse o secretário a Municipal de Produção Abastecimento e Desenvolvimento Rural de Tefé (SEMPA).
A programação foi possível através da assessoria técnica do Instituto Mamirauá e também com o patrocínio do BASA (Banco da Amazônia) e a contrapartida financeira e de apoio logístico da Prefeitura Municipal de Tefé (SEMPA – Coordenação de Pesca, SEMMAC, SEMTUR, IMTRANS e Guarda Municipal), Secretaria Estadual de Meio Ambiente (DEMUC/SEMA), Fundação Amazônia Sustentável (FAS), IDAM, Agência de Desenvolvimento Sustentável (ADS),Agência de Defesa Agropecuária e Florestal (ADAF), Secretaria Executiva de Pesca e Aquicultura (SEPA/SEPROR), Colônia de Pescadores Z-4 de Tefé e SEBRAE.
Fotos e Texto: Augusto Gomes – PUBLICADO POR: INSTITUTO MAMIRAUÁ
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