MANAUS – A seca dos rios Tefé e Solimões, em Tefé, distante 523 quilômetros de Manaus, tem mudado o cenário da cidade e produzido imagens de uma vazante severa. Tefé e Benjamin Constant decretaram situação de Emergência por causa da estiagem e 41 cidades estão em situação de Alerta. Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira estão em situação de Atenção.

Comunidade Porto Praia, no Solimões, que seria um dos acessos para chegar a Tefé (Reprodução) – Republicação gratuita, desde que citada a fonte. AGÊNCIA CENARIUM

O período de seca vai de junho até dezembro quando os rios voltam a encher por conta do período chuvoso que inicia na região. De acordo com o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) o motivo da estiagem severa na região é decorrente da falta de chuvas na bacia dos rios da Amazônia e que ao longo do mês de setembro foi observado em toda a bacia do rio Solimões, onde está localizado o município de Tefé.

A prefeitura de Tefé decretou na última quinta-feira, 13, situação de emergência por causa da estiagem que atinge mais de três mil famílias em três comunidades, são elas: Porto Praia, Tarará e Barreiras. De acordo com a Defesa Civil, há 116 comunidades rurais em situação de isolamento, enfrentando dificuldades para acessar água potável, alimentos e ir às escolas.

Benjamin Constant

Além de Tefé, Benjamin Constant (distante 1.121 quilômetro de Manaus) decretou situação de emergência, segundo levantamento realizado, diariamente, pela Defesa Civil do Amazonas, por meio do Centro de Monitoramento e Alerta (Cemoa) e pela gerência regional que realiza o acompanhamento diário com os coordenadores municipais.

Na cidade, o nível do Rio Solimões está com 68 centímetros. Em épocas de chuva, o rio chega a 12 metros. Pelo alto, bancos de areia ocupam o espaço que antes era coberto pelas águas. Não há medidores no Rio Javari. O preço do transporte fluvial, único meio disponível para chegar a Benjamin Constant, subiu de R$ 35 para R$ 70 porque o trajeto aumentou por causa da seca. As cargas, principalmente, de alimentos, em grandes embarcações, são remanejadas para barcos menores, que conseguem navegar em trechos mais rasos, o que aumenta o preço final que chega ao consumidor.

Vazante Acelerada

A pesquisadora em geociência do CPRM Luna Gripp explicou que o Estado está passando por um grande processo de vazante acelerada, onde diversos rios estão abaixo do que seria esperado para o atual período do ano, principalmente, na região sudoeste do Amazonas, na divisa com outros países, e também na divisa com outros Estados.

“Nesse período, começo do mês de outubro ou meados de outubro até o final do mês de novembro é um período onde normalmente o nível do rio Solimões em Tabatinga já estaria subindo, então, esperava-se que realmente o nível do rio começasse já a subir. Quando a gente observa também as previsões de volumes de chuva para a próxima semana, para os próximos 15 dias, espera-se inclusive movimentos acima da média na bacia do Maranhão que é um importante contribuinte no rio Amazonas, que pode indicar o início do processo de enchente na região”, explicou Gripp.

Impacto na logística 

A seca gera impactos diretos na economia do Amazonas, uma vez que grande parte do transporte de mercadorias é feito por embarcações. Além disso, o nível baixo das águas aumenta os riscos de acidente. Indicadores do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) apontam para o menor volume de chuvas no Amazonas, nos últimos 15 anos.

Elas ficaram abaixo do esperado no período mais chuvoso do ano, entre os meses de janeiro a abril, e nos meses mais secos, de julho a setembro, a chuva acumulada foi a menor em duas décadas, com redução de 90% no volume de chuvas.

Manaus 

Em Manaus, o nível do Rio Negro chegou, até este sábado, 15, a 18,05 metros. Em 2010, o nível chegou a 13,63 metros. Em 2021, o rio atingiu a marca de 30,02 metros, no dia 16 de junho, o maior registro já feito desde o início da medição em 1902.

Municípios em Alerta

Um levantamento realizado, diariamente, pela Defesa Civil do Amazonas, mostra que 41 municípios estão em alerta por causa da estiagem. São eles: Calha do Juruá: Guajará, Ipixuna, Envira, Itamarati, Eirunepé, Carauari, Juruá; Calha do Purus: Boca do Acre, Pauini, Lábrea, Canutama, Tapauá e Beruri; Calha do Madeira: Humaitá, Apuí, Manicoré, Novo Aripuanã, Borba e Nova Olinda do Norte.

Na Calha do Alto Solimões: Atalaia do Norte, Tabatinga, São Paulo de Olivença, Amaturá, Santo Antônio do Içá e Tonantins; Calha do Médio Solimões: Jutaí, Fonte Boa, Japurá, Maraã, Uarini, Alvarães e Coari; Calha do Baixo Solimões: Codajás, Anori, Anamã, Caapiranga, Manacapuru, Iranduba, Manaquiri, Careiro Castanho e Careiro da Várzea.

Gabriel Abreu – AGÊNCIA AMAZÔNIA – Republicação gratuita, desde que citada a fonte. AGÊNCIA CENARIUM – Copyright © AGÊNCIA CENARIUM

Seca na Amazônia provoca mudança na navegação dos rios e deixa 41 cidades em alertas – Agência Amazônia Agência Amazônia (aamazonia.com.br)