Projeto será o maior experimento com esta finalidade na Amazônia Legal. Os nove estados receberão plantios florestais nas mesmas condições científicas e obedecendo as condições de variações de solo e clima locais.
Nesta terça-feira (02 de agosto), será lançado em Manaus um projeto científico que usará nanotecnologia em plantios florestais para a recuperação de áreas degradadas na Amazônia brasileira. O projeto do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/ MCTI) é um convênio com a Shell Brasil Petróleo e contará com a cooperação de 13 instituições de ensino e pesquisa da Amazônia.
O projeto “Aplicações da nanobiotecnologia para recuperar áreas degradadas na Amazônia: uma experiência florestal de pesquisa, ensino e extensão” terá investimento de R$ 4 milhões da Shell Brasil Petróleo Ltda, por meio de recursos de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I), e será executado em 36 meses. É coordenado pelo pesquisador do Inpa José Francisco de Carvalho Gonçalves, e acompanhado por um comitê técnico-científico composto pelos pesquisadores Adamir da Rocha Nina Junior, Josiane Celerino de Carvalho e Karen Cristina da Costa e a participação de um pesquisador da Shell.
De acordo com a diretora do Inpa, a pesquisadora Antonia Franco, o Instituto sente-se satisfeito e esperançoso com o desenvolvimento deste projeto que envolve tantos parceiros importantes, pois estará “contribuindo para a recuperação de áreas degradadas e para o desenvolvimento sustentável da Amazônia”.
Segundo a coordenadora de projetos de pesquisa e desenvolvimento de baixo carbono da Shell, Carolina Rio, preservar e contribuir para recuperação da Amazônia, que abriga a maior parte da floresta tropical remanescente do mundo, é de fundamental importância para o Brasil e para o planeta. A Shell busca chegar a 2050 com emissão líquida zero de carbono, com base na estratégia global de Impulsionando o Progresso, que considera como um de seus pilares, além da redução de emissões absolutas e transição energética, o respeito à natureza, o impulsionamento de vidas e geração de valor.
“Esse projeto, em parceria com Inpa e Krilltech, tem como objetivo a criação de soluções e tecnologias para recuperação de áreas degradadas, contribuindo para assimilação de carbono, recuperação de processos ecológicos e até produtivos, atendendo aos pilares estratégicos, com impacto tecnológico social e econômico”, explicou Rio sobre motivações da empresa para apoiar o projeto.
A programação do evento acontecerá das 9h às 17h30, no Auditório da Ciência do Inpa. A abertura terá a presença do representante do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), diretoria do Inpa, Shell, Agência Nacional de Petróleo (ANP), Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Universidade Federal do Paraná (UFPR), além das empresas Krilltech Nanotecnologia Agro, Treevia e Agropecuária Aruanã.
A Krilltech é uma startup do agronegócio desenvolvedora da nanotecnologia “Arbolin” – solução inovadora utilizada para biofertilização de diversas culturas agrícolas, a Treevia é uma empresa de mensuração florestal – e a Aruanã, uma empresa agrícola que possui fazenda instalada em Itacoatiara-AM com a maior plantação de castanheiras do Brasil e já desenvolve parceira de pesquisas com o Inpa e, em particular, com o Laboratório de Fisiologia e Bioquímica Vegetal, vinculado à Coordenação de Dinâmica Ambiental do Inpa, há aproximadamente 15 anos.
De acordo com o coordenador José Francisco Gonçalves, a recuperação das áreas degradadas (RADs) da Amazônia precisa ser incluída de forma definitiva nas discussões sobre políticas públicas, já que promove a conservação dos recursos naturais e também tem contribuições para os serviços ambientais, além do desenvolvimento social e econômico para a região Norte do Brasil, pela transformação de área em desuso para áreas produtivas. “Estamos propondo o uso de tecnologias mais recentes (bio e nanotecnologia) para potencializar o crescimento das árvores no campo. Nossa hipótese é que o uso de moléculas nanotecnológicas (arbolina) pode potencializar a recuperação de áreas degradadas na Amazônia”, contou Gonçalves.
A arbolina é uma substância classificada como um biofertilizante capaz de aumentar a tolerância das plantas ao estresse causado pela baixa disponibilidade de água ou nutrientes no solo, e favorece a eficiência no uso da luz pelas plantas. A expectativa dos pesquisadores é tornar as árvores mais tolerantes às condições extremas e também aumentar a produtividade dos plantios de espécies que agreguem emprego e renda.
Ciência e inovação
A pesquisa irá investigar o efeito da arbolina sobre a produtividade primária, características ecofisiológicas, e a viabilidade econômica de diferentes sistemas de plantio sobre áreas degradadas. O projeto será desenvolvido em plantios experimentais que serão implantados nos nove estados da Amazônia Legal, incluindo o envolvimento dos Núcleos de Apoio à Pesquisa do Inpa no Acre, Rondônia, Roraima e Pará. Os sistemas de plantios avaliados serão: plantio puro, plantio misto e sistemas agroflorestais (SAF’s) com e sem a aplicação da arbolina.
“Do ponto de vista científico, com o projeto esperamos entender o mecanismo de influência da arbolina sobre as espécies nativas nas condições de clima e solo da região amazônica e determinar a sustentabilidade do uso dessa tecnologia, sinalizando para maiores projetos com créditos de carbono”, destacou Gonçalves.
Outra característica da pesquisa é sua atuação técnica e de inovação, na qual buscará estabelecer um banco de dados sobre o crescimento e características ecofisiológicas de espécies nativas da Amazônia com potencial para a recuperação de áreas degradadas. A ideia é disponibilizar protocolos para o uso de moléculas nanotecnológicas na recuperação de áreas degradadas, contribuindo para o desenvolvimento sustentável da região.
Formação de Pessoas
A parceria com a iniciativa privada também envolve a formação de recursos humanos, com o suporte de bolsas para estudantes do ensino médio à pós-graduação. No ensino básico, a proposta é oferecer bolsas de iniciação científica júnior para 50 estudantes. Os adolescentes e jovens receberão informações científicas úteis para serem aplicadas na área agrária e serem multiplicadores das tecnologias nas comunidades e municípios onde o projeto será implantado. Inicialmente, serão nove (9) municípios que receberão o experimento piloto com um 1 hectare. A ideia é mostrar a capilaridade e potencial transformador do projeto.
“Queremos estabelecer uma rede de pesquisa com intenção de que seja convertida em um Programa de Pós-graduação focado na produção e biotecnologia florestal, com vistas ao suporte contínuo para a reinserção de áreas degradadas (RAD´s) nos processos produtivos e sua manutenção na Amazônia Legal.
Fundação de Apoio
O projeto contará com o apoio administrativo-financeiro da Fundação Arthur Bernardes (Funarbe), vinculada à Universidade Federal de Viçosa (UFV/ Minas Gerais). A Funarbe é uma das três fundações credenciadas junto ao Inpa. As outras duas são: Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa da UFMG (Fundep – Minas Gerais) e Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa, Extensão e Interiorização do Ifam (Faepi-Ifam/ Amazonas).
Instituições parceiras
São Instituições parceiras do projeto: Instituto Federal do Amazonas (Ifam), Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), Universidade Federal do Acre (Ufac), Embrapa Cocais, Instituto Federal do Amapá (Ufap), Instituto Federal de Rondônia (IFRO), Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Universidade Estadual de Roraima (UERR), Universidade Federal do Tocantins (UFT), Universidade Federal de Viçosa (UFV), Krilltech, Treevia, Fundação Arthur Bernardes (Funarbe).
PUBLICADO POR: INPA MCTI
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