Cada uma das mais de 300 etnias espalhadas pelo território nacional possui uma maneira própria de expressão, traduzida, entre outros aspectos, nas pinturas corporais indígenas realizadas com tinta à base de urucum. O fruto, cuja coloração representa um importante elemento na simbologia e no sistema de comunicação visual, está presente na cultura de diversas comunidades pelo país.
Para a confecção da tintura, os frutos amadurecidos dos urucuzeiros são colhidos e abertos, sendo retiradas as sementes envoltas em uma polpa vermelha e oleosa. Geralmente, as sementes do urucum são colocadas de molho por algum tempo, para depois serem passadas numa peneira e levadas ao fogo por um ou dois dias, até a mistura adquirir certa consistência.
Se as sementes não estiverem suficientemente maduras, podem ser socadas no pilão e, posteriormente, cozidas. Para o uso nas pinturas corporais, a pasta vermelha final obtida após o processo de cozimento e esfriamento é muitas vezes amolecida com um pouco de óleo de andiroba, castanha ou babaçu. Em muitas comunidades indígenas, a coleta de urucum e a fabricação da tinta são tarefas exclusivas das mulheres.
Indígenas de ambos os sexos e diferentes idades usam a tintura para fazer desenhos no corpo ou espalhando-a na pele a fim de compor a base sobre a qual serão feitos contornos com tintas de outras cores, como a de jenipapo, de coloração preta. O urucum serve também para o acabamento de objetos tradicionais, com pontas de flecha e cestos.
Alguns indígenas, saindo em viagem pela mata, habitualmente esfregam a tinta de urucum no corpo, ou apenas nas pernas e coxas, para afastar pulgas e outros insetos. No caso particular de só pintarem as pernas, há indígenas que acreditam que o urucum torna os músculos mais flexíveis, evitando dores e câimbras nas caminhadas longas.
Assessoria de Comunicação / FUNAI
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