Cada uma das mais de 300 etnias espalhadas pelo território nacional possui uma maneira própria de expressão, traduzida, entre outros aspectos, nas pinturas corporais indígenas realizadas com tinta à base de urucum. O fruto, cuja coloração representa um importante elemento na simbologia e no sistema de comunicação visual, está presente na cultura de diversas comunidades pelo país.

Indígena realiza pintura corporal com tinta de urucum para o ritual do Kuarup, no Parque do Xingu (MT). Foto: David Ribas/Funai

Para a confecção da tintura, os frutos amadurecidos dos urucuzeiros são colhidos e abertos, sendo retiradas as sementes envoltas em uma polpa vermelha e oleosa. Geralmente, as sementes do urucum são colocadas de molho por algum tempo, para depois serem passadas numa peneira e levadas ao fogo por um ou dois dias, até a mistura adquirir certa consistência.

Se as sementes não estiverem suficientemente maduras, podem ser socadas no pilão e, posteriormente, cozidas. Para o uso nas pinturas corporais, a pasta vermelha final obtida após o processo de cozimento e esfriamento é muitas vezes amolecida com um pouco de óleo de andiroba, castanha ou babaçu. Em muitas comunidades indígenas, a coleta de urucum e a fabricação da tinta são tarefas exclusivas das mulheres.

Indígenas de ambos os sexos e diferentes idades usam a tintura para fazer desenhos no corpo ou espalhando-a na pele a fim de compor a base sobre a qual serão feitos contornos com tintas de outras cores, como a de jenipapo, de coloração preta. O urucum serve também para o acabamento de objetos tradicionais, com pontas de flecha e cestos.

Alguns indígenas, saindo em viagem pela mata, habitualmente esfregam a tinta de urucum no corpo, ou apenas nas pernas e coxas, para afastar pulgas e outros insetos. No caso particular de só pintarem as pernas, há indígenas que acreditam que o urucum torna os músculos mais flexíveis, evitando dores e câimbras nas caminhadas longas.

Assessoria de Comunicação /  FUNAI