A Comissão de Regularização Fundiária da Universidade Federal do Pará (CRF-UFPA) e a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica do Estado do Pará (Sectet) realizam, entre 10 e 17 de julho, a Oficina Pertencimento, Desenvolvimento Comunitário e Economia Solidária na Comunidade Quilombola de Igarapé Preto.
Os trabalhos da oficina serão realizados a partir do dia 11 até 15 de julho, sempre das 8 às 12 horas, e pela tarde, das 14 às 18 horas, na Escola Municipal Zumbi dos Palmares (BR.422), S/N, Vila Igarapé Preto, localizada em Oeiras do Pará. A oficina será ministrada pela professora e mestra Maria Madalena Costa Freire, do Campus Universitário do Tocantins-Cametá e a ação integra o Projeto de Pesquisa e Extensão: Inovação Territorial na Comunidade Quilombola de Igarapé Preto firmado entre as instituições públicas e a comunidade.
A Oficina estimulará, por meio de uma metodologia participativa, o saber fazer do grupo através da troca de conhecimento sobre o significado de pertencimento a uma comunidade quilombola, como forma de fortalecimento dos costumes e tradições locais. “Vamos fomentar a autonomia coletiva para que possamos desenvolver habilidades e competências empreendedoras para a identificação de produtos e serviços inovadores que tenham como representatividade a identidade étnica como elemento de reafirmação e pertencimento à comunidade, além de estimular a autogestão coletiva com base nas experiências de economia solidária”, explica Madalena.
A atividade será desenvolvida de forma interativa com a discussão dos eixos formadores: pertencimento étnico, desenvolvimento comunitário e autogestão coletiva em comunidades quilombolas com a utilização de trabalhos em grupos, poesias, cantos, roda de conversa, apresentação de vídeo e a história da boneca Abayomi. “A sistematização dos resultados terá como base a reflexão e apresentação de um painel com a identificação de prováveis produtos e serviços inovadores na comunidade”, antecipa a professora. A partir do dia 11 de julho, segunda-feira, das 8 às 12 horas, e pela tarde, das 14 às 18 horas, ocorrerá a apresentação coletiva utilizando o canto quilombola como instrumento de integração quando os participantes abordarão a história da formação e da resistência das inúmeras comunidades na região tocantina, em especial o caso do povoado remanescente de quilombos de Igarapé Preto, cuja formação e traços culturais refletem a história de seus remanescentes negros de Oeiras do Pará.
RESISTÊNCIA – No dia 12, terça-feira, debate será sobre o pertencimento étnico e a comunidade confeccionará a Boneca Abayomi. “Quando os negros vieram da África para o Brasil como escravos a bordo dos navios tumbeiros, as mães rasgavam tiras das saias e construíam uma boneca de tranças para acalentar as crianças que choravam assustadas ao ver o desespero e a dor dos adultos. A boneca tornou um símbolo de resistência. Ela ficou conhecida como Abayomi, que significa Encontro Precioso, em Iorubá, uma das maiores etnias da África, cuja população habita parte da Nigéria, Benin, Togo e Costa do Marfim. Quando se dá uma boneca ou troca com alguém, este gesto significa que você está oferecendo o que tem de melhor para esta pessoa”, detalha a professora.
Já nos dias 13 e 14 de julho, ainda na Escola Municipal Zumbi dos Palmares, haverá a apresentação do vídeo Experiência de Roteiro e Circuito Quilombola e será construído um Painel de Negócios Inovadores da Comunidade com a identificação de produtos e serviços que tenham como representatividade a identidade étnica como elemento de reafirmação e pertencimento à comunidade. Serão identificados produtos alimentares, recursos naturais, potenciais turísticos existentes e as relações com a cultura local. Será feito, também, um aerolevantamento do território de Igarapé Preto com a utilização das tecnologias de RTK e drone, que resultará num estudo fundiário local.
No dia 15 de julho, serão debatidas a autogestão coletiva e a economia solidária, que têm como princípios norteadores a cooperação, autogestão, solidariedade e ação econômica, além da apresentação do vídeo que aborda Experiências de Economia Solidária, Cooperativismo, Autogestão Coletiva em Comunidade Quilombola. “A meta é formular um painel para ser implementado e que tenha a identificação de produtos e serviços inovadores no território que representem a identidade étnica como elemento de reafirmação e pertencimento à comunidade. Ele deve motivar a agregação de esforços e recursos pessoais para a produção, beneficiamento, crédito, comercialização e consumo, o que envolve elementos de viabilidade econômica, permeados por critérios de eficácia e efetividade, ao lado dos aspectos culturais, ambientais e sociais que fortaleçam a autonomia da comunidade no território”, assinala Madalena.
Para Renato das Neves, professor e coordenador do Projeto de Pesquisa e Extensão: Inovação Territorial na Comunidade Quilombola de Igarapé Preto, a culminância da Oficina Pertencimento, Desenvolvimento Comunitário e Economia Solidária será marcada pela realização da II Feira de Mulheres Empreendedoras de Igarapé Preto, organizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE). A atividade ocorrerá no dia 15 de julho, pela parte da noite, quando haverá exposição e desfiles dos trabalhos das empreendedoras na sede da Associação dos Remanescentes do Quilombo de Igarapé Preto à Baixinha (Arqib). Durante o dia 16 de julho haverá vendas de produtos e apresentações de grupos culturais do território, encerrando as atividades.
Texto: Kid Reis – Ascom CRF-UFPA Foto: Kid Reis e Madalena Freire. – Melquiades Reis | Facebook
Suely l. G.
Esse é um bom trabalho,admiro muito porque valoriza a comunidade quilombola .que é nosso quilombo. Quem teve está idéia está de parabéns
Que muito desses trabalhos possam ser feito com o objetivo de revelar o nosso quilombo tem de valores que ñ são muitos das veses reconhecido.