Foi encerrado no dia 8 de junho o Projeto Amazônico de Oftalmologia Humanitária, que levou atendimentos para comunidades no interior do Amazonas. A ação, realizada a bordo do Navio de Assistência Hospitalar (NAsH) “Soares de Meirelles”, distribuiu mais de 10 mil medicamentos, realizou oito mil procedimentos (atendimentos médicos, odontológicos, de enfermagem e laboratoriais), distribuiu 2.384 lentes de correção e promoveu 200 cirurgias de catarata.

O projeto, conduzido pela Marinha do Brasil (MB) e pela Sociedade Amigos da Marinha Manaus (Soamar Manaus), contou com a participação de oftalmologistas do Instituto da Visão, da Universidade Federal do Amazonas, da Universidade Federal de São Paulo, do Instituto Paulista de Estudos e Pesquisas em Oftalmologia, da Fundação Piedade Cohen, além de médicos voluntários e empresas privadas, como o laboratório Alcon e a Lupas Leitor. Na chegada do navio a Manaus (AM), o Comandante do NAsH “Soares de Meirelles”, Capitão de Corveta José Lauro Motta de Oliveira, afirmou que “mesmo sendo números tão expressivos, o mais importante é atenção à saúde primária necessária que proporcionamos aos ribeirinhos”.

Após 30 anos com a Catarata, o Senhor Raimundo Pereira é operado pelo projeto

A comissão

Na cidade de Barcelos, nos dias 1º e 2 de junho, em paralelo às atividades do NAsH, a equipe de médicos voluntários que compuseram o projeto – cirurgiões, anestesistas, enfermeiras e engenheiros – realizaram cirurgias de catarata e pterígio no Hospital Geral da cidade, com o apoio da Secretaria de Saúde do município. Somente em Barcelos (AM) os médicos realizaram 90 cirurgias de catarata e pterígio (membrana que avança sobre a córnea), sendo cinco de maiores complexidades com implantes de fixação de lente intraocular e vitrectomia anterior.

Dentro do centro cirúrgico, a equipe médica contou com o apoio de duas técnicas de enfermagem do Corpo Auxiliar de Praças da Marinha, a Terceiro-Sargento (EF) Ana Cristina de Aguiar Lima Barbazan e a Terceiro-Sargento (EF) Daniela Fernanda Bergara Rolim, que servem atualmente na Policlínica Naval de Manaus e foram voluntárias para auxiliar mais de dez horas de cirurgias diárias. “Nós não sabíamos a grandiosidade do projeto, mas estávamos prontas para fazer o melhor. Auxiliar médicos renomados e ajudar tanta gente que precisa foi maravilhoso, explicou a Sargento Daniela Bergara.

O NAsH “Soares de Meirelles” atracou no dia 3 de junho na cidade de Santa Isabel do Rio Negro (AM), cidade com uma população com pouco mais de 35 mil habitantes conhecida por habitar diversas tribos indígenas, como as etnias Baré, Tucano e Yanomami. Durante dois dias, a Marinha realizou 164 atendimentos médicos e 22 atendimentos odontológicos. Ao mesmo tempo, foram realizadas 39 cirurgias de catarata e distribuídos 613 óculos.

O processo de triagem sendo realizado pela equipe de enfermagem do Navio

No dia 5 de junho, o navio suspendeu com destino a Novo Airão (AM), município distante 143 quilômetros por via fluvial da capital amazonense. Mesmo estando um pouco mais próximos de Manaus, os ribeirinhos enfrentam dificuldades de acesso aos serviços de saúde.

Esperança

O senhor Raimundo Pereira de Souza, que foi atendido em Barcelos, afirmou que já tinha perdido a esperança de enxergar novamente. “Há mais de 30 anos eu não exergo bem por conta da catarata. Já tinha perdido as esperanças em poder caminhar na rua de casa”, relatou o idoso que está prestes a completar cem anos de idade.

– Raimundo emocionou a equipe quando contou a sua história e afirmou que a cegueira já fazia parte da sua vida há muito tempo. Segundo o oftalmologista Ricardo Nosé, a cirurgia foi uma das mais complexas realizadas durante a comissão. “A catarata estava em seu estágio mais avançado, o que tornava a cirurgia ainda mais delicada, demandando mais tempo e exigindo equipamentos de ponta e uma equipe especializada”. 

Projeto

Criado na década de 90 pela Fundação Piedade Cohen, a iniciativa recebeu logo depois o aporte da Universidade Federal do Amazonas, da Universidade Federal de São Paulo, do Instituto Paulista de Estudos e Pesquisas em Oftalmologia. Atualmente, empresas privadas aderiram a ação, dentre elas a Lupas Leitor, Alcon e médicos voluntários de diversos estados.

A Marinha do Brasil e a Soamar Manaus apoiam o Projeto há seis anos, realizando segurança da embarcação de apoio; logística dos equipamentos, insumos e lentes necessários para as intervenções cirúrgicas; o transporte dos médicos voluntários e nos municípios, realiza os atendimentos clínicos de oftalmologia, clínico geral, enfermagem, odontologia, exames laboratoriais e vacinas à sociedade local.

Médico da Marinha do Brasil durante atendimento aos ribeirinhos em Barcelos, interior do Amazonas

Agência Marinha de Notícias – 10/06/2022 – Por Capitão-Tenente (RM2-T) Gisleine Assunção Alves – Manaus, AM – PUBLICADO POR:  MARINHA DO BRASIL