Objetivo é apresentar nas aldeias e entregar às escolas indígenas a obra e o acervo que retratou a história e a cultura imaterial dos antepassados dessas populações
O Ministério Público Federal (MPF) participa, de 25 de junho a 16 de julho, de expedição cultural que visa a valorização da identidade étnica dos povos indígenas do Vale do Guaporé, em Rondônia, bem como o reconhecimento do papel dessas populações na preservação ambiental da Amazônia. No percurso de mais de três mil quilômetros, serão repatriados a essas comunidades documentos e registros da sua história feitos há mais de 80 anos pelos pesquisador alemão Emil Heinrich Snethlage. O material – reunido no livro “A Expedição do Guaporé (1933-1935) – Um diário de Pesquisa”, publicado pela editora do Museu Paraense Emílio Goeldi – será apresentado e compartilhado com os indígenas durante visita a diversos povoados da região.
A expedição é uma iniciativa da tradutora e coorganizadora do livro no Brasil, a jornalista Gleice Mere Silveira. A obra é composta por um volume de 1632 páginas e uma mídia digital com gravações sonoras, imagens e vídeos captados pelo cientista. Além do MPF, participarão da comitiva linguistas do museu paraense, representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Embaixada da Alemanha, e parentes do pesquisador alemão. Também acompanharão a jornada um indigenista, uma ilustradora de livros infantis e a videoartista que sonorizou o filme do pesquisador.
O procurador da República Daniel Luís Dalberto, representante do MPF no Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais (CNPCT) e colaborador do Projeto Territórios Vivos, acompanhará a excursão. Ele ressalta que Snethlage retratou a cultura dos povos originários quando muitos grupos ainda estavam no período de recente contato com a civilização ocidental. “Os povos indígenas que serão visitados são os avós de significativa parte dos indígenas de todo o Brasil. Trata-se do lugar da origem de vários troncos linguísticos, dentre eles o tupi-guarani”, pontuou.
Reconhecimento – O procurador destaca a contribuição desses povos para o desenvolvimento sustentável, por meio de inovações tecnológicas que se difundiram por todo o continente, como as terras pretas amazônicas, a tecnologia cerâmica, as indústrias de artefatos líticos lascados e as mais antigas estruturas de lagos e barragens da América do Sul. Lembra, ainda, que os povos indígenas dessa região manejaram e domesticaram a pupunha, a mandioca e o arroz selvagem. “Eles têm experiência em intervenções equilibradas e sustentáveis no ambiente, com uso de recursos naturais, mesmo diante de sucessivas mudanças climáticas por que passaram”, frisou.
Além de apresentar nas aldeias e entregar às escolas indígenas a obra e o acervo que retratou a história e a cultura dos antepassados dos indígenas do Vale do Guaporé, o procurador estará à disposição para ouvir e encaminhar eventuais demandas dessas populações aos membros do MPF que atuam nas procuradorias da República de Vilhena, Ji-Paraná, Guajará-Mirim e Porto Velho, em Rondônia.
Programação – A expedição será encerrada em 16 de julho, com a mostra do filme e uma roda de conversa para apresentação do livro “A Expedição do Guaporé (1933-1935) – Um diário de Pesquisa”, na Universidade Federal de Rondônia, em Porto Velho. No encontro, integrantes da expedição irão compartilhar as experiências vividas nas comunidades e falar sobre o livro, com a presença do neto de Emil Heinrich Snethlage e coorganizador do livro em alemão, Alhard Snethlage. O evento é aberto ao público.
Secretaria de Comunicação Social
Procuradoria-Geral da República – MPF
Deixe um comentário