Em nota, colegiado alerta para acirramento da violência na região do Vale do Javari (AM) e das ameaças a defensores de direitos humanos

Arte: Secom PGR

A Câmara de Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais do Ministério Público Federal (6ªCCR/MPF), por seus membros e servidores, manifesta profundo pesar ante a confirmação das mortes do indigenista Bruno da Cunha Araújo Pereira e do jornalista Dominic Phillips, na região do Vale do Javari no estado do Amazonas, ocasião em que vem a público manifestar-se nos seguintes termos:

1. É do conhecimento deste órgão e da sociedade brasileira o acirramento das ameaças à integridade física e territorial dos povos indígenas brasileiros, situação esta especialmente grave na TI Vale do Javari, território de diversos povos indígenas e que abriga a maior concentração de grupos em situação de isolamento voluntário do planeta.

2. Nesse contexto adverso, o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips acompanhavam atividades da Equipe de Vigilância da Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari), ocasião em que foram vítimas de um crime brutal e covarde, perpetrado com o objetivo de calar suas vozes e impedir suas ações incansáveis na defesa dos territórios indígenas.

3. O Estado brasileiro não pode tolerar atos de violência contra defensores de direitos humanos. É certo que outros homens e mulheres que atuam na proteção dos direitos dos povos indígenas encontram-se sob ameaça, o que impõe a adoção imediata de medidas de proteção e garantia da integridade física desses agentes.

4. Cientes da gravidade da situação, da dor e angústia de familiares e amigos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, expressamos nossa solidariedade ao tempo que reafirmamos o compromisso do Ministério Público Federal de continuar acompanhando e agindo em conformidade com suas atribuições, na busca da completa elucidação dos fatos e da garantia dos direitos indígenas.