Carismáticas, ferozes, lindas, traiçoeiras — não importa em que lugar do Brasil você esteja, a palavra “onça” inspira uma variedade de reações e sentimentos que irão da admiração ao medo. Para quem mora na cidade e a onça-pintada é um animal distante, talvez apenas vista na TV ou no zoológico, é mais comum ter uma percepção positiva sobre a espécie. Porém, para quem acorda pela manhã e acha pegadas frescas de onça-pintada passando bem pela porta de sua casa (como já aconteceu na Reserva Mamirauá!), essa relação pode ser mais conturbada.

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Seja por causa da sensação de insegurança ou por causa de prejuízos econômicos, como por exemplo uma onça atacar os animais domésticos de uma fazenda, entre outros motivos, muitas vezes onças-pintadas são perseguidas e mortas quando entram em contato com seres humanos. Isso é o que comumente chamamos de conflito humano-fauna (apesar de que a palavra “conflito” remete a uma relação negativa consciente entre as duas partes — o que não é o caso da onça). Estes conflitos ocorrem no mundo inteiro e com milhares de espécies de animais, mas são especialmente comuns (e complexos!) com grandes carnívoros.

No Grupo de Pesquisa em Ecologia e Conservação de Felinos na Amazônia do Instituto Mamirauá, trabalhamos com as dimensões humanas do conflito entre comunidades tradicionais e onças-pintadas. Ou seja, nós investigamos as características desse conflito, como quais animais domésticos são predados por onças e em que época do ano há mais relatos de ataques, assim como os motivos que influenciam esse conflito. Essa abordagem em conjunto com as comunidades tradicionais visa proporcionar medidas que diminuam as interações negativas entre as pessoas e as onças-pintadas com as quais convivem. Dessa maneira, garante-se a conservação da espécie em questão assim como busca-se a melhoria da qualidade de vida dessas comunidades.

Por Miguel Monteiro

ÍNTEGRAL DISPONÍVEL EM:   CONEXÕES AMAZÔNICAS   

Iauaretê: convivendo com as onças-pintadas em Mamirauá – Conexões Amazônicas (conexoesamazonicas.org)