Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) realizaram descoberta de uma de uma espécie nova de caracol do gênero Solaropsis, bastante raro em coleções biológicas, na Reserva Extrativista do Rio Cajari, no município de Laranjal do Jari.
A pesquisa foi coordenada pela especialista em moluscos (malacologista) MSc. Fernanda Silva e seu orientador de doutorado o Prof. Dr. Luiz de Simone, um dos maiores especialistas do mundo em moluscos, tendo descrito mais de 1.000 espécies desse grupo, ambos do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, e contou com a participação do biólogo amapaense especialista em poraquês (enguias elétricas) e Analista Ambiental do ICMBio no Amapá MSc. Nonato Mendes Júnior.
A descoberta aconteceu em 2015 durante uma vistoria técnica do ICMBio no trecho da BR-156, no interior da Reserva Extrativista do Rio Cajari onde encontraram uma concha enterrada na margem da rodovia. Mas só no fim do ano passado é que foi confirmado a raridade depois de várias analises e novas coletas.
“Inicialmente foi pensado que essa concha seria de uma espécie conhecida, e que houve somente um novo registro dela para o Estado do Amapá. Entretanto, após a análise da variação na forma (anatomia) das conchas e de um exemplar inteiro, e sua comparação com caracóis de outras espécies do mesmo gênero foi observado que na verdade era uma espécie totalmente desconhecida para a ciência”, explicou o pesquisador Raimundo Nonato Gomes Mendes Junior do ICMBio.
A espécie nova foi batizada como o nome de Solaropsis caperata, por possuir uma depressão fortemente enrugada na concha, já que caperata é um adjetivo feminino em latim que significa “enrugada”.
De acordo com Nonato Jr, a descoberta contribui para o conhecimento sobre a biodiversidade do Amapá, e da Amazônia como um todo, cuja fauna de moluscos terrestres é praticamente desconhecida.
“A ocorrência da descoberta desta espécie nova na RESEX do Rio Cajari reforça o papel das Unidades de Conservação da Natureza na proteção da biodiversidade, permitindo conhecer essa diversidade de espécies antes que a mesma desapareça devido a ações antrópicas como o processo de urbanização e desmatamento ilegal. Isso é especialmente verdadeiro com S. caperata, cujo habitat é o folhiço no solo de florestas densas com dominância de castanheiras, cujo extrativismo é uma fonte de renda importante para as populações tracionais locais”, explica o pesquisador.
A descoberta contou com apoio do Fundo Brasileiro para Biodiversidade (FUNBIO), Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA) e do Batalhão Ambiental da Polícia Militar do Estado do Amapá (BA-PM/AP), especialmente do Sargento Breno Duarte e o Soldado Everaldo Neto, destacou Nonato Jr.
PUBLICADO POR: PORTAL ALYNE KAISER
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