Dois anos após a publicação da Exortação apostólica Querida Amazônia, de 2 de fevereiro de 2020, o secretário-geral do Sínodo dos Bispos se detém sobre este documento: “O sopro do Espírito de Deus que brota da presença de Cristo na Igreja Amazônica continua inspirando e desafiando, através do “transbordamento” de muitos frutos e dons.”

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Foi divulgada neste sábado (05/02), a declaração do secretário-geral do Sínodo, cardeal Mario Grech, por ocasião dos dois anos da publicação da Exortação Apostólica Querida Amazônia.

“Dois anos se passaram desde a publicação da Exortação Apostólica do Papa Francisco, Querida Amazônia (QA), em 2 de fevereiro de 2020. Hoje, depois das múltiplas respostas que este documento suscitou tanto na esfera eclesial quanto na civil, pode-se constatar com certeza o seguinte: dois dos elementos mais essenciais dentro desta Exortação são a vida dos povos que nela se plasmam e a promessa feita como Igreja de respeitar e honrar suas vozes na busca de uma autêntica conversão”, sublinha o purpurado.

Querida Amazônia permanece sendo relevante

“Dar passos nessa direção leva tempo. Vimos que as sementes plantadas ao longo deste processo sinodal alcançaram um ponto de inflexão com a apresentação da Querida Amazônia”, ressalta o cardeal Grech. “Algumas sementes ainda estão em processo de germinação, outras ainda não deram frutos, mas muitas cresceram, estão florescendo e seguirão dando vida por gerações futuras”, frisa ele.

“Em tudo isso, Querida Amazônia permanece tão relevante agora quanto foi ao ser publicada. Continua sendo uma carta de amor escrita para e com o Povo de Deus que peregrina neste belo e ameaçado território; continua sendo uma carta que emana da gratidão do Papa Francisco pela força com que o Espírito Santo irrompe deste lugar teológico para iluminar e despertar o coração do mundo e da Igreja.”

“Esta carta”, ressalta o cardeal Grech, “contém os quatro sonhos inadiáveis do Papa Francisco e da Igreja. Estes sonhos (sociais, culturais, ecológicos e eclesiais) encarnam um renascimento dos mais profundos convites do Concílio Vaticano II, fazendo da Querida Amazônia um meio adequado para conduzir a Igreja à conversão sinodal integral para a qual nos convida o Sínodo 2021-2023. Desde sua publicação, Deus continua manifestando-se no meio do mistério sagrado deste território na vida de seu povo e no testemunho de uma Igreja encarnada, santa e pecadora ao mesmo tempo. Deus se manifesta aqui apesar do medo de uns para mudar, ou do desejo de outros de impor uma visão ideológica”.

A periferia é o centro

“Durante a preparação do Sínodo sobre a Amazônia, o Papa Francisco disse: “a periferia é o centro”. Esta afirmação pode ser entendida como um elemento evangélico fundamental que pode lançar luz sobre os dois anos que se passaram desde a apresentação da Querida Amazônia”, sublinha o purpurado.

“O que uma vez era descartado ou secundário neste território converteu-se em pedra angular, curando um mundo quebrado e criando novas possibilidades para a Igreja. Este caminho, onde os marginalizados se convertem em fonte de vida, é próprio do caminho de Jesus. As vozes do território amazônico estão mudando o modelo pastoral da Igreja Amazônica, convertendo-se em fonte de vida renovada para a Igreja e para o mundo.”

Segundo o cardeal Grech, “o exercício de escutar este território e incorporar efetivamente estas vozes na determinação de projetos eclesiais fortalece a Igreja para que os discípulos de Cristo cresçam cada vez mais até se tornarem verdadeiros sujeitos de sua própria história. Hoje não se pode falar de sinodalidade sem a participação efetiva do santo povo fiel de Deus. Esta consciência é fonte de vida e inspiração para o atual Sínodo 2021-2023, Por uma Igreja Sinodal: comunhão, participação e missão”.

Novo caminho para o discipulado peregrino da Igreja amazônica

O purpurado ressalta que “o estabelecimento canônico do Santo Padre (ad experimentum) da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA) é um fruto do Sínodo sobre a Amazônia e Querida Amazônia, que abre um novo caminho para o discipulado peregrino e missionário da Igreja amazônica. A CEAMA articula as estruturas regionais da Igreja, incluindo o Conselho Episcopal Latino-americano e do Caribe (CELAM), a Confederação Latino-Americana e Caribenha de Religiosos e Religiosas (CLAR), a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), e CARITAS da América Latina e do Caribe.

Atualmente, as comissões e grupos de trabalho estão assumindo algumas das tarefas mais urgentes que Querida Amazônia propôs para a missão da Igreja. Estas comissões e grupos de trabalho têm a participação direta de diversas vozes dentro da Igreja. Desta forma, estas comissões são um meio pelo qual as propostas sinodais são guiadas e desenvolvidas de maneira orgânica e sinodal”.

“O sopro do Espírito de Deus que brota da presença de Cristo na Igreja Amazônica continua inspirando e desafiando através do “transbordamento” de muitos frutos e dons. Neste 2º Aniversário da Querida Amazônia, este sopro do Espírito de Deus continua gerando nova vida para o bem da Igreja”, conclui o cardeal Grech.

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