Hoje (21) é celebrado o Dia Internacional da Língua Materna. Proclamada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a data promove a diversidade linguística-cultural e o multilinguismo, visando à preservação das línguas locais como patrimônio imaterial das nações e componentes essenciais para sociedades sustentáveis em todo o mundo.
O tema de 2022 é a “utilização da tecnologia para a aprendizagem multilinguística: desafios e oportunidades”, que destaca o papel da tecnologia para a melhoria e a expansão de uma educação multilinguística e para o apoio do desenvolvimento de um ensino e aprendizagem de qualidade para todos.
Uma das últimas iniciativas do Museu do Índio, unidade vinculada à Fundação Nacional do Índio (Funai), foi a disponibilização, no Google Play, do dicionário de línguas indígenas da plataforma Jaapim, nas línguas Guató, Ye’kwana, Sanöma e Kawahiva. A ferramenta compreende que a tecnologia abre novas portas e possibilidades porque tem a capacidade de garantir oportunidades de aprendizagem equitativas e inclusivas para todos.
Os aplicativos são resultado de pesquisas sobre as populações indígenas no âmbito do projeto “Salvaguarda do Patrimônio Linguístico e Cultural de Povos Indígenas Transfronteiriços e de Recente Contato na Região Amazônica”, uma parceria entre a Funai, a Agência Brasileira de Cooperação, e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Desenvolvidos por esforço conjunto de uma equipe de pesquisadores indígenas, não indígenas e por sábios dos povos, a criação dos dicionários demandaram organização de oficinas voltadas para a documentação das línguas, reunindo conhecimento tradicional e científico, na descrição de cada palavra, da fonética, na contextualização de seus usos e na gravação dos áudios. A iniciativa reforçou o empenho e compromisso do Brasil na preparação para a Década Internacional das Línguas Indígenas (2020-2032).
Projeto Salvaguarda do Patrimônio Linguístico e Cultural de Povos Indígenas Transfronteiriços e de Recente contato na Região Amazônica
Atualmente são faladas no Brasil 274 línguas indígenas, sendo que, segundo o Atlas das Línguas em Perigo da Unesco, 190 delas estão ameaçadas de extinção. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), estima-se que 43% dos cerca de 6 mil idiomas atualmente falados no mundo poderão desaparecer, perdendo-se, assim, um dos maiores pilares da identidade cultural de muitos povos.
Consciente disso, o MI, em cooperação técnica com a Unesco, coordena o projeto Salvaguarda do Patrimônio Lingüístico e Cultural de Povos Indígenas Transfronteiriços e de Recente Contato na Região Amazônica. A iniciativa, com vigência até dezembro de 2023, é voltada, entre outras frentes, ao registro de línguas ameaçadas.
Iniciado em 2015, o projeto tem contado com a participação direta dos indígenas, incentivando os representantes de diferentes etnias a documentar aspectos específicos de suas culturas e línguas, por meio da promoção de oficinas de trabalho e concessão de bolsas de pesquisa para jovens em várias aldeias. As ações são focadas nas Terras Indígenas (TI) situadas em regiões transfronteiriças da região amazônica, atuando nas TIs Alto Rio Negro, Yanomami, Raposa Serra do Sol, Vale do Javari e Parque do Tumucumaque, que juntas abrigam mais de 60 grupos étnicos diferentes.
O projeto se subdivide em três campos: registro de línguas ameaçadas (Prodoclin), documentação de culturas materiais (Prodocult) e preservação de acervos indígenas, com enfoque na documentação e preservação cultural de povos indígenas transfronteiriços da Região Amazônica.
Previsões de contratações para 2022
Para 2022, como forma de dar continuidade aos eixos do projeto de Salvaguarda do Patrimônio Linguístico e Cultural de Povos Indígenas Transfronteiriços e de Recente contato na Região Amazônica, estima-se a contratação de consultores especializados e pesquisadores (indígenas e não-indígenas), com vistas à realização de subprojetos de documentação e de outros trabalhos técnico-científicos voltados à salvaguarda do patrimônio linguístico e cultural indígena.
Dentre as futuras contratações, destacam-se consultorias para os subprojetos de documentação linguística Korubo e Sanöma; documentação linguística; desenvolvimento de materiais pedagógicos sobre línguas indígenas; coordenação de subprojetos voltados ao desenvolvimento de gramáticas pedagógicas de línguas indígenas; documentação cultural Korubo e Zo’é; e de documentação cultural Baniwa e Parakanã.
As contratações também abarcarão atividades como o tratamento e processamento técnico dos acervos museológicos, fotográficos e audiovisuais com foco nas áreas de conservação; documentação fotográfica, documentação audiovisual e divulgação de acervos; dentre outras atividades.
PUBLICADO POR: MUSEU DO ÍNDIO
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