Com o apoio da Fundação Nacional do Índio (Funai), cerca de 200 famílias da etnia Zoró colheram 58 toneladas de castanha-da-Amazônia no período entre os dias 15 e 28 de dezembro na safra de 2021. O trabalho deve envolver 600 indígenas de 32 aldeias até o mês de fevereiro. De acordo com a Cooperativa de Produção do Povo Zoró (Cooperapiz), com sede em Rondolândia (MT), a renda por pessoa chega a R$ 1,9 mil, com média de R$ 4 mil por família indígena durante toda a safra na Terra Indígena Zoró, estado do Mato Grosso.

Foto: Divulgação Funai

A produção recebe o apoio da Coordenação Regional (CR) da fundação com sede em Ji-Paraná (RO), que tem atuado na articulação institucional e fornecido equipamentos para as famílias coletoras. A Funai também atua na logística do transporte das sacas de castanha ao fornecer combustível para escoar a produção e no acompanhamento técnico de sua comercialização, segundo relata o coordenador da CR Ji-Paraná, Claudionor Serafim.

“Nossa Coordenação Regional, junto com a Coordenação Técnica Local (CTL) de Rondolândia, empenha todo o esforço no sentido de apoiar e subsidiar a produção da castanha, o que implica atender uma grande demanda das comunidades indígenas jurisdicionadas à nossa unidade”, comenta. Ao destacar o trabalho das equipes da Funai, Serafim cita também empenho das organizações indígenas envolvidas e a expectativa das famílias beneficiadas, que esperam o ano inteiro pela chegada da safra para suprir suas necessidades, como adquirir gêneros alimentícios, eletrodomésticos e vestuário.

“Essa atividade extrativista nos castanhais nativos representa a plenitude dos indígenas e suas organizações no exercício da cidadania, no engajamento voluntário e participativo das famílias indígenas, bem como seu protagonismo nos momentos das decisões coletivas, gerando maior autonomia e coesão social”, ressalta o coordenador regional. “É uma atividade familiar em que todos vão para os castanhais, somente os mais idosos deixam de ir. Entre as demais comunidades da jurisdição, mais de 2 mil famílias coletam castanha”, observa o chefe da CTL da Funai em Rondolândia, Tennesson de Oliveira.

Organização

O cacique geral das comunidades Zoró, Panderewup Zoró, explica que a coleta ocorre em dois períodos distintos. “A primeira coleta, os Zoró chamam de safra de Natal, quando a castanha é mais procurada pelos atravessadores e compradores. Nesta época é que se regula o preço da castanha. E na região os Zoró tem a tradição em regular o preço no mercado local e regional, devendo iniciar a coleta mais cedo e estar organizados na produção e venda coletiva. O benefício de preço justo se estende aos demais indígenas da região”, afirma.

O presidente da Cooperativa de Produção do Povo Zoró (Cooperapiz), Ademir Ninija Zoró, aponta a que cooperativa exerce papel importante na comercialização do produto. ” A Cooperapiz proporcionou a saída da relação de exploração feita por alguns parceiros com visão apenas no lucro às custas da produção indígena”, pontua. “Essa organização assumiu o protagonismo ao garantir preço justo na venda da castanha, encarando o mercado em pé de igualdade com os atravessadores”, completa o presidente da Associação do Povo Indígena Zoró (Apiz), Alexandre Xiwekalixig Zoró.

Apoio

As ações de auxílio à produção de castanha-da-Amazônia na Terra Indígena Zoró contam ainda com o apoio técnico da Coordenação-Geral de Promoção ao Etnodesenvolvimento (CGETNO), cuja assessoria atua na mobilização e no planejamento da safra. “Por meio da CGETNO, a Funai disponibiliza parte do combustível utilizado no escoamento da produção entre os castanhais na floresta até as aldeias. As famílias indígenas recebem ainda equipamentos como sacaria e ferramentas utilizadas na coleta da castanha”, conclui o chefe do Serviço de Gestão Ambiental e Territorial (Segat/CR Ji-Paraná), Natanael Sobrinho.

Assessoria de Comunicação / FUNAI