ALTAMIRA (PA) — Um incêndio atingiu uma área de vegetação chamada Capadócia, no distrito de Alter do Chão, recanto turístico localizado a 37 quilômetros da sede urbana de Santarém, município do qual faz parte, no oeste paraense. O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 19h dessa quinta-feira, 30, quando os primeiros relatos chegaram.

Foto: postada em Agência Cenarium

Quinze bombeiros atuaram por mais de cinco horas, até que as chamas fossem controladas. Mesmo não sendo recomendado, por motivos de segurança, foi necessário, explica o capitão Jerônimo Monteiro da Silva, que atua no comando interino do 4º Grupamento de Bombeiros Militar.

“Visibilidade reduzida, perigo de ataque de animais peçonhentos, porém, devido ser uma área de proteção ambiental e para evitar que uma grande área, além de perdida, fosse atingida pelas chamas, deslocamos as nossas guarnições”, relatou o capitão.

Ainda não há informações sobre o tamanho do terreno destruído pelo fogo. Uma perícia será realizada no local para levantar esse e outros detalhes.

Incêndio criminoso? 

De acordo com o capitão Da Silva, há indícios de que o incêndio tenha sido causado por ação humana, provavelmente depois de alguém ter colocado fogo em um loteamento para limpeza. Mas o bombeiro explica que ainda não se pode falar em crime, o que só poderá ser confirmado com trabalho pericial. “É ação humana, porém, não intencional […] quando foge do controle de quem está efetuando essa queima”, afirma o militar.

O bombeiro alerta que, de forma geral, atear fogo em Área de Proteção Ambiental, como foi o caso em Alter do Chão, pode configurar crime caso haja comprovação com critérios estipulados por leis ambientais.

Investigação 

O delegado da Especializada em Conflitos Agrários de Santarém, Jardel Guimarães, disse que, desde que tomou conhecimento do caso, solicitou perícia técnica para avaliar o que pode ter causado o incêndio. “Caso seja de ação humana, haverá abertura de inquérito para apurar quem foi a pessoa responsável”.

Ainda segundo o delegado, a polícia tem prazo de 30 dias para finalizar essa etapa das investigações.

Não foi a primeira vez

Alter do Chão sempre foi considerado um pedaço do paraíso turístico, mas, desde que o jornal britânico The Guardian classificou a praia como o Caribe brasileiro, em 2009, o arquipélago paraense passou a atrair olhares de mais visitantes do mundo todo.

A praia de água doce mais bonita do mundo não vive apenas de fama, mas carrega mazelas de crimes que também cresceram nas últimas décadas. Pesca ilegal, caça predatória e incêndios, em alguns casos, segundo a polícia, resultado de invasão de áreas protegidas por lei para apropriação indevida de terra.

Em setembro de 2019, em Capadócia, mesma área incendiada nessa quinta-feira, 30, chamas destruíram mais de 6 quilômetros de vegetação. À época, o fogo também foi ocasionado por ação humana, apontaram investigações da Polícia Agrária de Santarém, mas também não foram encontrados indícios de ‘dolo’ (quando há intenção de causar um dano).

O caso de 2019 teve desdobramento com a prisão de cinco brigadistas suspeitos de participação no incêndio. A prisão durou apenas dois meses, quando a Justiça determinou que os suspeitos fossem colocados em liberdade acatando, entre outros argumentos, a alegação da defesa de que a investigação teria sido tendenciosa. Em 2021, o caso foi arquivado pela Justiça Federal.

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