Estudo inédito apresenta o balanço de metano da Amazônia com base em dados únicos de observações aéreas com perfis de avião ao longo de nove anos, destacando ainda variações regionais nas emissões.
O metano (CH4) teve papel destacado no último relatório do IPCC sobre as mudanças climáticas, sendo essencial a redução de suas emissões para mitigar o aumento da temperatura global. Apesar de sua concentração na atmosfera ser menor do que as de dióxido de carbono (CO2), cada molécula de metano é 28 vezes mais nociva que a de CO2 como gás de efeito estufa. Porém, nos últimos anos houve um rápido aumento da sua concentração na atmosfera, e apesar de todos os esforços da comunidade científica as razões para este novo aumento permanecem incertas. Neste contexto, para que a meta de reduzir em até 30% as emissões globais de metano até 2030 e assinada pelo Brasil durante a COP26 seja alcançada é imprescindível compreender as causas e as fontes das emissões, principalmente as emissões naturais nas regiões tropicais.
As regiões tropicais como a Amazônia ainda possuem poucas observações in-situ com escalas de representatividade regionais, mas um novo estudo publicado na revista Communications Earth & Environment ajuda a preencher essa lacuna.
O estudo liderado pela Dra. Luana S. Basso, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e diversos colaboradores, apresenta as emissões de CH4 usando uma base de dados única de medidas das concentrações de CH4 de aproximadamente 600 perfis verticais de avião em quatro regiões da Amazônia (o noroeste, nordeste, sudoeste e sudeste) realizados entre 2010 e 2018. A Amazônia apresentou uma emissão total de 46 ± 10 milhões de toneladas de CH4 por ano (equivalente a 8% das emissões globais). Destas, 73% são emissões de áreas inundáveis (principal fonte natural de metano), seguidas pelas emissões por queimadas (17% do total) e emissões por fermentação entérica de ruminantes (11% da emissão total).
Embora as estimativas reportadas neste novo estudo mostrem a Amazônia como uma importante fonte global de CH4, não foi observada mudança significativa nas emissões durante o período estudado. O que indica que a Amazônia não está contribuindo significativamente para o aumento global de CH4 observado durante este período.
O estudo destaca ainda que as emissões de metano variam nas diferentes regiões do bioma, com maiores emissões de queimadas na região leste e sul da Amazônia. A região sul da Amazônia também foi mais impactada por emissões de fermentação entérica de rebanhos (18% a 35% das emissões não provenientes do fogo nestas áreas). Já as emissões naturais de áreas inundáveis foram até três vezes maiores na região nordeste da Amazônia, porém as causas ainda não são completamente compreendidas.
Maiores informações: Luana S. Basso (autora líder do artigo) [email protected]
Artigo científico: BASSO et al., Amazon methane budget derived from multi-year airborne observations highlights regional variations in emissions, Communications Earth & Environment, 2021
Amazon methane budget derived from multi-year airborne observations highlights regional variations in emissions | Communications Earth & Environment (nature.com) – https://www.nature.com/articles/s43247-021-00314-4
Por CCST – PUBLICADO POR: INPE
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