MANAUS – O município de São Gabriel da Cachoeira (a 852 quilômetros de Manaus) se tornou a Capital Estadual dos Povos Indígenas. A Lei n.º 5.796 foi sancionada pelo governador do Amazonas, Wilson Lima, em 12 de janeiro de 2022, e publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) do Amazonas. A cidade destaca-se por abrigar 23 etnias indígenas e ter 90% da população composta por indígenas e descendentes.

São Gabriel da Cachoeira é o maior reduto de indígenas do Brasil. (Divulgação/ Prefeitura de São Gabriel da Cachoeira)
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O Projeto de Lei n. 423/2021 é de autoria do deputado estadual Tony Medeiros (PSD). “São Gabriel da Cachoeira é a cidade dos brasileiros originais. A cidade de quase 50 mil habitantes, banhada por rios e cercada por densa floresta que tem o índio – o primeiro brasileiro – como seu principal morador. Nove entre dez pessoas de São Gabriel da Cachoeira pertencem a esse grupo étnico”, diz a íntegra do documento.

O líder indígena em São Gabriel da Cachoeira André Baniwa, de 50 anos, destacou à CENARIUM que o reconhecimento da cidade como Capital Estadual dos Povos Indígenas é importante, porque vai valorizar a região, considerando a população, as culturas, as potencialidades de riqueza cultural, educação e turismo.

“Eu acho que os povos indígenas devem discutir, entender isso e aproveitar. Isso fortalece, na verdade, para levar adiante o princípio do desenvolvimento local sustentável, a partir dos conhecimentos culturais locais. Que seja sustentável, preservando, mas buscando sempre qualidade e o bem viver dos povos indígenas daquela região”, destacou.

A cidade

Acessível somente de barco ou de avião, São Gabriel da Cachoeira faz fronteira com a Colômbia e a Venezuela. O município, com população estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2021 de 47 mil habitantes, também é o principal acesso para o Pico da Neblina, o ponto mais alto do Brasil, a 3.014 metros de altitude, e via de acesso para a Terra Indígena Yanomami, que engloba o Amazonas e Roraima.

O município foi o primeiro, no Brasil, a cooficializar as línguas indígenas Nheengatu, Tukano e Baniwa. Cerca de 25 mil indígenas vivem em 750 comunidades na região do Alto Rio Negro, com 11 terras indígenas que abrangem os municípios de São Gabriel da Cachoeira, Santa Izabel do Rio Negro e Barcelos.

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