O Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM) vai lançar um novo mapa de favorabilidade para depósitos minerais. Dessa vez, vai evidenciar as áreas com maior potencial para exploração de cobre e ouro em uma região que abrange desde o oeste da Província Mineral de Carajás até as províncias minerais de Tapajós e Alta Floresta, nos estados do PA e MT.
A apresentação do mapa de favorabilidade para sistemas tipo epitermal-pórfiro do sul do Cráton Amazônico, executado na escala de 1:1.000.000, será na próxima quinta-feira, 15h, em transmissão ao vivo no Canal da TV CPRM no Youtube, durante o evento Desenvolvendo a Indústria Mineral Brasileira, promovido pelo SGB-CPRM e Mineronegócio.
Descoberta de depósitos de cobre-pórfiro em ambientes geológicos do Proterozóico é pouco comum em nível global. Ocorrências desses sistemas são usuais em ambientes geológicos mais recentes como na Cordilheira dos Andes. Em lugares mais antigos, formações como essas, que ocorrem próximas à superfície, já passaram por processo de erosão. No sul do Cráton Amazônico, encontram-se preservados. Depósitos tipo epitermal-pórfiro têm sua gênese relacionada à erupção vulcânica (são rochas magmáticas) e com a circulação de água próxima à zona de vulcanismo (epitermal), formados há mais de 500 milhões de anos. São depósitos polimetálicos, podendo ser dominantemente de cobre, cobre-ouro ou ouro-molibdênio.
Um mapa de favorabilidade mineral é o resultado da avaliação de potencial mineral de uma determinada região para uma determinada substância. O mapa aponta áreas mais favoráveis para a exploração mineral, a partir do processamento de dados geológicos, geoquímicos e geofísicos, ranqueando-as em termos da sua prospectividade.
O cobre representa 7,9% da produção mineral comercializada no Brasil, de acordo com a Agência Nacional de Mineração (ANM). O país detém apenas 1,8% dos recursos conhecidos globalmente. O modelamento de potencial mineral para o sul do cráton amazônico executado pelo SGB-CPRM mostrou que, além das áreas conhecidas no Tapajós e Alta Floresta, ainda há grande potencial para novas descobertas de cobre e ouro em outras regiões.
O metal é amplamente utilizado na indústria de base em aplicações industriais que variam de cabos de energia e telecomunicações, ferrovias até programa espacial, e pode ser considerado onipresente no ambiente tecnológico. A eletricidade representa 75% do seu uso. Os carros elétricos, por exemplo, que são dispositivos fundamentais para mitigar a crise climática, consomem cerca de 80 kg de cobre para a produção de cada unidade. Essa necessidade somada ao uso cada vez maior de aparelhos eletrônicos, aumento da população e urbanização, chega-se à estimativa de uma demanda em dobro nos próximos 20 anos.
Conforme ressalta o pesquisador do SGB-CPRM, Divisão de Geologia Econômica, Felipe Tavares, embora os recursos de cobre em depósitos já conhecidos sejam significativos, as reservas vêm diminuindo em termos globais. “Os produtos do programa Cobre Brasil podem contribuir para a descoberta de novos depósitos. O mapa aborda tanto áreas conhecidas pelo seu potencial exploratório, como regiões pouco exploradas, mas com alto potencial para os mesmos sistemas mineralizantes. O produto permite a delimitação de alvos para estudos de maior detalhe, que eventualmente podem levar à descoberta de novos depósitos minerais na região no médio-longo prazo”, explicou.
A delimitação de novas áreas potenciais com as mesmas características geológicas-geoquímicas-geofísicas das áreas conhecidas foi executada pelos pesquisadores Rafael Bittencourt Lima, Raul Eigenheer Meloni, Isabelle Serafim, Wilson Lopes e Anderson Dourado Rodrigues da Silva.
A abordagem de mapeamento de potencial mineral foi executada a partir de modelamento espacial de dados, sob a ótica dos sistemas mineralizantes, no qual a distribuição dos depósitos em nível regional é controlada por critérios geológicos mapeáveis, conforme explica Rafael Bittencourt Lima, chefe do projeto. O conjunto de mapas evidenciais é transformado por operações de álgebra de mapas, utilizando-se metodologias como multiclass overlay e lógica fuzzy.
“As metodologias de modelamento de potencial mineral e de processamento de dados aplicadas possuem diversas inovações desenvolvidas pelo time de pesquisadores e pesquisadoras da SGB. O desenvolvimento de novas metodologias de processamento de dados aerogeofísicos usando algoritmos de aprendizado por máquinas e inteligência artificial são um exemplo”, avaliou Rafael.
O diretor-presidente do SGB-CPRM, Esteves Colnago, destacou a importância do mapeamento para o desenvolvimento regional. “O incremento na atividade de exploração mineral gera, no curto e médio prazos, empregos diretos e indiretos em áreas distantes de grandes centros urbanos, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social do interior do país. Também há o incremento na arrecadação de impostos federais, estaduais e municipais, contribuindo para a arrecadação fiscal nacional. Caso parte dos projetos de exploração se viabilize como mina, os ganhos em termos de desenvolvimento serão imensos em longo prazo”, ressaltou.
A crescente demanda por cobre em escala global foi salientada pelo diretor de Geologia e Recursos Minerais, Marcio Remédio. O cobre é um elemento crítico para a transição para uma economia de baixo carbono e com footprints sócio-ambientais menores. “A maior disponibilidade de cobre no mercado nacional reduz a necessidade de importação do insumo, impactando positivamente na balança comercial e na arrecadação fiscal, e garante maior segurança de disponibilidade para a indústria nacional. Também contribui para a redução de prazos e custos com frete. Dessa forma, espera-se que as pessoas se beneficiem com redução de preços, estabilidade de disponibilidade e maior arrecadação fiscal”, resumindo os benefícios do projeto.
O lançamento representa o primeiro produto do Programa Cobre Brasil, desenvolvido pelo SGB-CPRM para contribuir com a expansão das fronteiras exploratórias para cobre e metais associados. Envolve um conjunto de projetos de modelamento de potencial mineral com o objetivo de desenvolver mapas de favorabilidade para cobre e metais associados em escalas regionais. Outros produtos do Programa Cobre Brasil possuem entregas escalonadas para os próximos 5 anos.
O estudo atende ainda ao desafio do modelamento de potencial mineral de sistemas minerais pré-cambrianos em áreas com baixa disponibilidade de dados. É o caso do Cráton Amazônico. “Diversas estratégias de mapeamento de recursos minerais foram aplicadas de forma a chegar ao produto final. Os resultados também serão apresentados na forma de um artigo científico, que irá contribuir para o avanço da metodologia de modelamento de potencial mineral de sistemas minerais pré-cambrianos”, finalizou Felipe Tavares.
Janis Morais
Assessoria de Comunicação
Serviço Geológico do Brasil – SGB CPRM
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