VILHENA (RO) – Insatisfeitos com a entrega de cestas básicas como forma de compensação ambiental pelos impactos gerados por linhas de transmissão de energia elétrica da estatal Eletronorte, indígenas de quatro territórios da reserva Cana Brava estão ameaçando demolir mais torres de eletricidade como forma de protesto, no estado do Maranhão. Eles já haviam destruído duas torres de energia da empresa. A primeira, no último domingo, 12 de dezembro.
Cerca de 60 líderes indígenas do Conselho Supremo dos Gujajaras se mobilizam para realizar as cobranças. Além de reclamar a distribuição de cestas básicas, eles cobram o direito de optar pelos alimentos que vão consumir, exigindo a substituição do benefício por vale-alimentação, bem como o repasse de R$ 2,8 milhões devidos pela Eletronorte.
Exigências
As manifestações não se limitam à insatisfação da lista de alimentos das cestas básicas recebidas, mas é um tipo de resposta ao silenciamento sofrido pelas comunidades desde, pelo menos, 2013. Por isso, os indígenas cobram a presença de servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Eletronorte. O objetivo é negociar por meio de uma pauta de reivindicações cobradas nos últimos oito anos.
Segundo o Conselho dos Guajajaras, este é um protesto pacífico. No entanto, alertou que os caciques “já perderam a paciência”, além de que só devem retornar para as comunidades onde vivem após serem ouvidos. A principal preocupação é com a segurança alimentar dos habitantes dos territórios: são 4.260 famílias dependentes dos alimentos repassados pela estatal.
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), o conflito vem sendo mediado pelo órgão, desde janeiro deste ano. O MPF diz que a Justiça decidiu de forma favorável às comunidades tradicionais, mas que, por outro lado, tanto a Funai, quanto a Eletronorte têm contestado e, por isso, atrasado o cumprimento da decisão.
Reparos
Sob o risco de apagão em 70 cidades maranhenses, a estatal utiliza um sistema alternativo desde a última terça-feira, 14. Além disso, funcionários ainda realizam reparos na primeira torre derrubada pelos indígenas. Todos foram escoltados pela Polícia Federal (PF), que utiliza um helicóptero para monitorar o trabalho.
Iury Lima – Da Revista Cenarium
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