Manaus (AM) – A juíza Sissi Marlene Dietrich Schwantes, da Vara Cível Única de Alto Alegre, município de Roraima, autorizou a reintegração de posse da Comunidade Pium, que fica na Terra Indígena Pium, região Tabaio, que é homologada há 30 anos pela Fundação Nacional do Índio (Funai).
A decisão da juíza foi a favor de ruralistas e produtores de soja, que alegam serem donos das terras. A área reivindicada é de ocupação tradicional dos povos Macuxi, Wapichana e Sapará.
A reintegração de posse integral determinada pela juíza foi cumprida nesta quarta-feira (01) por homens fortemente armas e com escudos do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da Polícia Militar. Durante a ação, 15 casas dos indígenas foram destruídas e queimadas na Comunidade Pium. Indígenas, que filmaram as cenas de violência e postaram nas redes sociais, afirmam que houve disparos de balas de borracha e apreensão de três motocicletas. Alguns deles foram feridos por balas de borracha disparadas por policiais. Outros ficaram com os olhos irritados pelo gás lacrimogêneo disparado pelos PMs.
Esta é a segunda ação violenta da Polícia Militar de Roraima contra indígenas em menos de um mês. Em 16 de novembro, dez pessoas da Terra Indígena Raposa Serra do Sol ficaram feridas após policiais do Bope desbloquearem um posto de monitoramento contra garimpos ilegais na comunidade Tabatinga, localizada na região de Serras.
A demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol foi a questão mais emblemática da história dos povos tradicionais do estado devido aos conflitos, invasões dos territórios, racismo e preconceitos provocados pelos não indígenas que não aceitaram a homologação das terras. Foi o Supremo Tribunal Federal (SFT) que decidiu pela demarcação contínua do território, mas, na ocasião, criou a tese do marco temporal. Essa tese é defendida por ruralistas e apoiada pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, para ampliar o agronegócio em terras indígenas.
Por Jullie Pereira – Publicado em: 02/12/2021 às 15:10
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