O Distrito Sanitário Especial Indígena – DSEI Xavante, promoveu no período de 06 a 10 de dezembro a III Oficina de Troca de Saberes com Parteiras Indígenas Xavante. A iniciativa teve como objetivo a troca de saberes entre as parteiras indígenas, a valorização e o resgate das práticas tradicionais do manejo ao parto normal, como uma forma de assegurar melhorias na assistência à saúde da mulher e da criança, contribuindo para a redução da mortalidade materna e infantil.
O evento contou com a participação de 53 parteiras que atuam nas microáreas de Areões, Pimentel Barbosa e Marãiwatsédé, além da equipe da organização, composta por Enfermeiras, Técnicas de enfermagem, Analista Técnica de Políticas Sociais, Nutricionista, Farmacêutica, Psicólogo e Cirurgiã dentista. A abertura da Oficina contou com a presença do Coordenador do DSEI Xavante, Romildo Ribeiro Parreira, da liderança indígena Cacique Damião e do represente do Conselho Distrital de Saúde Indígena, Pascoal Moradzaré´ Wé. Os palestrantes do evento foram os profissionais da Divisão de Atenção à Saúde Indígena – DIASI do DSEI, das Secretarias Municipais de Saúde, da Universidade Federal do Mato Grosso e da Coordenadoria Regional Xavante.
A Oficina abordou os seguintes temas: Perfil das parteiras do Brasil; Roda de conversa para conhecer a trajetória de cada parteira; Mapeamento das áreas de atuação das parteiras e apresentação do território por parte das parteiras; Direitos sociais de mulheres e gestantes; Abordagem do pré-natal, exames que as parteiras podem realizar, problemas na gravidez, parto e pós-parto; Principais infecções sexualmente transmissíveis e os tratamentos; Urgências e Emergências Obstétricas; Assistência ao parto normal; Cuidados no puerpério; Uso de plantas medicinais no processo gravídico puerperal; Lavagem das mãos e higiene pessoal; Aula prática de primeiros socorros gerais; Cuidado com o recém-nascido; Amamentação e alimentação complementar; Aula prática de preparo de alimentos; Saúde Bucal na gestação; Saúde mental na gestação; Importância do Equipamento de Proteção Individual – EPI e Bem-estar e higiene pessoal das mulheres indígenas da etnia Xavante.
A maioria dos temas abordados na oficina foram demandas das próprias parteiras. A metodologia adotada baseou-se em dramatizações, atividades lúdicas para inserção e integração das participantes, dinâmicas educativas, apresentação das parteiras acerca do tema bem-estar e higiene pessoal, elaboração de receitas tradicionais, desenho das plantas medicinais utilizadas no parto e puerpério, cinema na oca e apresentação de vídeos e fotos tiradas durante a oficina.
Segundo Arielle Costa, enfermeira responsável pelo Programa de Saúde da Mulher e uma das coordenadoras do Encontro, “a região foi contemplada devido ao grande número de parteiras na região e maior prevalência de partos realizados dentro do território indígena. Em 2020, as referidas áreas contabilizaram cerca de 246 partos, sendo 170 naturais tradicional, 37 naturais ocidental e 39 cesáreas. Dessa forma, a iniciativa visou resgatar e fomentar a cultura dessa prática na comunidade e promover um espaço étnico-cultural para discutir a saúde materno-infantil com as parteiras indígenas, o que está inserido nos objetivos propostos pelo Plano Distrital de Saúde Indígena.
Para o chefe da Divisão de Atenção à Saúde Indígena – DIASI, Adélio da Silva Júnior, a Oficina demonstrou como a medicina tradicional e medicina ocidental podem trabalhar juntas para contribuir com o aprimoramento do atendimento às gestantes indígenas.
A experiência visa, ainda, qualificar a atenção ao parto, nascimento, crescimento e desenvolvimento infantil. É uma forma de ampliar a rede de atendimento de saúde da mulher, com a participação efetiva da comunidade na valorização de seus costumes e no fortalecimento do protagonismo feminino. Para a parteira indígena Bernardina Renhere, “essa oficina foi importante para fortalecer nosso trabalho na comunidade e com as equipes de saúde; e gostaríamos que a iniciativa chegasse às demais terras indígenas’’.
Cabe destacar que a Oficina atendeu aos Protocolos de Prevenção e Monitoramento de risco para a Covid-19, no qual foram disponibilizadas máscaras, álcool em gel e orientações acerca da importância da higienização das mãos.
A IV Oficina de Troca de Saberes com Parteiras Indígenas está programada para novembro de 2022, com as parteiras da Terra Indígena de Sangradouro e Paranatinga.
PUBLICADO POR: SESAI/MS