O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) divulgou com grande publicidade um estudo segundo o qual os municípios amazônicos com maiores taxas de desmatamento são também os que registram as piores condições de vida da população.
O estudo se baseou na avaliação do Índice de Progresso Social (IPS) dos 772 municípios da Amazônia Legal, cuja média (54,59) ficou 16% abaixo da média nacional (63,29). Segundo o Imazon: “O IPS Amazônia 2021 revelou que o desmatamento é nocivo para o progresso social. Conforme o estudo, os 20 municípios com as maiores áreas de floresta destruídas nos últimos três anos tiveram IPS médio de 52,38, valor 21% menor que o índice do Brasil, de 63,29, e mais baixo que o da Amazônia, de 54,59 (Imazon, 06/12/2021).”
“O IPS atesta mais uma vez que o desmatamento só tem gerado pobreza, conflitos sociais e inibido o desenvolvimento econômico da Amazônia”, disse o agrônomo Beto Veríssimo, cofundador do Imazon e um dos líderes do estudo.
O IPS é um indicador criado por pesquisadores da Universidade de Harvard e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), para analisar as condições sociais e ambientais dos países e suas diversas unidades administrativas subnacionais, com base em 45 indicadores socioambientais, como saúde, saneamento, habitação, segurança, educação, comunicação, equidade de gênero, qualidade ambiental e outros. O resultado é um índice que varia de zero a 100, de pior para melhor. No Brasil, o Imazon está encarregado da publicação do índice para a Amazônia, o que foi feito em 2014 e 2018.
Desde a edição de 2018, o IPS da Amazônia Legal registrou uma pequena redução, passando de 54,64 para 54,59. Entre os 772 municípios, 49% registraram redução no índice e 21% se mantiveram estáveis, mas apenas 2% deles obtiveram índices pouco superiores à média nacional.
Outra constatação do estudo foi a de que entre os 15 municípios com os piores índices encontram-se alguns “fortemente associados com a destruição da floresta, o garimpo ilegal, a extração ilegal de madeira e conflitos sociais, como Jacareacanga, Nova Ipixuna, Nova Conceição do Piriá e Pau D’Arco, todos no Pará”.
“A Amazônia enfrenta a tempestade perfeita de problemas: destruição do seu patrimônio natural pelo desmatamento, baixo progresso social e subdesenvolvimento econômico”, enfatiza Veríssimo.
Pela sua abrangência, o IPS é um indicador interessante, que pode proporcionar importantes subsídios para políticas públicas voltadas para o desenvolvimento socioeconômico efetivo da região. O problema é que o Imazon o utiliza para reforçar a ideia, difundida pelos por ele e seus pares do aparato ambientalista-indigenista, de que o desmatamento, o garimpo e atividades afins, seriam fatores geradores de pobreza. A realidade é bem mais complexa e aponta na direção oposta, ou seja, a falta de oportunidades econômicas reais favorece a proliferação de atividades ilegais geradoras de grandes impactos ambientais. E tais oportunidades não poderão concretizar-se com o elenco de propostas acenado pelo aparato ambientalista-indigenista ao qual pertence o Imazon, que, na essência, converte a Amazônia em pouco mais que uma “prestadora de serviços ambientais”, sem acesso a infraestrutura moderna e outros fatores catalisadores de atividades econômicas multiplicadoras de valores e capazes de proporcionar dignidade e propósito às populações da região.
Como afirma com propriedade o ex-deputado federal e ex-ministro Aldo Rebelo, quanto maiores os níveis de desenvolvimento, maiores são os cuidados com o meio ambiente. Todavia, a recíproca nem sempre é verdadeira, principalmente, tratando-se de uma “proteção” ilusória motivada por pautas alheias aos interesses maiores da sociedade brasileira em conjunto.
PUBLICADO POR: MSIA INFORMA
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