Grupo de Pesquisa em Arqueologia participou de capítulo do Relatório que trata sobre a ocupação pré-colonial da Amazônia, sua contribuição para a biodiversidade e perspectivas para conservação do bioma amazônico

Foto postada em: Instituto Mamirauá – © Drone da Amazônia

Amanhã, dia 12 de novembro (sexta-feira), no último dia da Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (COP26), o Painel da Ciência para a Amazônia ou, em inglês, Science Painel for the Amazon (SPA), irá lançar seu primeiro Relatório de Avaliação da Amazônia. O lançamento acontece presencialmente na COP26 em Glasgow, Reino Unido, mas também é possível a participação remota através do aplicativo Zoom.

O relatório alerta para os riscos do desmatamento e degradação da floresta para a biodiversidade, saúde e bem-estar de suas populações, e propõe novas rotas sustentáveis para a Amazônia, que inclui a implementação de uma bioeconomia da floresta em pé e rios fluindo. O SPA anuncia um código vermelho para a Amazônia, e recomenda uma moratória imediata de desmatamento em áreas que se aproximam de um ponto de inflexão, e desmatamento e degradação florestal zero para toda região Amazônica até 2030.

Líder do Grupo de Pesquisa (GP) em Arqueologia e Gestão do Patrimônio Cultural da Amazônia do Instituto Mamirauá, o arqueólogo Dr. Eduardo Kazuo Tamanaha é um dos cientistas que colaborou na elaboração do relatório do SPA. O pesquisador participa de um dos 34 capítulos do relatório, o capítulo 8 “Povos da Amazônia antes da colonização europeia”, em conjunto com parceiros do Instituto – que desenvolvem pesquisas juntamente com o Instituto Mamirauá – e membros do GP em Arqueologia. O capítulo, trata sobre a ocupação pré-colonial da Amazônia, sua contribuição para a biodiversidade e perspectivas para conservação do bioma Amazônico. “Não podemos pensar na preservação do bioma amazônico sem considerar a sua própria história. A arqueologia demonstra que ele é ocupado há milhares de anos pelos povos originários, e essa relação continua de longa duração entre eles (povos e floresta), e resultou em uma grande biodiversidade. Com a colonização europeia perdemos muitas informações e tecnologias ambientais, resultando na degradação ambiental que vemos hoje. Respeitar os povos tradicionais, seus modos de vida e territórios garantirá que a Amazônia sobreviva para as próximas gerações”, pontua o Dr. Tamanaha.

Na prévia do capítulo, os povos e comunidades tradicionais são descritos como guardiões do patrimônio natural, por saberem gerenciar esses territórios. Entre soluções apresentadas para a conservação da Amazônia, estão a garantia de direitos coletivos de terra para os povos indígenas e comunidades locais, somada a contribuição do conhecimento científico.

No dia 14 de julho deste ano, ocorreu um evento com uma breve apresentação aberta sobre o relatório e seus resultados preliminares. A apresentação aconteceu em um evento paralelo no Fórum Político de Alto Nível sobre Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Já no mês de setembro, em função da 76ª Assembleia Geral da ONU, o SPA lançou o Sumário Executivo do Relatório.

Sobre o SPA 

Em resposta às ameaças urgentes enfrentadas pela Amazônia, e inspirado pelo Pacto de Letícia pela Amazônia, que destaca a importância da pesquisa, da tecnologia e da gestão do conhecimento para orientar a tomada de decisões, um grupo de conceituados cientistas estabeleceu o Painel Científico para a Amazônia em 23 de setembro de 2019, na Organização das Nações Unidas em Nova York, na véspera da Cúpula do Clima do Secretário-Geral da ONU.

O Painel Científico para a Amazônia foi lançado oficialmente em 23 de julho de 2020, e tem o objetivo de ser uma autoridade científica em diversos temas relacionados à Amazônia. Sendo assim, o Painel e seus mais de 200 cientistas, incluindo lideranças Indígenas, tem trabalhado para lançar essa avaliação científica robusta, a primeira deste tipo, sobre o estado da Amazônia, tendências atuais e recomendações para o bem-estar em longo prazo de seus ecossistemas e populações.

O Painel está organizado sob os auspícios da Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (Sustainable Development Solutions Network, ou SDSN). Dr. Jeffrey Sachs, Diretor da SDSN, é o Fundador do SPA, e Dra. Andrea Encalada (Universidad San Francisco de Quito) e Dr. Carlos Nobre (Instituto de Estudos Avançados – USP) são os dois Co-Presidentes.

Sobre o Instituto Mamirauá 

O Instituto Mamirauá é uma Organização Social fomentada e supervisionada pelo MCTI. Desde o início, o Instituto Mamirauá desenvolve suas atividades por meio de programas de pesquisa, manejo de recursos naturais e desenvolvimento social, principalmente na região do Médio Solimões, estado do Amazonas.

Os objetivos do Instituto Mamirauá incluem a aplicação da ação de ciência, tecnologia e inovação na adoção de estratégias e polí­ticas públicas de conservação e uso sustentável da biodiversidade da Amazônia. Também abrangem a construção e a consolidação de modelos para o desenvolvimento econômico e social de pequenas comunidades ribeirinhas por meio do desenvolvimento de tecnologias socialmente e ambientalmente adequadas.

Lançamento 

Para participar do evento de lançamento do Relatório na COP26, basta clicar aqui e, para acesso direto ao aplicativo Zoom, clique no link a seguir https://bit.ly/2YCTfwp

Após o lançamento, o relatório completo estará disponível no link a seguir: https://www.theamazonwewant.org/spa-reports/  

O evento também será transmitido ao vivo no YouTube Clima e Energia do WWF: https://www.youtube.com/WWFClimate 

Com informações do SPA – Publicado em: 11 de novembro de 2021 – POR: INSTITUTO MAMIRAUÁ