“Tanta tormenta, tanto dano (…) Tanta guerra, tanto engano”
Luís de Camões, em Os Lusíadas, 1572
O grande escritor português já alertava o mundo sobre os danos e os enganos das guerras. Não é tão simples promover uma mudança de postura apenas ao olharmos para fortes ou fortalezas, mesmo que sobreviventes do período colonial, pois a primeira imagem será sempre a de “repelir” piratas, corsários e aventureiros. Para enxergar uma antiga “praça de guerra” como local histórico hoje voltado para o “receber” amigos/amigas é preciso dissociá-la da palavra “guerra” e provar que esta visão é enganosa, pois as fortificações de defesa em pontos fixos se mostraram obsoletas na 2ª Guerra Mundial e, assim, a arquitetura militar edificada chegou ao seu final. A defesa passou a ocupar posições fugazes: uma “chuva de pequenos drones balísticos”, por exemplo, prenuncia as guerras do futuro.
Hoje, poucas fortificações coloniais hospedam unidades modernas, comandos de artilharia e museus do Exército Brasileiro. A maioria está distribuída ao poder público regional ou local, mas, infelizmente, continuam, no imaginário popular, a representar tormentas e enganos das guerras. A visão guerreira das fortificações coloniais de defesa do Porto de Santos, por exemplo, está sendo levada muito a sério e ofusca, de certa forma, a singular possibilidade do Estado de São Paulo, enfim, ganhar o primeiro bem cultural a ser elevado de Patrimônio Histórico Nacional para Patrimônio Mundial pela UNESCO (Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Talvez duas ao mesmo tempo: Forte de São João (1551), Bertioga, e Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande (1584), Guarujá. Ambos, museus históricos municipais.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), com apoio de voluntários nos dez estados federados do Brasil, por meio de suas superintendências regionais trabalha arduamente para que um conjunto de 19 fortificações coloniais que permeiam o vasto perímetro do Brasil seja reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Mundial, na categoria de bens seriados de valor universal.
Pois bem! No dia 23 deste mês (outubro), próximo sábado, 18h00, faremos realizar a 26ª Tertúlia Portugal Brasil, na qual a arquiteta Candice Ballester, Chefe da Divisão de Reconhecimento Internacional de Bens Patrimoniais da Coordenação-Geral de Cooperação Internacional do Departamento de Cooperação e Fomento do IPHAN, nos brindará com uma apresentação sobre o tema “O processo de candidatura ao Patrimônio Mundial do Conjunto de Fortificações do Brasil: O estado da arte e os próximos passos”.
O Projeto Tertúlias Portugal-Brasil faz parte de um esforço educacional transnacional em que os organizadores, identificados abaixo, convidam palestrantes das diversas searas de investigação científica para proferir comunicações em torno da riquíssima história que une esses países irmãos. Os bens culturais de origem militar colonial, frequentemente abordados nesses eventos, representam para os habitantes locais, visitantes regionais, nacionais e internacionais, um elo retórico que em sua narrativa endossa um dos pilares da valorização patrimonial, o “pertencimento”. Tal valor é fundamental para que o Estado de São Paulo, consiga, pela primeira vez “emplacar” um conjunto arquitetônico de origem militar como Patrimonial Cultural da Humanidade pela UNESCO.
Venha participar conosco!
Acesse gratuitamente a 26ª Tertúlia Portugal – Brasil, sábado, dia 23 Out, 18h00, horário de Brasília e 22h00, horário de Lisboa. Plataforma Zoom: https://us02web.zoom.us/j/6164543465
Para saber mais sobre a 26 ª Tertúlia, consulte: https://www.ecoamazonia.org.br/2021/10/26a-tertulia-portugal-brasil/
Rui Moura, Major-General do Exército de Portugal
Cesar Bargo Perez, Arquiteto, Prof. Dr.
Elcio R Secomandi, Coronel do Exército Brasileiro (Veterano)
PARA SABER MAIS SOBRE AS FORTTIFICAÇÕES INDICADAS PARA PATRIMÔNIO MUNDIAL: TURISMO VIRTUAL V5 PORTAL DE ACESSO