No Dia Nacional da Pecuária, 14 de outubro, a campanha Chega de financiar o desmatamento com dinheiro público! convida a sociedade brasileira a olhar para uma questão fundamental: “se já temos terras sobrando para produzir, por que financiar o desmatamento com dinheiro público”?
A atual ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, vem afirmando que o Brasil não depende da Amazônia para produzir e que não precisamos mais desmatar para comer. Suas declarações foram:
“Não precisamos desmatar para comer, basta aumentar a produtividade”.
Então por que não apoiamos com recursos públicos (créditos, subsídios, seguro rural, anistias…) apenas quem produz sem desmatar? Sim, é possível zerar o desmatamento – sem impactos significativos na economia – e investir na expansão da produção usando as áreas já abertas para pasto, hoje subutilizadas.
Mas os números do estudo “Do pasto ao prato”, realizado pelo Instituto Escolhas, revelam que a cadeia da carne bovina ainda é altamente subsidiada. E o impacto ambiental? Se houvesse um país chamado Pecuária Brasil – com um rebanho que chega a 218,2 milhões de cabeças de gado, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – seria o 20º maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, com emissão equivalente à Inglaterra (462 milhões de t de CO2e).
O Banco do Brasil é, de longe, o maior financiador de empresas de commodities com risco de desmatamento no Brasil (30 bilhões de dólares) devido ao seu papel como o maior operador do Crédito Rural. É o que afirma o relatório “Seu dinheiro está destruindo florestas tropicais ou violando direitos humanos?”, da Forests & Finance. Os dados mostram que o BNDES foi o maior provedor de investimentos para empresas de risco de desmatamento operando no Brasil (U$ 3.8 bilhões –abril/2020). Mais da metade dos investimentos do BNDES foi direcionada ao setor de carne bovina.
O Instituto Escolhas defende que o apoio do Estado para atividades econômicas deve estar condicionado a bons resultados econômicos, sociais e ambientais e que nenhum setor deveria escapar dessa avaliação.
“O governo deve fazer a sua parte e negar financiamento para quem desmata. É o jeito certo de mostrar que o dinheiro público não financia o desmatamento”, afirma Sergio Leitão, diretor executivo do Escolhas.
Para ele, há bons exemplos na pecuária, gente produzindo direito, usando áreas que já foram desmatadas e aumentando a produção com respeito ao meio ambiente. “O que o Brasil precisa é garantir que esse produtor, principalmente o pequeno, é quem vai receber dinheiro público para produzir”, reforça Sergio.
Acompanhe a campanha “Chega de financiar o desmatamento com dinheiro público!” nas redes sociais do Instituto Escolhas e divulgue a hashtag #NãoFinancieODesmatamento.
PUBLICADO POR: INSTITUTO ESCOLHAS
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