O climatologista Carlos Nobre (São Paulo, 1951), um dos principais cientistas brasileiros na linha de frente dos estudos sobre a devastação da Amazônia e seus impactos no clima global, está cético sobre a participação do Brasil na conferência do clima da ONU (COP26) em Glasgow, na Escócia, que começa na segunda-feira, 1º de novembro.

Em entrevista ao EL PAÍS por telefone às vésperas da cúpula, afirma que o país chega encontro como uma “grande preocupação global” e que o Governo Jair Bolsonaro deverá apresentar metas mais ambiciosas caso pretenda que o país recupere parte da credibilidade perdida nos últimos anos.

Nobre considera insuficiente a proposta do vice-presidente Hamilton Mourão, presidente do Conselho da Amazônia, de antecipar em dois ou três anos o fim do desmatamento ilegal —antes previsto para 2030. Até porque, explica Nobre, existe uma “indústria da legalização do crime ambiental”, isto é, o desmatamento ilegal pode, amanhã, acaba sendo legalizado pelo Congresso, como ocorreu outras vezes.

O cientista também chama atenção para a degradação contínua de áreas de floresta da Amazônia, tão preocupante quanto o desmatamento em si. Mas o problema não se restringe à maior selva tropical do mundo, e se estende também para o cerrado, o pantanal e outros biomas. “O desafio vai além da Amazônia. Não dá mais para jogar para o futuro”, afirma.

Felipe Betim

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