Expedição Centenária Roosevelt-Rondon 3ª Parte – VI  

Folha do Sul, 20.10.2014

Vilhena, RO – Navaité (KM 67)  

Para os garimpeiros que tentam ludibriar os índios [leia-se também empresas e mafiosos atuando por trás], fugindo ou escondendo minérios por resistência à comissão, que varia entre dez e trinta por cento, o perigo é o mesmo. Muitos foram torturados e assassinados sem que se tenha mais notícia. Para os mais audaciosos, que tentam entrar pela mata para garimpar sem prévio “acordo” com os índios, o destino é o cemitério clandestino, em geral, em local de dificílimo acesso e desconhecido de quem não pertence à tribo. (Wilson de Carvalho)

Fui recebido no aeroporto de Vilhena, no dia 18.10.2014, sábado, pelo Dr. Marc André Meyers e pelo Sr. Luiz Quijada, esposo da Sr.ª Maria Ângela Elias, que nos conduziu em sua camionete até o Hotel Colorado onde já estavam hospedados os demais membros da Expedição.

A Sr.ª Ângela tinha sido indicada pelo meu caro amigo e irmão de coração Coronel de Engenharia Carlos Alfredo Maiolino de Mendonça. O então 1° Tenente Maiolino conheceu-a, nos idos de 1978 a 1980, quando servia no 5° BEC e comandava a Residência Especial de Vilhena responsável pela construção de um trecho de 300 km da BR-364 entre Pimenta Bueno e Barracão Queimado.

Conheci, no Hotel Colorado, o Jeffrey apresen­tador de TV e produtor do programa “Weekend Explo­rer”. O Jeffrey e o Coronel Inf R/1 Angonese seriam os responsáveis por conduzir a canoa desmontável que o Dr. Marc trouxera dos EUA e transportar nela grande parte da bagagem de rancho enquanto eu e o Dr. Marc pilotaríamos os caiaques oceânicos da Opium Fiberglass que ostentavam as cores da bandeira brasileira.

20.10.2014 (segunda-feira) – Entrevista – SEMTIC  

Entrevista na SEMTIC

O Dr. Marc já havia agendado com a Sr.ta Rita Marta Correia, Chefe do cerimonial da Prefeitura de Vilhena, uma entrevista à imprensa que repercutiu favoravelmente nossa empreitada.

Folha do Sul – On Line, Vilhena, RO  Segunda-feira, 20.10.2014 

Cem Anos Depois, Expedição irá Refazer o Trajeto de Rondon e Roosevelt 

Folha do Sul, 20.10.2014

Um grupo de quatro pessoas pretende refazer pelo Rio Roosevelt o trecho percorrido em 1914 pelo Marechal Cândido Rondon e pelo então ex-presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt, viajaram de canoa cerca de 700 km pelas águas.

Na época, o Rio que hoje leva o nome do líder americano ainda era desconhecido. A expedição foi idealizada pelo engenheiro mecânico Marc André Meyers, que é professor da Universidade de San Diego, na Califórnia [EUA]. […]

Aqui no Brasil se juntaram ao grupo o Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva, experiente na nave­gação em caiaque, embarcação que será utilizada pelo grupo no percurso, e o Coronel de Infantaria Ivan Carlos Gingri Angonese, que serviu no Comando de Selva e, portanto, é conhecedor dos perigos existentes na Amazônia. O objetivo da Expedição Centenária, segundo Marc, é homenagear Roosevelt e Rondon, mas também para ver quais mudanças ambientais ocorreram nestes 100 anos. “Todos os dados coletados serão matéria-prima para o livro e para o documentário”, disse Marc. […] Segundo o Coronel Hiram, o tempo estimado para concluir o percurso é de 21 dias. Bem abaixo dos três meses, tempo que Roosevelt e Rondon levaram para fazer o mesmo percurso em 1914.

Folha de Vilhena, Vilhena, RO Segunda-feira, 20.10.2014 

Pesquisadores Realizarão Expedição em Homenagem aos 100 Anos da Expedição Roosevelt–Rondon  

A coletiva de imprensa aconteceu na manhã desta segunda-feira, 20, na Secretaria Municipal de Turis­mo, Indústria e Comércio [SEMTIC], localizado no Centro da cidade de Vilhena.

Folha Espigão, Vilhena, RO Segunda-feira, 20.10.2014 

Centenário: Aventureiros vão Refazer Expedição Rondon-Roosevelt 

Durante 21 dias, os aventureiros brasileiros Marc André Meyers, Hiram Reis e Silva, Ivan Carlos Gingri Angonese e o norte-americano Jeffrey Lehmann […]

Rondônia em Pauta, Vilhena, RO Terça-feira, 21.10.2014 

Com Apoio da Prefeitura, Expedição ao Rio Roosevelt parte nesta Terça-Feira 

Teve início nesta terça-feira a Expedição […]

Jornal o Nortão, Porto Velho, RO Terça-feira, 21.10.2014 

Com Apoio da Prefeitura, Expedição ao Rio Roosevelt parte nesta Terça-Feira 

Quatro pesquisadores vão realizar, a partir desta terça-feira, uma Expedição em homenagem aos 100 anos da Expedição Científica Roosevelt-Rondon […]

Rondônia Digital, Vilhena, RO Terça-feira, 21.10.2014 

Expedição ao Rio Roosevelt Parte Nesta Terça-Feira  

Teve início nesta terça-feira a Expedição […]

Rondônia Agora, Porto Velho, RO Terça-feira, 21.10.2014 

Pesquisadores vão Percorrer Roteiro da Expedição Roosevelt-Rondon  

Quatro pesquisadores vão realizar, a partir desta terça-feira, 21, uma Expedição em homenagem […]

G1. Globo, Rio de Janeiro, RJ Sábado, 25.10.2014 

Pesquisadores Refazem Trajeto Feito por Roosevelt e Rondon Há 100 Anos 

G1, 25.10.2014

Expedição iniciou na terça, 21, na nascente do Roosevelt, em Vilhena, RO. Objetivo é verificar as mudanças que ocorreram na região amazônica em dez décadas.

25.10.2014 

Fomos recebidos pelo Secretário Estadual do Turismo, Indústria e Comércio (SEMTIC), Dari A. de Oli­veira, que nos apresentou o projeto do “Parque Recre­ativo Municipal” antes denominado “Parque Rondon”. O projeto prevê uma pista de caminhada, “play ground”, academia de ginástica, área verde, banheiros, lancho­netes, etc. O Parque será dotado de um Lago de apro­ximadamente 4.000 m² abastecido por poço artesiano.

Posto Telegráfico Álvaro Vilhena

Após a entrevista com a mídia local fomos visitar o antigo Posto Telegráfico ([1]) que é agora conhecido como a Casa de Rondon. A área está tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e é patrimônio do Ministério da Defesa.

21.10.2014 (terça-feira) – Fazenda Baliza (AC01) 

Equipe de Apoio (Vilhena-Fz. Baliza)

Partimos depois das 08h00 para a Fazenda Baliza e meia hora depois de partirmos a camionete locada pelo Dr. Marc começou a apresentar problemas mecânicos. O reboque carregado com a canoa, os dois caiaques e toda a bagagem foram atrelados, então, à camionete de Guilherme e Dariano que felizmente acompanhavam-nos e sem o apoio dos quais teríamos, fatalmente, de adiar nossa partida. Paramos em um posto de combustível e o 3° Sgt BM Douglas Matias da Silva Ferreira sanou o problema da camionete do Naif.

O Dr. Marc fez questão de passar pela casa do Sr. Grilo que afirmou que existiam a montante do local onde acamparíamos vestígios de uma Ponte de madeira que poderia ser a construída, em 1909, pela Comissão Construtora de Linhas Telegráficas do Mato Grosso ao Amazonas comandada por Rondon.

Descarregamos as embarcações e a carga e, enquanto meus parceiros montavam o Acampamento 01 – 12°01’41,47”S / 60°22’40,51”O ([2]), naveguei Rio acima (rumo Sul) na tentativa de achar a tal ponte e, depois de remar até a Latitude de 12°03’14,27”, não avistei qualquer sinal da mesma. A largura do Rio, naquela Latitude variava de 08 a 10 m, os barrancos eram baixos e não me pareceram, na oportunidade, compatíveis com a construção de uma ponte de 20 m de extensão.

Considerando que cada minuto da Latitude corresponde aproximadamente a 1.852 m (milha náutica) tenho certeza de que a Comissão chefiada por Rondon não cometeria um erro de tal magnitude. A Comissão estabelecera para sua partida a Latitude Sul de 12°01’, portanto a jusante (ao Norte) do AC01 e eu reconhecera o curso d’água até quase 02’ acima, aproximadamente, 3.700 m na direção geral Norte. Historicamente os erros de locação jamais chegaram à casa dos minutos. A título de exemplo cito a Latitude encontrada pela Expedição Original para a Confluência do Rio Roosevelt com o Rio Capitão Cardoso que foi de 10°59’00,3”S e que nós estabelecemos como sendo 10°59’20,8”S, um erro de pouco mais de 20” perfeita­mente aceitável para os rudimentares equipamentos de que dispunha a Comissão. Na minha solitária investi­gação avistei inúmeras árvores caídas que agora em plena estiagem obstaculizavam a progressão exigindo muita atenção e habilidade. A Expedição Original des­cera na cheia o que facilitou sobremaneira a nave­gação, como relatou Rondon:

A enchente era tão grande, que a correnteza passava molhando a parte inferior do tabuleiro da ponte ali construída pela Comissão das Linhas Telegráficas; mas isso era para a Expedição, uma grande vantagem, porque assim nos seria possível deslizar por cima de obstáculos que estariam submergidos. (RONDON)

 

Rondônia em Pauta, 20.10.2014

Por Hiram Reis e Silva (*), Bagé, 09.09.2021 – um Canoeiro eternamente em busca da Terceira Margem.

Bibliografia  

RONDON, Cândido Mariano da Silva. Conferências Realizadas nos dias 5, 7 e 9 de Outubro de 1915 pelo Sr. Coronel Cândido Mariano da Silva Rondon no Teatro Phenix do Rio de Janeiro Sobre os Trabalhos da Expedição Roosevelt‒Rondon e da Comissão Telegráfica ‒ Brasil ‒ Rio de Janeiro, RJ – Tipografia do Jornal do Comércio, de Rodrigues & C., 1916.

(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;   

  • Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
  • Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA) (2000 a 2012);
  • Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
  • Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
  • Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
  • Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
  • Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
  • Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
  • Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
  • Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
  • Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
  • Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
  • Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
  • E-mail: [email protected].

[1]    Álvaro Coutinho de Melo Vilhena: os Campos Gerais ou Chapadão dos Parecis passaram a ser conhecidos como Vilhena, a partir de 1910, após a Comissão chefiada pelo então Tem Cel Cândido Mariano da Silva Rondon, ter construído na região um Posto Telegráfico, que fazia parte da linha Cuiabá-Santo Antônio do Alto Madeira. A linha que ligaria Cuiabá a Porto Velho permitiria a construção de milhares de quilôme­tros de cabos telegráficos, fazendo surgir Vilas em torno dos Postos. Rondon batizou a estação telegráfica, com o nome de Álvaro Vilhena em homenagem ao engenheiro maranhense Álvaro Coutinho de Melo Vilhena, que nos idos de 1890, foi designado Engenheiro Chefe da Or­ganização da Carta Telegráfica da República e, em 1900, Diretor Geral dos Telégrafos. No dia 12.10.1910, a Estação Telegráfica foi transferida para as novas instalações, conhecida hoje como “Casa de Rondon”.

[2]    O Acampamento, do dia 27 para 28.02.1914, da Expedição Científica foi à margem direita 9,1 km à montante do local de onde partimos.