Expedição Centenária Roosevelt-Rondon 3ª Parte – I  

Expedição Centenária Roosevelt- Rondon

Prefácio 

Empresário Pedro Meyers 

É com grande honra que recebi o convite do Cel Hiram Reis para escrever o prefácio desta obra.

Com mais de 26 livros escritos, dos quais 7 publicados, o ex-instrutor chefe do Curso de Engenharia do CPOR de Porto Alegre e ex-comandante da primeira companhia de engenharia de construção do 6° Batalhão de Engenharia, é um dos grandes remadores do mundo. Remou em seu kayak mais de 60.000 Km pelos principais rios brasileiros como o Amazonas, Negro, Madeira, Tapajós, Branco, Juruá, Aquidauana, Miranda e pela Laguna dos Patos, Lagoas Mirim e Mangueira, no Rio Grande do Sul.

Aceitou nobre e prontamente, “de pé e à ordem”, fazer parte da expedição que refez em 2014 a épica aventura do ex-presidente americano Theodore Roosevelt e do Cel. Rondon, realizada em 1914, quando remaram toda a extensão do Rio da Dúvida, atual Rio Roosevelt, percorrendo um trajeto de 750 Km por regiões inóspitas com tribos indígenas e cachoeiras traiçoeiras. Essa obra é sobre esse grandioso feito de 2014.

Seus outros livros são valiosos e interessantes pois, em suas incursões a remo por esse Brasil afora – imaginem 60.000 Km! – o solitário navegador “eternamente em busca da terceira margem” relata a situação atual dos locais de interesse como fortes e outros sítios históricos que foram descritos por outros autores um ou dois séculos antes.  O leitor tem assim uma visão clara de como as coisas mudaram nos últimos séculos. Em alguns casos para pior.

E para grande parte dos brasileiros que desconhecem essa riqueza do Brasil – os grandes rios – os relatos do Hiram são um achado, pois contam a história da conquista desses rios por parte de dedicados exploradores e nativos, a maioria sucumbindo em tenra idade por moléstias e outras agruras dos trópicos. Os majestosos rios são descritos com maestria e salpicados com belas poesias [o autor além de historiador é poeta] e fotos. Um prazer de leitura!

Mas voltemos ao livro atual – Expedição Centenária Roosevelt – Rondon – Tomo III.

A épica excursão de 1914, na qual dois integrantes perderam a vida e o ex-presidente Roosevelt quase morreu pelas agruras e dificuldades da aventura [excesso de cachoeiras, falta de alimentação e moléstias tropicais], era composta por 22 integrantes e durou 2 meses navegando com inúmeras dificuldades o Rio da Dúvida em 7 pesadas pirogas [canoas], percorrendo 750 Km em direção norte a partir das cercanias de Vilhena, no atual estado de Rondônia, via Mato Grosso, até o Rio Madeira no Amazonas.

Para refazer os passos exploratórios da dupla icônica [Rondon e Roosevelt], o Prof. Marc Meyers, idealizador do projeto, teve a sorte de encontrar o grande canoeiro Cel Hiram Reis – Kiko como o chama carinhosamente nosso Vice-Presidente Mourão – e seu amigo Cel Ivan Angonese, do prestigioso Colégio Militar de Porto Alegre, com quem nosso autor desceu o Juruá.

O Prof. Marc trouxe consigo o repórter americano Jeffrey Lehmann e os quatro percorreram o mesmo trajeto de 750 Km em dois kayaks e uma canoa canadense em 22 dias em outubro/novembro de 2014, um século após a excursão original.

Deve ser mencionado que a aventura só chegou a bom termo graças a experiência e coragem dos dois coronéis. O rio é pontilhado de rápidos e cachoeiras, o que dificulta ao extremo sua navegação. Sem a expertise e destreza de um experiente navegador como o Cel Hiram um ou mais integrantes da excursão teria sucumbido como na excursão de 1914. Outra dificuldade pela qual passaram os indômitos exploradores foi seu encontro com o chefe da tribo dos Cinta Larga João Brabo que os proibiu de navegar na reserva. Esse trajeto de 100 km foi realizado em 2019 após obtenção de permissão para tal pelo chefe João Brabo.

O autor, ao descrever cada etapa da aventura, faz a conexão com a descrição original feita por Roosevelt, pelo Cel Rondon, e pelo naturalista americano Cherrie. Para o leitor essa visão por vários ângulos traz realidade à aventura. Nosso escritor ao descrever o Salto Navaité, onde o rio se estreita de 100 para 2m, diz poeticamente, em profunda admiração por seus ídolos Rondon e Roosevelt:

[…] beleza agreste daquelas formações, o medonho fragor do caudal confinado de repente, com uma angustura tão incomum e as águas tumultuarias e refulgentes, emocionaram-me na presença daqueles ilustres personagens. Engarupado na anca da história, eu via ou sentia a presença daqueles ilustres personagens [Roosevelt e Rondon] que há cem anos palmilharam aqueles sítios, gravando indelevelmente sua passagem em cada deles.

A situação de conflito entre os índios Nambiquara/Cinta-Larga e os garimpeiros, que redundou em dezenas de mortes de garimpeiros pelos Cinta Larga em 2004, é analisada com muita profundidade e imparcialidade pelo autor que se baseia também em artigos do “Jornal do Brasil”, “Correio Braziliense”, “Jornal do Commercio”, e “O Cruzeiro” da época. É assunto complicado e de difícil solução.

O autor também relata no tomo III sua visita ao Forte Príncipe da Beira, Rondônia, em setembro de 2019, às margens do Rio Guaporé que divide a Bolívia do Brasil. Nessa ocasião foram visitados na região sítios arqueológicos e “labirintos” compostos de vales e morrotes. De acordo com a antropóloga Denise Schaan, da Universidade Federal do Pará, esses sítios arqueológicos pré-colombianos encontrados no Amazonas, Acre e Rondônia são de origem religiosa.

Raros são os escritores que reúnem numa só pessoa o espírito de aventura e a força física necessária para tal, com o interesse e dedicação por fatos históricos e o necessário rigor militar. E além de tudo é poeta, citando, além de poesias próprias, Carlos Drummond de Andrade, Gonçalves Dias, Camões, Múcio Teixeira, Garcia Lorca e tantos outros. “Mens sana in corpore sano!

Parabéns Hiram! Que seu espírito de idealismo e conquistas iluminem e sirvam de exemplo para todos os brasileiros!

Por Hiram Reis e Silva (*), Bagé, 01.09.2021 – um Canoeiro eternamente em busca da Terceira Margem.   

Filmetes 

(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;

  • Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
  • Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA) (2000 a 2012);
  • Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
  • Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
  • Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
  • Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
  • Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
  • Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
  • Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
  • Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
  • Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
  • Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
  • Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
  • E-mail: [email protected].