Rio Branco (AC) – Ao menos 30 terras indígenas no Brasil e no Peru, localizadas nas bacias dos rios Juruá, Ucayali e Tamaya, estão ameaçadas pela retomada das obras de recuperação da rodovia UC-105 situada no lado peruano. Indígenas do estado do Acre alertam que a região ficará cercada por diversas frentes que trarão devastação ambiental e social.
Além da retirada ilegal de madeira, outras atividades de elevados efeitos sociais e ambientais tendem a ser impulsionadas, como a mineração e a indústria petrolífera. O tráfico internacional de drogas também tende a tirar benefícios da rodovia.
Preocupados com os impactos que a reabertura da estrada provocará em suas terras nos dois lados da fronteira, os indígenas do povo Ashaninka se reuniram em agosto passado para denunciar o caso por meio do dossiê “A Estrada Ilegal Nueva Italia – Puerto Breu: Uma Grande Ameaça para os Povos Indígenas do Yurúa, Alto Tamaya e Alto Juruá”.
No lado brasileiro, quatro terras indígenas e uma unidade de conservação estão ameaçadas pelos impactos da rodovia: TI Ashaninka do Rio Amônia, TI Arara do Rio Amônia, TI Kaxinawa/ Ashaninka do Rio Breu e TI Jaminawa Arara do Rio Bagé e Reserva Extrativista do Alto Juruá.
A rodovia foi construída no final da década de 1980 por uma empresa petrolífera norte-americana, mas foi utilizada ao longo dos anos 1990 pelas madeireiras para o transporte das toras, pressionando o lado brasileiro até os anos 2000.
A liderança Francisco Piyãko foi uma das vozes a denunciar a invasão do território Ashaninka pelas madeireiras peruanas já naquela época. Com 87 mil hectares, a Terra Indígena (TI) Kampa do Rio Amônia está no município de Marechal Thaumaturgo, no Acre, no limite fronteiriço entre Brasil e Peru. Para Francisco Piyãko, os impactos sociais e ambientais com o retorno da extração de madeira – a partir da recuperação da UC-105 – tendem a ser bem mais graves e preocupantes do que os ocorridos no passado.
Além da retirada ilegal de madeira, outras atividades de elevados efeitos sociais e ambientais tendem a ser impulsionadas, como a mineração e a indústria petrolífera. O tráfico internacional de drogas também tende a tirar benefícios da rodovia.
“Estamos passando por um momento muito preocupante. Diante de todos os conflitos que a gente já teve aqui nesta fronteira, este é o pior. Nós vivemos em 2005, mais ou menos, uma situação muito tensa de invasão de madeireira em nosso território. Mas foi só por um período”, diz a liderança do povo Ashaninka, em entrevista à Amazônia Real. “Vão estar trazendo para a região um conflito eterno”.
Por Fabio Pontes Publicado em: 07/09/2021 às 09:44
ÍNTEGRA DISPONÍVEL EM: AMAZÔNIA REAL
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