Indígenas e ribeirinhos convivem com rotina de ameaças, invasões e queimadas

“Primeiro levam as toras de valor e depois colocam fogo uma, duas vezes para transformar a floresta em pasto”. A rotina da gradual destruição da Amazônia brasileira é narrada, de forma resignada, por Daniel Kaxinawá, 27, dentro da Terra Indígena (TI) Karipuna. Ele está diante de um descampado onde meses antes existiam árvores centenárias, mas que agora só abriga pequenos troncos chamuscados.

O local onde vivem os índios da etnia, que se espalha por 153.000 hectares nos municípios de Porto Velho e Nova Mamoré, em Rondônia, deveria ser protegido desde que a demarcação foi homologada em 1998, mas tem sido alvo cada vez mais crescente do assédio de madeireiros e grileiros. Das cinzas da terra calcinada já despontam brotos de um capim plantado pelos invasores que serviria para a alimentação do gado.

Em uma área marcada pelo avanço indiscriminado dos madeireiros, saber distinguir o ruído da motosserra do barulho de uma moto pode ser determinante para a sobrevivência. Atento aos sons, Daniel de repente mostra preocupação. “Tem moto vindo aí na trilha atrás da gente. Vamos embora agora!”, diz aos seus parentes indígenas na presença da reportagem do EL PAÍS. Sem discussão, todos desaparecem rapidamente no estreito caminho de terra que leva à única aldeia da TI.

Veja o texto na íntegra: El País Brasil  

PUBLICADO POR:  JORNAL DA CIÊNCIA SBPC