A Fundação Nacional do Índio (Funai) apoiou o aperfeiçoamento de indígenas da etnia Paresi na criação de galinhas. Os avicultores das 11 aldeias indígenas de Campo Novo do Parecis, em Mato Grosso, aprenderam a preparar rações para aves com os alimentos produzidos na própria comunidade, e também a construir os aviários. O curso faz parte de uma série de treinamentos realizados por meio de uma parceria entre o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT) e o Sindicato Rural de Campo Novo do Parecis.

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Os indígenas também aprenderam a fabricar misturas com milho, mandioca e farelo de soja. Segundo a instrutora credenciada junto ao Senar-MT, Anna Luz, o conhecimento auxiliará na redução de custos, já que os criadores poderão utilizar os alimentos que já produzem. “Foram ensinadas alternativas de alimentação com o que era acessível para eles, adequando a prática à realidade”, afirma.

Ainda de acordo com a instrutora, um dos pontos mais importantes do curso é o uso adequado de ração para cada fase do animal. “Para ter mais lucratividade é necessária que a ração esteja de acordo com a fase de criação. Às vezes, por falta deste conhecimento, os criadores têm mais gastos”.

No mês de junho, foi realizado um mutirão para organização das tábuas para construção dos galinheiros nas aldeias. As madeiras, apreendidas em uma operação conjunta entre o Cema e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), foram doadas aos indígenas pela Coordenação Regional da Funai localizada em Cuiabá.

Valdirene Szakenaezokero, produtora e coordenadora do projeto de criação de galinha Valmaha, e também moradora da aldeia Wazare, já trabalhava com criação de aves e aprendeu muito com o treinamento. “Me ajudou como criar os animais desde os pintainhos até o abate. Aprendemos a produzir alimento com o que já temos e foi muito interessante”, destaca.

A mobilizadora do Sindicato Rural de Campo Novo do Parecis, Lussandra Lapinsk, afirma que este já é o terceiro treinamento direcionado à comunidade indígena do município e em parceria com a Cooperativa Agropecuária do Povo Indígena Haliti Paresi (Coopiparesi). “Estamos realizando diversas capacitações e tenho mais uma para encerrar ainda este mês”, concluiu.

Benedito Garcia, coordenador regional da Funai em Cuiabá, afirma que a criação de galinhas, que tem função de subsistência e geração de renda, também tem uma ligação estreita com o turismo sustentável. “Os próprios turistas escolhem a galinha e o peixe que irão comer quando forem à Terra Indígena”, comenta. O turismo étnico possibilita novas formas de subsistência familiar para a sociedade indígena, gera emprego, renda e movimenta o trade turístico, o que significa emprego e renda fora dos domínios das aldeias.

Projeto Valmaha

O nome Valmaha é uma junção das iniciais de três mulheres indígenas empreendedoras da etnia Haliti Paresi: Valdirene, Mayara e HayKa. O projeto, realizado na Terra Indígena Utiariti, teve início em março de 2020 e é o mais avançado entre outros desenvolvidos por mais 20 aldeias da região. Trata-se da criação de cerca de 500 galinhas caipiras e semi-caipiras, de forma semi-orgânica numa área de 4 mil hectares.

O projeto conta com o apoio da Cooperativa Agropecuária do Povo Indígena Haliti Paresi (Coopiparesi), dirigida por Genilson Paresi, que ressalta a importância da iniciativa para os indígenas. “Por meio dessa atividade, a gente fomenta os projetos familiares. O projeto aviário é o que está mais em evidência no momento, mas algumas aldeias também criam peixe, porco e gado”, destaca.

Valdirene avalia o sucesso da iniciativa, que promove o sustento das famílias envolvidas por meio da comercialização das aves. “Estamos fazendo sucesso tanto para incentivo às outras comunidades quanto para economia. Estamos trabalhando para conseguir o certificado para vendermos para fora de nossa aldeia. O recurso inicial para a implantação do projeto foi apenas nosso, mas temos projeções de ampliar o empreendimento, buscando novas parcerias”, comemora.

Outras atividades

Dos 19 mil hectares de atividades produtivas da região, 16.500 hectares pertencem à etnia Paresi, 1.200 à etnia Nambikwara, e 1.000 hectares à etnia Manoki. A renda dessas iniciativas é distribuída nas comunidades: 60 aldeias Paresi, 8 aldeias Nambikwara e 8 da etnia Manoki. Entre as atividades, destaca-se o plantio de frutas como abacaxi, melancia e caju, grãos e tubérculos como batata e mandioca.

Assessoria de Comunicação/Funai – PUBLICADO POR:   FUNAI