Com o apoio da Fundação Nacional do Índio (Funai), parte da produção de castanha-da-Amazônia em Terras Indígenas de Rondônia e de Mato Grosso tem conquistado o mercado internacional. Por ano, as etnias Apiaká, Cinta Larga, Kayabi, Munduruku, Suruí e Zoró fornecem cerca de 300 toneladas do fruto para a Cooperativa dos Agricultores do Vale do Amanhecer (Coopavam), que faz o beneficiamento da castanha para comercialização no mercado interno e exportação para a Holanda.

Foto: Serge Guiraud/Funai

A coleta e o beneficiamento do produto envolvem aproximadamente 300 famílias indígenas na floresta, e pelo menos uma matriarca orienta sua própria família no trabalho de coletar o fruto nos castanhais nativos e fazer o transporte da produção. Na sede da cooperativa, em Juruena (MT), o fruto é desidratado para venda in natura, transformado em farinha ou em óleo de castanha. De acordo com informações da Coopavam, que compra parte da produção da castanha dos produtores indígenas, a renda por família indígena é de cerca de R$ 2.800 reais anuais.

A produção de castanha conta com o suporte das unidades descentralizadas da Funai em Cacoal (RO) e Juína (MT), que fornecem maquinário para a coleta e apoio para o transporte e a venda da safra. “Com o objetivo de consolidar o extrativismo sustentável de castanha nas Terras Indígenas da região, as unidades da Funai fornecem caminhões, tratores, barcos com motor e combustível”, detalha o coordenador regional da Funai em Cacoal, Sidcley José Sotele. A safra também é vendida in natura em cidades como Aripuanã, Brasnorte, Colniza, Cotriguaçu, Juara e Juína, todas no Mato Grosso.

No primeiro semestre de 2021, a Coopavam comercializou cerca de 35 toneladas de óleo de castanha para uma grande empresa de cosméticos que há dez anos absorve parte da safra. Outra cooperativa atuante nas Terras Indígenas de Rondônia e Mato Grosso é a Cooperativa Extrativista de Castanha Indígena (Coocasin), que deverá comprar 80 toneladas de castanha-da-Amazônia na safra 2020-2021 produzidas pelos Cinta Larga na Terra Indígena Roosevelt.

José Sotele afirma que praticamente 70% do escoamento da produção é realizado pela Funai. “Em algumas aldeias, a produção de castanha é a única fonte de renda das comunidades. Em outras, é uma das principais. Com esse dinheiro, as famílias adquirem produtos de alimentação, medicamentos, roupas, sapatos etc. Além disso, as aldeias que realizam a coleta da castanha são as que apresentam o menor índice de desmatamento. Se apoiarmos essa atividade produtiva e reverter isso em renda, nós estamos ajudando o meio ambiente. Onde há os castanhais, os madeireiros não entram”, ressalta Sotele.

Conforme comenta o coordenador regional da Funai em Juína, Adegildo José do Nascimento, a produção de castanha se consolidou como a principal atividade sustentável indígena na região noroeste do Mato Grosso. “É uma atividade que proporciona o fortalecimento econômico e social nas aldeias por meio da geração de renda e a preservação da floresta nas Terras Indígenas onde é desenvolvida, o que garante a autonomia das comunidades indígenas e a conservação de suas tradições culturais”, afirma Nascimento.

Etnodesenvolvimento

Nos últimos dois anos, a Funai já investiu aproximadamente R$ 30 milhões em projetos voltados à geração de renda nas aldeias, de forma responsável. Os recursos foram destinados para diversas ações que visam a autossuficiência dessas comunidades, como a aquisição de materiais de pesca, sementes, mudas, insumos, ferramentas, maquinário agrícola, apoio para o escoamento da produção e realização de cursos de capacitação para os indígenas.

Assessoria de Comunicação / Funai – com informações das Coordenações Regionais Cacoal e Noroeste do Mato Grosso – PUBLICADO POR:  FUNAI