O Brasil precisa de um enfoque diferente para enfrentar as pressões motivadas pela instrumentalização política dos temas ambientais e indígenas. Esta batalha precisa ser travada no campo diplomático e com o enquadramento das organizações não-governamentais (ONGs) que representam esse aparato intervencionista no País.

Entre outras considerações, essa foi a essência dos comentários do jornalista Lorenzo Carrasco, presidente do conselho editorial deste Alerta, em uma audiência pública virtual da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, dedicada à atuação do Terceiro Setor na preservação do meio ambiente, em 18 de junho último. A audiência foi convocada pela deputada Carla Zambelli (PSL-SP), presidente da comissão.

De acordo com Carrasco, o Brasil deveria estabelecer uma aliança com países ibero-americanos, africanos e asiáticos, que enfrentam problemas semelhantes com as campanhas ambientalistas e indigenistas, as quais representam uma forma de neocolonialismo. Para ele, seria uma iniciativa que poderia ser batizada como “Bandung 2”, em homenagem à Conferência de Bandung de 1955, que reuniu países asiáticos e africanos para discutir problemas comuns e, mais tarde, resultaria na formação do Movimento dos Não-Alinhados.

Depois de expor sinteticamente as origens do ambientalismo internacional, Carrasco destacou o papel central desempenhado pelo Conselho Mundial de Igrejas (CMI), entidade criada por altos próceres do Establishment anglo-americano para atuar como um elemento de choque contra os Estados nacionais soberanos, entre eles, o Brasil. Além da agenda ambiental, o CMI tem sido instrumental na conversão da Antropologia em uma ciência “de ação” para as pautas indigenistas, a partir da Conferência de Barbados de 1971, e na criação de ONGs para atuar nas áreas dos direitos humanos, desarmamento civil e outras. No Brasil, foi responsável direta pela criação do Instituto Socioambiental (ISA) e o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), duas das principais ONGs do aparato ambientalista-indigenista que operam no País, além de influenciar diretamente outras, como a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

Igualmente, o CMI teve um papel-chave na consolidação das ONGs como entidades supostamente representativas da sociedade civil (Terceiro Setor), tendo Carrasco lembrado a presença no Brasil do magnata estadunidense David Rockefeller, em 1990, para o lançamento do Movimento Viva Rio, que se tornaria uma das entidades emblemáticas do Terceiro Setor no País.

Pouco depois, lembrou, o presidente Fernando Henrique Cardoso se referia às ONGs como “organizações neogovernamentais”, para enfatizar-lhes a importância.

Segundo o jornalista, o destaque conferido a tais entidades é parte integrante da agenda da chamada “Nova Ordem Mundial”, que contempla o enfraquecimento das atribuições dos Estados nacionais soberanos, para facilitar o controle dos seus recursos naturais pelas estruturas oligárquicas de “governo mundial”. No mesmo contexto, ressaltou, inclui-se a investida contra as empresas estratégicas controladas pelo Estado, em países como o Brasil. Portanto, afirmou ver com perplexidade o presente impulso para privatizar uma empresa como a Eletrobras, que é estratégica para o setor elétrico brasileiro.

Uma discussão detalhada desses temas encontra-se no livro Máfia Verde: o ambientalismo a serviço do Governo Mundial, do qual Carrasco é coautor, com 15 edições em português e espanhol desde 2001, e que acaba de ser lançado em inglês.

Além de Carrasco, outros debatedores convidados foram: o antropólogo Edward M. Luz; o procurador regional e vereador Rodinei Candeia, de Passo Fundo (RS); o presidente da Associação Indígena Pusuru, Francenildo Munduruku; e o consultor legislativo Fernando Costa.

PUBLICADO POR:   MSIA INFORMA 

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