Encontro com especialistas discute resultados intermediários de novo estudo do Escolhas
Conflitos sociais, violência, perda da biodiversidade, redução da disponibilidade de serviços ecossistêmicos e agravo das mudanças climáticas. São muitos os efeitos conhecidos do desmatamento. Além de tudo isso, podemos deduzir também que o desmatamento provoca alterações no preço da terra e no preço dos produtos agrícolas. Entretanto, não sabemos como esses preços são afetados de fato.
Considerando o desmatamento como um fator constante da dinâmica da produção agropecuária no Brasil, o novo estudo do Instituto Escolhas busca traduzir isto em números, para analisar questões que vão além da ilegalidade, mostrando como o desmatamento impacta o todo, influenciando os preços de terra – de áreas consolidadas ou de fronteira agrícola – e das principais commodities agrícolas no País.
O estudo desenvolve duas análises com base em uma modelagem do preço da terra, sob condução dos pesquisadores Gerd Sparovek, Alberto Barreto e Arthur Fendrich (Geolab/GPP – Esalq/USP), e uma modelagem econômica, realizada por Joaquim Bento de Souza Ferreira Filho, Adauto Brasilino Rocha Junior e Giovani William Gianetti (Esalq/USP). A coordenação-geral é de Jaqueline Ferreira, gerente de Projetos e Produtos do Escolhas.
No dia 22 de junho, diferentes pesquisadores do tema tiveram a oportunidade de conhecer a prévia dos resultados, em um workshop fechado, somente para convidados, a fim de recolher contribuições para a próxima fase do estudo.
Ao dar as boas-vindas, Jaqueline Ferreira lembrou que a relação do desmatamento e a agropecuária é tema em que o Escolhas tem se debruçado há algum tempo e destacou o estudo “Qual o impacto do desmatamento zero no Brasil?”, de 2017, produzido pela mesma equipe e que analisou os impactos econômicos e sociais de zerar o desmatamento no País.
“Agora, queremos quantificar a dependência econômica do agronegócio brasileiro em relação ao desmatamento, analisando o efeito da constante injeção de novas áreas via desmatamento no mercado fundiário brasileiro e a influência desta dinâmica na rentabilidade e nos preços das commodities”, explicou a gerente do Escolhas.
De acordo com Adauto Brasilino, o objetivo do novo estudo é analisar, por meio de base empírica, a relação entre a expansão da fronteira agrícola (desmatamento), o preço da terra e o preço dos produtos agrícolas.
Esse tipo de relação já foi analisado por modelos teóricos (equilíbrio, computacionais), mas ainda não foi confirmado por modelos empíricos estruturais (estatísticos).
“A relação entre a expansão da fronteira agrícola (desmatamento), o preço da terra e o preço dos produtos agrícolas já tinha sido analisada por modelos teóricos, mas, até agora, não tinha sido confirmada por modelos empíricos estatísticos”, disse ele, destacando o principal avanço metodológico do estudo.
Já para o professor Joaquim Bento, os resultados do estudo abrem uma série de novas perguntas, que vão poder ajudar a entender quem perde e quem ganha com a expansão da fronteira agrícola. “Este é um trabalho que analisa os efeitos que este modelo de desenvolvimento traz para a economia e a quem a manutenção deste modelo interessa”.
O resultado final você verá em breve.
PUBLICADO POR: INSTITUTO ESCOLHAS
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