Após atingir 30,02 metros e superar a maior cheia de toda a história, o nível do rio Negro, em Manaus, já desceu 15 cm e está em processo de vazante. Nesta segunda-feira (5), o rio se encontra em 29,87m na capital do Amazonas. O nível do rio Solimões, em Manacapuru (AM), está em 20,69m – o pico foi de 20,86m. Em Itacoatiara (AM), o rio Amazonas atingiu o pico da cheia de 2021 aos 15,21m no dia 31/05, e hoje se encontra em 14,91m. Mesmo com o princípio do processo de descida das águas, as cidades ainda continuam com níveis acima da cota de inundação severa.

Foto da Defesa Civil de Barcelos (AM) em 17 de junho, dia em que foi registrada a cheia histórica de 10,33m no município, superando os 10,32m de 1976

Como em seu princípio a vazante é lenta e gradual, os efeitos da inundação não se encerram logo que o rio começa a descer. Confira dos dados:

Segundo Luna Gripp, pesquisadora do Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM), o processo de vazante é caracterizado quando o nível da água desce ao longo de vários dias, durante um intervalo de tempo que é específico para cada rio. No caso de Manaus, não foi possível afirmar que a vazante começou no primeiro momento em que o rio desceu, porque pequenas variações de nível podem ser causadas por incertezas associadas à medição, como banzeiros, ou flutuações próximas às réguas de leituras, ou aos equipamentos automáticos. “A descida de um centímetro não é suficiente para saber que o rio vai continuar baixando: é preciso magnitude e constância na descida do nível”, explica Luna Gripp. Para determinar o processo de vazante, não existe um valor específico de descida dos níveis, pois trata-se de uma análise qualitativa.

Em Manaus, o rio vem descendo há vários dias e já baixou 15cm, tornando possível a afirmação de que o processo de vazante realmente se iniciou. No dia 16 de junho, o rio Negro atingiu os 30,02m após passar 8 dias estabilizado na marca histórica de 30m. A subida não foi considerada um repiquete, já que aconteceu devido a uma chuva específica, de magnitude muito acima do esperado, observada nos dias 13 e 14 de junho, em uma grande área das bacias dos rios Negro e Solimões. Portanto, já era previsto que após o efeito dessa chuva, os rios retomassem seu processo de descida.

É importante ressaltar que, quando se trata de municípios que são banhados por rios de menores volumes de água a caracterização dos processos de enchente/vazante não é tão clara. Na região do Alto rio Negro, por exemplo, no município de São Gabriel da Cachoeira, a resposta que o rio apresenta em termos de variação de nível em função das chuvas é muito mais rápida do que a observada em Manaus, apesar de estarem no mesmo rio. “Isso significa que o rio pode voltar a encher no mesmo dia caso ocorra um grande volume de precipitação em sua área de drenagem, mesmo que já venha apresentando descida de nível há vários dias consecutivos”, afirma a pesquisadora.

Esses rios menores têm resposta rápida, conforme a pesquisadora Luna Gripp, podem voltar a subir devido à pequena área de drenagem. O processo de vazante é válido para os rios da região central do estado do Amazonas: baixo e médio Solimões, rio Negro em Manaus e região da calha principal do Amazonas. “Para os rios mais amontante do Negro, não é possível afirmar que o rio não vai voltar a subir”, afirma.

Cheia na maior Bacia Hidrográfica do Mundo – O que determina a magnitude das cheias na Bacia Amazônica é a chuva que ocorre em todas as bacias que drenam pra essa região, como a bacia do Negro, do Solimões e todos os seus afluentes (Purus, Juruá, Japurá, Jutaí e etc), incluindo suas áreas externas ao Brasil, na Colômbia, Peru e Equador. A Bacia Hidrográfica do Amazonas é a maior bacia hidrográfica do mundo.

Rede Hidrometeorológica Nacional – Os Sistemas de Alerta Hidrológico implantados e operados pelo SGB-CPRM têm o apoio da Agência Nacional de Água (ANA), por meio de aporte de recurso para operação das estações que compõem os Sistemas, as quais fazem parte da Rede Hidrometeorológica Nacional. Das estações da RHN, mais de 200 estações de monitoramento são operadas pela unidade de Manaus em rios amazônicos. O SGB-CPRM atualiza frequentemente a situação dos rios em cprm.gov.br/sace.

Janis Morais
Betina Gehm

Assessoria de Comunicação
Serviço Geológico do Brasil – CPRM
Ministério de Minas e Energia
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