Pesquisa documental analisa relatos de feminicídio e abusos no início do século XX

Postada em: Museu Goeldi

Agência Museu Goeldi – A violência extrema contra mulheres indígenas na região do médio rio Negro, no começo do século XX, foi tema de quatro correspondências recuperadas e apresentadas em um memorial assinado pelo antropólogo e historiador Márcio Meira, do Museu Goeldi.

Publicado no último Boletim de Ciências Humanas do MPEG, o texto relata como no Amazonas,  durante o chamado ciclo da borracha (1870-1920), mulheres indígenas foram violentadas e cruelmente assassinadas pelo comerciante Diogo Gonçalves. As denúncias foram feitas por Abílio Camillo Fernandes, agente do Serviço de Proteção aos Índios (SPI) no rio Marauiá, que relatou os  crimes em quatro missivas enviadas às autoridades estaduais e federais em Manaus.

Para contextualizar os delitos, Meira apresenta a economia política da borracha, mostrando como esses crimes estiveram “inseridos no regime mais amplo e generalizado de violências contra os trabalhadores indígenas dos seringais e piaçabais naquela área”.

“A descrição do homicídio da indígena Izabel Garcia, embora seja a principal e mais grave matéria contida nas cartas, vem acompanhada de outros relatos  de práticas de tortura física e psicológica contra outras  mulheres, perpetradas pelos potentados locais e seus capangas, e que resultaram em flagelo e morte, inclusive  no estupro de menores. Tais registros, ao descreverem  esse rosário de crimes, evidenciam como o feminicídio  estrutural está inscrito há muito tempo nas relações sociais de gênero naquela região do Brasil”, aponta o autor.

A editora científica do Boletim  do Museu Paraense Emílio Goeldi – Ciências Humanas, Jimena Felipe Beltrão, escreveu um sumário do memorial para as mídias da plataforma científica Scielo. Para acessá-lo, clique neste link. Por meio dele, é possível também acessar a íntegra do artigo do pesquisador Márcio Meira.

PUBLICADO POR:   MUSEU GOELDI