Uma reunião dos ministros do Comércio do G-7, em 28 de maio, sugere que o Brasil deve preparar-se para receber mais pressões internacionais do que as que já está enfrentando, em relação à percepção global sobre a proteção dos biomas da Região Amazônica.

Em uma reportagem publicada no Valor Econômico (30/05/2021), o correspondente do jornal em Genebra, Assis Moreira, sintetiza os tópicos do comunicado da reunião relevantes para a questão.

De acordo com o comunicado, as nações signatárias se comprometeram a “continuar os esforços com os mercados consumidor e produtor e com o setor privado para apoiar as cadeias de abastecimento sustentáveis que dissociam a produção agrícola do desmatamento e da degradação das florestas”.

Igualmente, prometeram trabalhar com os ministérios de meio ambiente e outros órgãos relevantes, internamente, bilateralmente e em fóruns multilaterais, “inclusive no contexto de acordos comerciais, para compartilhar as melhores práticas e considerar quaisquer ações domésticas apropriadas que apoiem este objetivo”.

“O G-7 tem papel fundamental na promoção, capacitação e apoio à transição para mercados de commodities e cadeias de fornecimento sustentáveis”, diz o comunicado.

O texto ressalta que “o desmatamento é uma ameaça global ao clima, biodiversidade, segurança alimentar e meios de subsistência”. Ademais, diz que cerca de 80% do desmatamento global se deve às mudanças no uso da terra para a agricultura, em especial, destinada à produção de commodities agrícolas.

“Comprometemo-nos a trabalhar por meio da OMC e outros fóruns para desenvolver abordagens de política comercial que apoiem cadeias de fornecimento sustentáveis para commodities florestais e agrícolas”, afirma o documento.

Dias antes, em 19 de maio, um dos participantes da reunião, o ministro do Comércio Exterior da França, Franck Riester, disse ao Senado francês que a França não assinará o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, principalmente, devido ao descaso do governo brasileiro com os temas ambientais. Segundo ele, “com relação ao combate ao desmatamento, o governo brasileiro reduziu os recursos que estava colocando. Está preparando uma lei agrária que corre o risco de acelerar o desmatamento (UOL, 20/05/2021)”.

E acrescentou uma bravata: “A floresta amazônica não pertence apenas aos brasileiros. Mas à humanidade. Se eles não se moverem, não terão acesso mais fácil ao mercado europeu do que hoje.”

Para os que acompanham as campanhas ambientais desde a década de 1980, quando o Brasil passou a ser apontado como o “vilão ambiental número um” do planeta, a diatribe do ministro gaulês traz à memória outras semelhantes, vocalizadas pelo então presidente François Mitterrand (1981-1995) e seu chanceler Michel Rocard, que popularizaram a expressão “soberania relativa” com referência à Amazônia.

Como temos insistido, o jogo está se tornando muito pesado, e o Brasil precisa preparar-se à altura. Quem sabe? – aproximando-se mais dos seus parceiros no grupo BRICS.

in Ambientalismo 11 de junho de 2021

PUBLICADO POR:   MSIA INFORMA  –