Projeto da OIT com parceiros promove melhoria nas condições de trabalhadores migrantes no Norte do país

Artesanato feito pelos indígenas da etnia Warao – Foto | Ministério Público do Trabalho de Marabá – Postada em: ONU

Ele aprendeu artesanato com a tia que o criou, Esperanza, e com quem mora hoje em Santarém, no Pará. Omar Moraleda Perez, 36 anos, é venezuelano da etnia Warao, que significa povo das águas, ou povo das canoas. Ele veio para o Brasil há dois anos, fugindo da fome e da pobreza. “Passava muita fome lá, não tinha comida”, relata. Atualmente, Omar vive da venda do artesanato ensinado pela mãe e pela tia Esperanza complementado pelo auxílio emergencial do governo brasileiro.

Ela veio para o Brasil no mesmo ano, tem a mesma idade que Omar e mora com o marido e a filha de 6 anos. Elita Moraleda Perez conta que toda a família – cerca de 40 pessoas – fugiu da fome e da crise econômica venezuelana. Os Warao são um povo nômade, que não se adapta ao trabalho comum. Com muita dificuldade para sobreviver da pesca, caça, coleta de frutas e da confecção de artesanato na Venezuela, eles se deslocaram para outros países, entre eles o Brasil.

Hoje, os primos Omar e Elita são beneficiados pelas ações de Àwúre (palavra em iorubá – língua africana – que significa benção), iniciativa do Ministério Público do Trabalho, Organização Internacional do Trabalho (OIT) e Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) que busca melhorar as condições de vida de povos indígenas, comunidades tradicionais e periféricas, respeitando práticas, saberes e costumes ancestrais. O financiamento provém de  recursos do MPT decorrentes de multas ou indenizações referentes à recomposição dos bens trabalhistas lesados.

“O apoio do projeto é importante porque ganhamos dinheiro com isso”, diz Elita, cujo maior sonho é ter a mãe morando com ela. Omar voltou a produzir artesanato com buriti e deixou de pedir dinheiro nas ruas. “É a oportunidade de mostrar nosso trabalho e ter uma renda”, celebra.

Os Waraos representam 66% dos indígenas venezuelanos refugiados no Brasil, de acordo com dados da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR). Eles começaram a chegar ao país entre 2014 e 2016 e vivem em pelo menos 16 estados de todas as regiões brasileiras, mas estão mais concentrados em Roraima, Amazonas e no Pará.

Em Santarém, os Warao são atendidos pelo projeto Nonakitane Yakeraja Jakitane (que significa em busca de um futuro melhor), integrante do Àwúre e implementado pela Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência  Social. O objetivo é eliminar as piores formas de trabalho e garantir a sustentabilidade por meio do repasse de conhecimentos, como planejamento financeiro. A iniciativa também proporciona meios para que os membros da etnia consigam renda sem abdicar do trabalho dentro de suas tradições.

PUBLICADO EM:    ONU NAÇÕES UNIDAS