Expedição Centenária Roosevelt-Rondon 1ª Parte – II
A Saga de um Notável Desbravador – I
Meu Velho
(José e Piero – Versão Nazareno de Brito)
Eu o estudo desde longe
Porque somos diferentes
Ele cresceu com os tempos
Do respeito e dos mais crentes
Velho, meu querido velho
Agora caminha lento
Como perdoando o vento
Eu sou teu sangue meu velho
Teu silêncio e o teu tempo […]
Desde a tenra idade tive um ser humano que foi meu Modelo, Mestre, Amigo, meu Norte e meu Farol para toda a vida – meu querido Pai Cassiano. Ele me ensinou tudo que sei. O amor à natureza, às coisas simples, a tratar a todos com o mesmo respeito, a não me apegar às coisas materiais. Eu o acompanhava, fascinado, pelas coxilhas, nas caçadas de perdizes, ouvindo suas histórias e aprendendo a identificar os bandos de aves quando estes ainda apontavam no longínquo horizonte, analisando sua formação, batida das asas e velocidade. Nas pescarias eu brincava alegremente nas margens dos açudes e aprendia a fazer “esperas” para traíras e a tarrafear lambaris para o espinhel.
Fui criado a campo, sem limites a estorvar meus passos, com ele aprendi a valorizar os livros, que devorava empoleirado nos galhos mais altos das árvores. Meu querido velho tem-me acompanhado a cada remada pelos Amazônicos Caudais, Pantanal, Guaíba ou Lagunas Litorâneas, sinto sua presença nos meus momentos mais felizes ou de intensa dor, sinto sua mão a me amparar e a me estimular quando vacilo.
“Viejo mi querido Viejo”, serás eternamente meu Herói, meu Mestre e meu melhor Amigo e, embora trilhemos hoje dimensões diversas sei que estarás sempre comigo me ensinando a amar e decifrar os mistérios do universo, da natureza e das gentes. Cada vez que ouço a música “Meu Velho” meus olhos marejam e sinto sua mão pousar carinhosamente no meu ombro. Seu exemplo de disciplina, amor ao trabalho, dignidade, honestidade, compaixão marcou-me eternamente e ainda hoje procuro imitar seus passos.
Outro Modelo que cultuo, como explorador, é o de Rondon um ícone tão magnífico que a história resolveu materializar sua grandeza emprestando seu nome a um estado brasileiro – Rondônia. Vejamos a sinopse de sua vida nesta reportagem de Ivan Lins:
Boletim Geográfico Volume XXIV, n° 187
Rio de Janeiro, RJ ‒ Julho-agosto de 1965
A Obra de Rondon ([1])
(Ivan Lins)
Muito se fala em Rondon, mas poucos são os que, em nosso país, realmente conhecem o que foi a sua obra de desbravamento dos nossos sertões. Ao desvendar tão grande trato desconhecido de nossa pátria ‒ escreve o professor Fernando de Azevedo:
de tal forma cuidou das investigações científicas que, no julgamento autorizado de Artur Neiva, seu nome, como propulsor das ciências naturais no Brasil dos tempos modernos, vem logo depois do de Osvaldo Cruz. ([2])
Se tivermos, de fato, em vista. – comenta ainda o professor Fernando de Azevedo:
o que tanto em botânica [oito mil números colecionados, muitos pelo próprio Rondon], como em zoologia [seis mil exemplares] representam as sessenta e seis publicações da Comissão de Linhas Telegráficas e Estratégicas de Mato Grosso ao Amazonas, podemos concluir com Artur Neiva “que nenhuma expedição científica brasileira concorreu com tão alto contingente para o ·desenvolvimento da história natural entre nós e nenhuma exaltou mais no estrangeiro o nome de nossa pátria”. ([3])
Desejando Rondon filiar-se à Igreja e Apostolado Positivista do Brasil, abandonou, em 1892, de acordo com as bases da mesma Igreja, o lugar de professor substituto de Astronomia e repetidor de Mecânica Racional da Escola Militar do Rio de Janeiro, lugar para o qual fora nomeado por Benjamin Constant. A exigência de não pertencerem os membros do Apostolado às Congregações oficiais de ensino muito estorvou entre nós a expansão do Positivismo, cujo campo de ação é exatamente o pedagógico e foi através dele que principalmente se difundiu entre nós.
No caso, porém, de Rondon, foi essa proibição, inserta nas Bases do Apostolado Positivista, que o encaminhou para a carreira de sertanista.
Conduzindo-o à glória, pode-se dizer que não é só “Deus quem escreve certo por linhas tortas”, porquanto também o fez, a propósito do grande desbravador, a Igreja e Apostolado Positivista do Brasil. Ao desistir de ser professor de um estabelecimento oficial de ensino, foi Rondon levado, através do Serviço de Fronteiras e Linhas Telegráficas, a penetrar o nosso “hinterland” e a proteger os nossos indígenas.
Em fins de 1906, regressara ao Rio de Janeiro por haver terminado a construção da rede telegráfica alcançando as fronteiras com o Paraguai e a Bolívia. E, projetando, no ano seguinte, o Presidente Afonso Pena uma série de medidas tendentes a completar e assegurar a recente incorporação dos territórios do Acre, do Alto Purus e do Alto Juruá, foi a Rondon que confiou a construção da rede telegráfica destinada a ligar esses territórios e os do Amazonas à capital do país.
Tinha em vista o Presidente Afonso Pena [que foi, no dizer de Rondon, “o precursor da Marcha para o Oeste”] tornar possível exercer-se sobre esses territórios, com a regularidade exigida pelos interesses nacionais, a ação do Governo.
Ao aceitar o difícil encargo, por muitos tido como irrealizável, assentou Rondon, desde logo, com o Presidente da República, que a nova Comissão se encarregaria, não só da construção, mas ainda de todos os trabalhos que se prendessem ao completo conhecimento da região que se ia atravessar.
Devia esta ser estudada quer sob os aspectos geográfico, botânico e mineralógico, quer quanto às características das populações indígenas que lá vivessem, as quais ficariam sob os cuidados da Comissão, no intuito de resguardá-las e evitar-lhes os flagelos e cruezas de que haviam sido vítimas os habitantes de outras regiões por ocasião de empreendimentos análogos. ([4])
Estava Rondon acostumado em todas as suas expedições, a conduzir equipamentos científicos de que se servia para determinar coordenadas, colher dados geológicos, antropológicos e etnográficos, assumindo assim, em suas mãos, comissões de objetivo originariamente estratégico, o caráter de empreendimentos de larga envergadura científica, civilizadora e política. Foi o que já havia revelado na incumbência que, em 1900, lhe confiara o então ministro da Guerra, Marechal Mallet, vale dizer, encerrar os principais pontos estratégicos dos confins do Brasil com o Paraguai e a Bolívia, nas malhas de uma rede telegráfica, cujos fios enfeixando-se em Cuiabá, permitissem ao Governo Central e à Nação comunicarem-se permanentemente com aquelas longínquas paragens, sobre elas exercendo ativa vigilância. No desempenho dessa importante comissão em que construiu, de 1900 a 1906, uma rede de 1.746 quilômetros, servindo 17 estações, não se limitou Rondon a executar as obras indispensáveis à já de si dificultosíssima instalação dos serviços telegráficos.
Desdobrando prodigiosa atividade, realizou enorme série de explorações tendentes a desvendar os segredos dos pantanais, executou estudos geográficos e fez a determinação precisa das coordenadas de pontos que poderiam servir de base a futuras operações geodésicas. Tornou-se, depois disso, a vastíssima região sul-mato-grossense uma das mais bem conhecidas de todo o território nacional, não só do ponto de vista cartográfico, mas também dos atinentes a população, riquezas naturais do solo, capacidade de produção, recursos atuais, vias de comunicação e outros elementos necessários para facilitar qualquer ação posterior do Governo. Dos dados que Rondon colheu, serviu-se vantajosamente o Barão Homem de Melo para o traçado do mapa de Mato Grosso em seu Atlas do Brasil. ([5])
E, assim, imprimiu, na observação do professor Luís Bueno Horta Barbosa, um sentido novo ao título de geógrafos, realçando-o com a sua figura humaníssima, porque, geógrafo dos mais eminentes, quando profundamente estudava uma região selvática, também o fazia pelo amor que consagrava às populações que a habitavam, e pelos meios de que assim ficava o Governo armado para melhor servi-las e beneficiá-las. Com esse vastíssimo programa executou a obra grandiosa de que resultaram o descobrimento e início da assimilação de imensas regiões, inteiramente incultas e bravias, até então sem outro significado, no conjunto do território brasileiro, do que o de uma misteriosa incógnita geográfica, como as que só eram designadas, pelos antigos cartógrafos, através dos animais que nelas imaginavam existir:
“hic sunt leones; haec et psittacorum regio”. ([6])
Só uma vontade superior, guiada pela máxima de César.
“Nil actum reputans si quid superesset agendum”. ([7])
Seria capaz de levar a termo, em tão curto tempo, um empreendimento de tamanhas proporções como o da construção das linhas telegráficas do Amazonas e do Acre, por entre imensos tropeços. Eram estes suscitados, a cada instante, pela deficiência dos meios de transporte, pelas canseiras das viagens, pelos cuidados incessantemente empregados para não deixar perecer os animais e evitar o ataque de índios, ainda não pacificados, e do atroz impaludismo, que nessas regiões grassava como em nenhuma outra do Brasil. Havia ainda os embaraços imprevistos e imprevisíveis que surgiam, nos sertões mais do que alhures, ameaçando aniquilar, de uma hora para outra, os serviços mais bem planejados, e conduzidos, ora sob aguaceiros diluvianos, ora sob a inclemência de um Sol abrasador, com as noites mal dormidas, quase sempre ao relento. ([8])
Basta considerar quanto custa, na mata virgem, derrubar uma árvore a fim de transformá-la em poste, para avaliar o que foi a realização de Rondon. E que não representou de esforço o transporte, através dos sertões de Mato Grosso e das florestas do Amazonas e do Acre, do material imprescindível, pesando cada isolador de porcelana e o respectivo braço de ferro três quilos e cerca de quilo e meio cada segmento de cem metros de fio de ferro zincado?
Ademais, na seção do Norte, na parte da linha tronco, que se estendia de Santo Antônio até à estação do Rio de Janeiro, e no ramal que, partindo também de Santo Antônio, ia subindo o Madeira e depois o Guaporé, até atingir o Guajará-Mirim, na fronteira boliviana, não pôde Rondon aproveitar os recursos da mata, porquanto a extração de postes exigia boiadas e a falta absoluta de campos e pastagens impedia mantê-las nas florestas amazônicas.
Nestas condições, era imprescindível recorrer aos postes de ferro, porquanto, divididos em três partes, podiam ser transportados por muares, para os quais havia, entretanto a necessidade de atentamente providenciar as forragens.
E assim, removendo obstáculo de toda ordem, plantou Rondon nada menos de três mil postes de ferro. Quem quer que conhece às dificuldades de transporte ainda hoje existentes em zonas relativamente prósperas do país, imagina facilmente o que foi a sua epopeia nos sertões mato-grossenses e nas florestas amazônicas, no começo do século, quando nem aviões, nem as comunicações hertzianas haviam ainda surgido.
Tão árduo era o empreendimento que mais de uma vez se disse haver sido conseguida a construção da linha telegráfica à custa de tantas vidas que a cada poste erguido correspondia um homem morto.
Todavia, graças aos cuidados de Rondon e ao seu conhecimento dos sertões, as obras do ramal de Mato Grosso, efetuadas numa das zonas mais insalubres do território nacional, foram concluídas apenas com 15 baixas, das quais várias por moléstias como a varíola, a tuberculose e outras, contraídas, não nos sertões, mas já levadas das cidades e arraiais.
De 1915 e 1919, última fase de sua grande campanha sertanista, inaugurada com o descobrimento do Rio Juruena, consagrou Rondon seus esforços ao levantamento geográfico de pontos e regiões importantes de Mato Grosso, estudando o vale do Araguaia com travessia para o Xingu e o vale do Tapajós com transposição para o Sucunduri e Canuman. Completou então o levantamento dos vales do Madeira e do Paraguai, traçando o divisor das águas do Paraná com o Taquari e o Aquidauana. Fez também o levantamento das cabeceiras dos Rios Correntes, Itiquira, Garças, São Lourenço, Arinos e Teles Pires [antigo São Manuel], e delineou os divisores destes Rios e do Xingu com o Cuiabá e o Rio das Mortes.
Voltou ao setor compreendido entre o Ji-Paraná, o Guaporé e o Madeira para levantar o divisor do Machadinho com o Anari; deste com o Jaru; deste com o Urupá e seus respectivos cursos. Realizou ainda o levantamento das cabeceiras dos Rios Branco e Preto do Jamari; Preto do Ji-Paraná; Juruazinho; Jamari; Canaan, Pardo, Quatro Cachoeiras, Urupá, Cautário, Cautarinho, São Miguel, Ricardo Franco, assinalando, neste último trecho, o divisor do Ji-Paraná com o Guaporé. Caracterizou, então, as diferentes serras desses divisores e a extremidade norte da cordilheira dos Parecis, determinando, por intersecção, a ponta oriental da Serra Pacaá-Novo, que define a grande garganta dos campos dos Urupás, nódulo geográfico relevante, do qual promanam águas que vão para o Ji-Paraná, Madeira e Guaporé.
Mais para o sul, patenteou importantes contrafortes daquela cordilheira, aos quais denominou: Uopiane, Aleixo Garcia, Pires de Campos, Pascoal Moreira e Antunes Maciel regiões habitadas pelos índios Cabixis do Norte, Uômos Aruás, Purus-Borás e Macurapes.
Com esses estudos orográficos completou Rondon a descoberta de 1908 e 1909, da origem da Serra do Norte, onde nasceu os Rios Nhambiquaras, 12 de Outubro e Iquê, contribuintes do Camararé, e onde vivem os Nhambiquaras-anunzês.
De 1920 a 1922, finalmente, retificou os levantamentos realizados no divisor do Arinos e Paranatinga com o Cuiabá e explorou o Culuene, formador do Xingu.
Estudou a cabeceira principal do Paraguai e o varadouro que liga a estação telegráfica de Vilhena à foz do Cabixi, cujo levantamento realizou, estabelecendo a navegação deste Rio, através do qual começou a prover o alto sertão do Noroeste mato-grossense com víveres e mercadorias importados de Manaus e Guaporé.
Construiu ainda a linha telegráfica de Aquidauana a Ponta-Porã, passando por Campo Grande, Campos de Vacaria, Brilhante e Caiuás, com o desenvolvimento de 508 quilômetros de linha assentada, completando, assim, o estabelecimento de linhas telegráficas nas fronteiras de Mato Grosso.
Para aproveitar o imenso cabedal topográfico, astronômico e corográfico, acumulado desde o advento da primeira Comissão Telegráfica, instalou Rondon, no Rio, um escritório central com uma Seção de Cartografia e Desenho, cujos trabalhos, orientados pelo então Coronel Francisco Jaguaribe Gomes de Matos, se resumem com eloquência em numerosos e importantes mapas, além de diferentes cartas para ilustrar as monografias de Botânica, Zoologia, Geologia, Mineralogia e Etnografia dos cientistas que, em sua companhia, se encarregaram dessas pesquisas. […] (BOLETIM GEOGRÁFICO N° 187)
Por Hiram Reis e Silva (*), Bagé, 24.05.2021 – um Canoeiro eternamente em busca da Terceira Margem.
Bibliografia
BOLETIM GEOGRÁFICO N° 187. A Obra de Rondon (Ivan Lins) ‒ Brasil ‒ Rio de Janeiro, RJ ‒ Boletim Geográfico Volume XXIV, n° 187, Julho-agosto de 1965.
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
- Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
- Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA) (2000 a 2012);
- Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
- Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
- Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
- Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
- Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
- Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
- Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
- Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
- Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
- Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
- Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
- E-mail: [email protected].
[1] Transcrito do Jornal do Commércio n° 176, de 1 e 2 de maio de 1965. (N.A. = Nota do Autor – Ivan Lins)
[2] Vide Artur Neiva: “Esboço histórico sobre a zoologia no Brasil”, apud Fernando de Azevedo: “A Cultura Brasileira – Introdução ao estudo da cultura no Brasil”, pág. 235, 1943. (N.A.)
[3] Ibidem, pág. 236 (N.A.)
[4] Vide “Missão Rondon, Apontamentos sobre os trabalhos realizados pela Comissão de Linhas Telegráficas Estratégicas de Mato Grosso ao Amazonas sob a direção do Coronel de Engenharia Cândido Mariano da Silva Rondon de 1907 a 1915”, publicados em artigos do Jornal do Commercio do Rio de Janeiro em 1915 [Tipografia do Jornal do Commercio, 1915, págs. 62 a 63]. Os artigos contidos na coletânea que vem de ser citada são da lavra do professor Luís Bueno Horta Barbosa, catedrático de matemática do Ginásio de Campinas, o qual, desejando filiar-se à Igreja Positivista, abandonou aquela cátedra para ingressar em 1911, no Serviço de Proteção aos índios, consolidando, em colaboração com Manuel Miranda, a pacificação dos Caingangues. (N.A.)
[5] Vide “Missão Rondon”, pág. 42. (N.A.)
[6] “Aqui existem leões; esta é a região dos papagaios”. (Hiram Reis)
[7] “Não considerando nada por concluído, se existe, ainda, algo a ser feito”. (Hiram Reis)
[8] Vide “Missão Rondon”, páginas 44, 219 e 220. (N.A.)
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