BRASÍLIA – A escalada de violência em terras indígenas tem ganhado força pelo País, com o avanço do desmatamento, grilagem terras e garimpo ilegal. Os episódios ocorridos nesta semana em Roraima, onde garimpeiros armados dispararam balas de fuzil contra o povo Yanomami, se somam às evidências do recrudescimento das invasões em áreas demarcadas

Nas margens do Rio Tapajós, no Pará, onde vivem mais de 14 mil indígenas das etnias munduruku e apiaká, os crimes na floresta têm acelerado a contaminação das águas e a proliferação de doenças entre os indígenas, como malária e covid-19.

O Estadão teve acesso a estudo feito por uma série de instituições ambientais que formam o Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração. Por seis meses, quatro pesquisadores do comitê reuniram dados oficiais do governo federal para analisar impactos causados pelas invasões da terra indígena Munduruku, no município de Jacareacanga, divisa de Mato Grosso com o Pará. A fotografia extraída deste cenário revela fragilidades que hoje corroem a vida dos indígenas das 145 aldeias da região.

Só em 2020, uma área equivalente a mais de 2 mil campos de futebol foram desmatadas dentro das terras indígenas Munduruku e Sai Cinza, no alto Tapajós. Os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) – órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, responsável pelos dados oficiais de desmate – confirmam a derrubada de 2.052 hectares da floresta. A razão de haver essa concentração de crimes dentro das terras demarcadas deve-se, basicamente, a um fato: é dentro dessas unidades que ainda estão de pé as árvores mais nobres, como o ipê. É também dentro dessas terras que estão as jazidas cobiçadas de ouro, como acontece na região de Jacareacanga e Itaituba, no médio Tapajós.

André Borges

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