Navegando o Tapajós ‒ Parte XVII 

1° Lance (Santarém – Lago Maripá)

Santarém/Enseada da Pedra Branca

O Pescador do Rio Tapajós  

(Valter Brumatte) 

De tarde, em cima do cais, a sós,

O pescador, na margem do Tapajós

Lança o anzol até onde alcança

E sente o beliscar das lembranças.

Cada vez mais, tesa-lhe a linha

Onde o horizonte se alinha:

É o peixe da saudade, vadio,

Que puxa o anzol, mordendo macio.

De repente, o caniço se curva

E seus olhos molhados se turvam

Ante o peixe que brilha no ar.

E então, no ofício da pescaria

O pescador vê que pesca a poesia

No rio imenso do seu olhar

10.10.2013 – Santarém/Lago Maripá 

Pernoitei, como na véspera, no Porto do 8°BEC, a bordo do Piquiatuba. Uma moto-bomba permaneceu funcionando a noite inteira transpondo combustível de uma balsa para outra, geradores barulhentos e altamente poluentes só foram desligados ao amanhecer, movimentação intensa de embarcações, uma noite, portanto, nada reparadora tendo em vista a agitação característica do local.

Às 06h20, partimos eu e o Marçal em nossos caiaques, apoiados pelo Mário na lancha Mirandinha, rumo a Itaituba. Os ventos fortes de popa, do quadrante Este, em torno de 17 km/h, embora criassem marolas de até 1,5 m de altura aceleravam nossa progressão e conseguimos imprimir uma velocidade de até 9 km/h subindo o Rio Tapajós. Na primeira parada, o caseiro de uma das belas casas da orla franqueou-nos o acesso aos saborosos frutos dos cajueiros da residência. Na Ponta do Cururu, próximo a Alter do Chão, fizemos uma parada mais longa, preparando-nos para atravessar o Rio da margem direita (Oriental) para a esquerda (Ocidental). Encontramos alguns turistas do Sul do país curtindo as belas águas cor de esmeralda.

Iniciamos a travessia. Inicialmente aproei para jusante de nosso destino considerando a intensidade dos ventos mas, a meio curso, verifiquei não ser necessária a correção e apontei a proa diretamente para uma pequena enseada que optara para nossa primeira parada. Depois de aportar e realizar um breve reconhecimento, resolvemos estacionar no Lago fronteiriço à enseada, mais seguro e abrigado dos ventos e onde poderíamos pescar.

Preparei uma pequena fogueira em um buraco, e deitei cedo buscando recompor minhas energias. Tínhamos colocado uma “malhadeira” para reforçar o rancho com pescado fresco e o Mário, ao recolher, sozinho, alguns peixes da rede, foi mordido por uma piranha. Ajudamos o estropiado companheiro a recolher a rede e os peixes restantes, desinfetamos sua ferida com Andolba e a protegemos com um pedaço de pano.

11.10.2013 – Lago Maripá –Pedra Branca  

Novamente partimos antes do nascer do Sol. Os ventos fortes e as grandes ondas de través prejudicaram, sobremaneira, a progressão e o equilíbrio do caiaque “Indomável” do Marçal enquanto eu aproveitava para ganhar velocidade surfando com o meu agora flamante “Cabo Horn” da Opium Fiberglass. O caiaque foi reformado na Cia Eqp do 8°BEC, os mais de 9.000 km navegados pelos amazônicos caudais tinham provocado profundas cicatrizes no seu convés e casco. Encurtamos nosso destino pela metade e paramos numa bela e rasa enseada. Montamos acampamento e não reparei nas curiosas formações incrustadas nas raízes, troncos e galhos da vegetação circunvizinha, desatento confundi os cauxis com raízes aéreas e minha distração custou-me muito caro.

Cauxi (Porifera, Demospongiae)  

As esponjas de água doce pertencem à classe Demospongiae (Tubella reticulata e Parmula batesii), têm como característica básica a produção de um esqueleto de espículas de Óxido de Sílica.

As espículas possuem um aspecto de agulhas transparentes ou opacas, com extremidades ligeiramente curvas. Essas espículas, após a morte e putrefação das esponjas, são liberadas da matriz de colágeno, que as mantém unidas em feixes estruturais e, assim permanecem nos sedimentos, disponíveis até que os banzeiros as propaguem no meio líquido.

REPERTÓRIO FOTOGRÁFICO  

Rio Tapajós – Santarém, PA (1° Lance)

Rio Tapajós – Santarém, PA (1° Lance)

Rio Tapajós – Santarém, PA (1° Lance)

Rio Tapajós – Santarém, PA (1° Lance)

Rio Tapajós – Santarém, PA (1° Lance)

Rio Tapajós – Santarém, PA (1° Lance)

Rio Tapajós – Santarém, PA (1° Lance)

Rio Tapajós – Santarém, PA (1° Lance)

Rio Tapajós – Santarém, PA (1° Lance)

Rio Tapajós – Santarém, PA (1° Lance)

Rio Tapajós – Santarém, PA (1° Lance)

Rio Tapajós – Santarém, PA (1° Lance)

Rio Tapajós – Alter do Chão, PA (1° Lance)

Rio Tapajós – Alter do Chão, PA (1° Lance)

Rio Tapajós – Alter do Chão, PA (1° Lance)

2° Lance (Lago Maripá – Enseada Pedras Brancas)

Rio Tapajós (Margem Esquerda)

Rio Tapajós (Margem Esquerda)

Rio Tapajós (Margem Esquerda)

Rio Tapajós (Margem Esquerda)

Rio Tapajós (Margem Esquerda)

Rio Tapajós (Margem Esquerda)

Rio Tapajós (Margem Esquerda)

Rio Tapajós (Margem Esquerda)

Rio Tapajós (Margem Esquerda)

Acampamento

Por Hiram Reis e Silva (*), Bagé, 11.05.2021 – um Canoeiro eternamente em busca da Terceira Margem.

(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;  

  • Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
  • Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA) (2000 a 2012);
  • Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
  • Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
  • Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
  • Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
  • Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
  • Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
  • Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
  • Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
  • Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
  • Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
  • Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
  • E-mail: [email protected].