Lideranças indígenas de diferentes regiões do Brasil participaram na tarde de segunda-feira (12) de uma audiência online com representantes do governo dos Estados Unidos.
Na ocasião, foram discutidos temas relacionados a questões ambientais e climáticas e de importância para os povos indígenas brasileiros, tais como a preservação do meio ambiente, o desenvolvimento sustentável e a autonomia das comunidades.
A reunião foi conduzida pelo embaixador dos EUA no Brasil, Todd C. Chapman. Estiveram presentes líderes de diversas etnias e regiões do país e representantes de diferentes entidades indígenas. Durante o encontro, os participantes apresentaram a pluralidade de povos e culturas existentes no território nacional.
Por solicitação da embaixada norte-americana à Fundação Nacional do Índio (Funai), o órgão indicou a participação das lideranças indígenas Azelene Inácio e do cacique Gentil Belino, do povo Kaingang; Arnaldo Zunizakae, da etnia Paresi; Felisberto Cupudunepá, do povo Umutina; Edson de Oliveira Santos, da etnia Bakairi; Jocélio Leite Paulino, do povo Xucuru; Irisnaide Souza Silva, da etnia Macuxi; e José Lucas Lemos Duarte, do povo Tukano.
Azelene Inácio destacou a riqueza de vozes e realidades indígenas. “Os povos indígenas do Brasil não são todos iguais, as nossas realidades são muito diferentes. Eu falo do estado de Santa Catarina, da Região Sul do Brasil, onde o tamanho dos nossos territórios, a nossa diversidade ambiental, cultural e social é muito diferente da realidade da Amazônia”, comentou.
Felisberto Cupudunepá também apontou a diversidade de etnias e representatividade. “São 305 etnias no país, mais de 200 línguas faladas. Não há um único representante ou instituição que fale em nome de todos os povos indígenas, justamente por causa dessa diversidade”, destacou a liderança, que é um dos porta-vozes do Grupo de Agricultores e Produtores Indígenas do Brasil, o qual defende o direito dos povos indígenas de produzir e buscar autonomia.
“Nosso grupo representa cerca de um terço da população indígena do país, que quer trabalhar e se desenvolver, buscando alinhar desenvolvimento econômico, desenvolvimento social e sustentabilidade. Queremos que os indígenas alcancem sua independência e possam produzir de maneira autônoma e dentro da legalidade”, ressaltou Cupudunepá.
“As políticas que cabem para a Amazônia não necessariamente cabem para as outras regiões do país, por isso a importância de se ouvir representantes de todas essas regiões. Nós, por exemplo, precisamos produzir para sobreviver”, destacou Azelene Inácio. “Não adianta preservar o meio ambiente e não preservar a vida humana”, acrescentou a líder indígena, que ressaltou ainda a importância do diálogo e do respeito à soberania dos Estados nas discussões internacionais.
Arnaldo Zunizakae também demonstrou preocupação com a preservação da vida. “É importante sim a gente se preocupar com a questão climática e com preservação do meio ambiente, mas antes de tudo precisamos nos preocupar com as pessoas que vivem nele. Nesse sentido, não podemos confundir as Terras Indígenas com Unidades de Conservação”, salientou Zunizakae.
O líder Paresi enfatizou a importância do desenvolvimento sustentável e da geração de renda nas aldeia para a melhoria das condições de vida das comunidades. “Uma das nossas preocupações é ver o nosso povo bem, livre da fome e da miséria, problemas que infelizmente vêm ocorrendo em muitas comunidades por falta de oportunidade de trabalhar e produzir em seu território”, frisou.
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