O Grupo de Agricultores e Produtores Indígenas do Brasil enviou uma carta ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na qual defende o direito de empreender, produzir e comercializar produtos, a fim de alcançar autonomia. O documento, com data de 4 de abril deste ano, é assinado por três porta-vozes da entidade: Felisberto Cupudunepá, da etnia Umutina, Edson de Oliveira Santos, do povo Bakairi, e Paulo Pontes Lúcio, da etnia Fulni-ô.

Agricultores indígenas do Centro-Oeste do país (povo Paresi). Foto: Mário Vilela/Funai

“Pretendemos em poucas palavras informar ao senhor e ao povo dos Estados Unidos que no Brasil há 305 etnias indígenas e destas, 70 etnias resolveram se unir e buscar empoderamento e autonomia. Somos 70 etnias indígenas capazes e cientes de seus direitos e deveres, o nosso objetivo é alcançar autonomia para empreender, produzir e comercializar com a mesma liberdade que o seu povo tanto preza”, assinala o documento.

Os porta-vozes contestam ainda a legitimidade da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) para falar em nome de todas as etnias do país. “Ela não representa as 70 etnias indígenas que se uniram com o nome de AGRICULTORES E PRODUTORES INDÍGENAS DO BRASIL. Nossa união de agricultores e produtores indígenas não outorgou nenhuma autorização ou procuração para ser representada por essa instituição”, ressaltam. “Portanto, para que fique bem claro, registramos que a entidade APIB não está autorizada a falar em nossos nomes e suas opiniões e posições sobre o Governo Brasileiro definitivamente não são as mesmas que as nossas, especialmente no que se refere ao desenvolvimento econômico e social”, pontuam.

A carta destaca ainda a regulamentação, pelo poder público, de temas relacionados ao desenvolvimento sustentável nas aldeias. “O que está se tentando realizar no Brasil, a pedido dos AGRICULTORES E PRODUTORES INDÍGENAS DO BRASIL, é a regulamentação de regras jurídicas para efetivamente conciliar o desenvolvimento das etnias indígenas do Brasil, que assim desejam, com geração de emprego e renda, sem a destruição do meio ambiente.”

O incentivo a atividades produtivas em Terras Indígenas, com foco na sustentabilidade, está entre as prioridades da atual gestão da Funai. Já o Grupo de Agricultores Indígenas é formado por representantes de mais de 70 povos de todas as regiões do país. O coletivo defende a autonomia, a liberdade e o protagonismo das diferentes populações, bem como a geração de renda por meio de atividades agrícolas sustentáveis nas aldeias.

Confira abaixo a íntegra da Carta do Grupo de Agricultores e Produtores Indígenas:

Assessoria de Comunicação/Funai