Mais de 1,6 mil atendimentos foram realizados nas aldeias de região em ação de reforço do Ministério da Saúde

O Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Yanomami leva saúde básica a aproximadamente 28 mil indígenas em uma área de 106 mil Km2 de floresta amazônica, na divisa entre os estados do Amazonas e Roraima e fronteira com a Venezuela. A maioria da população, 24 mil indígenas, é da etnia Yanomami e vive no meio de florestas densas, topos de serras e beiras de rios e riachos. Chegar às casas coletivas (xapona), onde vivem famílias com até 30 pessoas, requer o enfrentamento de dificuldades logísticas, climáticas e culturais.

As Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI) do Distrito passam, em média, 30 dias atendendo em Unidades Básicas de Saúde (UBSI), em meio à selva amazônica, percorrendo vários quilômetros a pé, onde até mesmo helicópteros têm dificuldades para alcançarem, a fim de levar assistência a essa população formada por crianças, adultos e idosos.

A fim de verificar a situação ocorrida relativa ao óbito de crianças nas regiões dos Polos Bases de Surucucu, Waphuta e região da UBSI Kataroa, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) enviou uma equipe técnica no período de 1 a 7 de março. A equipe foi composta por dois técnicos para fazer inspeção sanitária e monitoramento da qualidade da água nas aldeias, e integrantes da Equipe de Saúde Volante da SESAI, composta por médico clínico geral, pediatra, enfermeiros e técnico de enfermagem.

Além dos levantamentos, foram realizados mais de 1,6 mil atendimentos e procedimentos no DSEI Yanomami. Neste contexto, os Agentes Indígenas de Saúde (AIS) foram fundamentais como intérpretes e na mobilização da comunidade para o atendimento e acompanhamento dos pacientes. Destes atendimentos, 282 foram consultas com médicos e enfermeiros, 238 acolhimentos com escuta qualificada, 236 entregas de medicamentos com receituário médico, 80 vacinações contra a Covid-19, 58 internações e 5 remoções aéreas de pacientes que necessitavam de cuidados na rede hospitalar de Boa Vista (RR). Também foram realizadas visitas domiciliares nas aldeias e realizados testes para Covid-19, tuberculose, malária e outras doenças nos pacientes atendidos nas UBSI e Polos Base.

VACINAÇÃO

A imunização contra a Covid-19 não é obrigatória, mas os profissionais de saúde informam que não está havendo recusa à vacinação. “Todos os atendimentos e testes rápidos para Covid-19 foram feitos. O povo Yanomami ficou muito feliz porque chegamos nas comunidades. O atendimento médico e pediátrico chegou nas aldeias, foi muito importante”, avaliou o presidente do CONDISI Yanomami, Junior Hekurari Yanomami.

Devido à distância entre as casas, as equipes locais fazem longas caminhadas para atender idosos, enfermos e realizar busca ativa de indígenas que ainda não foram vacinados. A média de vacinação diária é de 10 adultos, sendo a maioria homens e idosos, devido às dificuldades de acesso às aldeias e o fato de muitas mulheres serem lactantes, gestante e puérperas e ainda não poderem ser vacinadas sem prescrição médica conforme orientações técnicas do Programa Nacional de Imunização (PNI). O DSEI Yanomami tem meta de imunizar contra a Covid-19 mais de 12 mil indígenas, maiores de 18 anos, atendidos pelo Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SASISUS) e especificidades da ADPF 709.

“A gente espera os pacientes chegarem nos postos de saúde e quando eles não vêm, nos dias mais tranquilos, fazemos visitas domiciliares subindo as serras até onde eles moram, levando vacina, avaliando diabetes, hipertensão e todos os programas preconizados pelo Ministério da Saúde, no meio do mato”, explica o enfermeiro Jonathan Soares, responsável técnico pelo Polo Base Waphuta.

REFORÇO

Os médicos da Equipe de Saúde Volante constataram que possivelmente os óbitos infantis, ocorridos nos locais, foram em decorrência de diarreia e desnutrição infantil por questões endêmicas e climáticas da região, não havendo elementos conclusivos para afirmar se os óbitos foram por Covid-19 ou não. Foram três dias de visitas, levando teste para Covid-19 e malária. “Fizemos uma investigação de doenças diarreicas, que é o maior problema da área, um caso crônico e de questão sanitária, pois dependem das águas dos rios e das chuvas”, explicou o médico da Equipe Volante de Saúde da SESAI, Matheus Gonçalves.

Diante dessas constatações, a SESAI reforçou o apoio ao DSEI Yanomami, incluindo-se medidas para combate à desnutrição infantil, combate à malária e contratação de mais 73 profissionais, reforçando assim a atuação dos 712 profissionais que já atuam no Distrito.

O coordenador do DSEI Yanomami, que também é autoridade sanitária local, Rômulo Pinheiro, agradeceu o reforço enviado pela SESAI. “Foi muito positiva e valiosa para os usuários indígenas e funcionários do DSEI. Isto demonstra que a SESAI está preocupada com a situação dos indígenas e também com a estrutura do colaborador em área, que ainda carece de adequações e estruturas para desenvolver um trabalho com mais eficiência”, avaliou.

Com informações da SESAI

Ministério da Saúde