Nos últimos anos, as mulheres indígenas vêm rompendo barreiras e ocupando espaços cada vez mais significativos na sociedade. Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, a Fundação Nacional do Índio (Funai) reafirma o seu compromisso com a autonomia e o protagonismo das indígenas de todo o país.

Indígena Yanomami. Foto: Mário Vilela/Funai

Por meio da Coordenação de Gênero, Assuntos Geracionais e Participação Social (Cogen), vinculada à Coordenação-Geral de Promoção da Cidadania (CGPC), a Funai atua com o propósito de apoiar as mulheres indígenas na busca da não-discriminação e fortalecimento do papel delas na promoção do bem viver, sempre considerando a diversidade e a especificidade dos povos. Dessa forma, pode-se estabelecer um processo de escuta de suas demandas pelos órgãos de governo para se criarem ações específicas.

Em 2020, visando à ampliação da participação social das mulheres indígenas, a Funai apoiou, entre outras ações, o II Encontro de Mulheres Krahô, no Tocantins; a Oficina de Combate à Violência contra a Mulher Indígena, no Rio Grande do Norte; o Encontro Regional de Mulheres Waiãpi, no Amapá; o Encontro das Mulheres e Juventude Baniwa e Kuripako, no Amazonas, e a 2ª etapa do projeto Wanzej Pane – Roda de Conversa de Mulheres Zoró, em Rondônia.

Maria Aureni Gonzaga da Silva, indígena do povo Terena e coordenadora da Cogen, fala sobre o desafio de comandar uma coordenação tão importante para a garantia dos direitos das mulheres indígenas num cenário de pandemia. “Eu assumi a coordenação em meio à pandemia e atuei na distribuição de cestas de alimentos. A Cogen trabalha com as reuniões das mulheres, as rodas de conversa e com adolescentes, anciãos e crianças. Acreditamos que, com a vacinação dos indígenas, possamos fazer nosso trabalho junto às Coordenações Regionais de forma eficiente”.

A coordenadora enfatiza a importância da coordenação para as mulheres como forma de incentivo. “Ela promove a valorização e visibilidade para a atuação das mulheres. Nós temos um olhar de trabalhar com elas nas comunidades indígenas, nos saberes femininos. A Cogen nasceu do anseio delas de terem uma coordenação específica para tratar de seus assuntos”, frisa.

Referência

Atualmente, as mulheres indígenas ainda lutam para se inserirem no mercado de trabalho, serem reconhecidas como artistas, artesãs, professoras, médicas e toda diversidade de profissões nas quais vêm se destacando para, assim, se tornarem referência na educação, ciência e tecnologia. Confira a seguir alguns exemplos de superação.

Esporte

A arqueira indígena Graziela Paulino dos Santos, de 24 anos, pertence ao povo Karapana. A esportista participou dos últimos Jogos Pan-Americanos de Lima e do Grand Prix do México de Tiro com Arco, levando para casa a medalha de prata na competição. Graziela integra o Projeto de Arquearia Indígena no Amazonas, que tem o objetivo de apoiar e fortalecer a cultura, imagem e autoestima dos povos indígenas do Estado.

Cultura

A antropóloga, arte-educadora e artesã Sandra Benites, do povo Guarani Nhandewa (MT), é curadora adjunta do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP). Ela é a primeira curadora indígena contratada por um museu de arte no Brasil.

Mídias digitais

Ira Maragua, de 21 anos, é natural de São Gabriel da Cachoeira e vive na comunidade Parque das Tribos, localizada no bairro Tarumã (MA). A indígena, que também estuda enfermagem, é sucesso nas redes sociais, onde compartilha costumes e tradições indígenas para mais de 14 mil seguidores, dentre eles dicas de artesanato, além de ensinar a fazer cosméticos com frutos naturais típicos da Amazônia.

Literatura

Julie Dorrico, de 30 anos, é macuxi, escritora, poeta e faz doutorado em literatura indígena na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande de Sul. Foi uma das organizadoras de duas publicações importantes sobre literatura indígena contemporânea, dentre elas Literatura Indígena Brasileira Contemporânea: criação, crítica e recepção. Nessas obras, a escritora faz uma historiografia da literatura indígena e defende a importância da autoria nesse segmento.

Arte

Sanipã Apurinã foi a primeira mulher indígena a entrar no acervo Sesc de Arte, em 2020. Ela venceu o prêmio Destaque-Aquisição da 15ª Bienal Naifsdo Brasil. Em 2005, concluiu o curso de Pintura na Escola de Arte do Instituto Dirson Costa de Arte e Cultura Amazônicas. Desde então, produz diversas obras e já participou de exposições coletivas e individuais, como a 1ª Coletiva Internacional de Artistas Amazônicos, em Nova Iorque (EUA), em 2009.

Liderança

No último mês, pela primeira vez na história, uma mulher tomou posse como cacique da nação Xikrin, em Parauapebas (PA). Kokoti Xikrin tem 28 anos e vai liderar indígenas da aldeia Krimei.

Política

As eleições municipais de 2020 tiveram um recorde de candidatas mulheres indígenas: 2.167, 26,3% a mais que nas últimas eleições. Desse modo, as mulheres ganham em representatividade e na visibilidade das demandas de gênero.

Assessoria de Comunicação/Funai 

Fotos: Divulgação