Porto Velho, RO/ Santarém, PA ‒ Parte LXXVII

Manicoré – Tiro de Guerra

Descendo o Rio Madeira ‒ VIII 

TG 12-002 de Manicoré, AM ‒ Um Paradigma   

“Si vis pacem, para bellum”

Conheci o Tiro de Guerra de Manicoré graças ao grande amigo e excelente jornalista Walter de Azevedo Filho, da Rede Amazônica. As instalações primorosas e bem cuidadas refletem o êxito da bela parceria que se formou entre a Prefeitura Municipal de Manicoré (PMM) e o Exército Brasileiro (EB). A instalação de uma modelar e bem equipada Unidade Básica de Saúde (UBS), no interior do aquartelamento, com recursos Municipais, permite, hoje, que a população manicorense conte com atendimento de qualidade proporcionado pelos profissionais de saúde do Exército Brasileiro. O equipamento odontológico, de última geração, por sua vez, foi doado pelo judiciário local o que demonstra de forma definitiva que os poderes unidos são capazes de fazer a diferença. A Escola Municipal, mais conhecida como a “Escola do Tiro de Guerra”, conta, igualmente, com instalações confortáveis, salas de aula climatizadas, quadro branco, e, o que é fundamental, professores qualificados e dedicados. O Capitão De Souza, Instrutor Chefe do TG, que na oportunidade estava se preparando para passar o comando, mostrou-nos as instalações visivelmente emocionado com o resultado dessa “parceria que deu certo” entre o EB e a PMM.

No dia 24.01.2012, realizamos uma entrevista com o Comandante do Comando Militar da Amazônia (CMA), General de Exército Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, dileto amigo com o qual tivemos a honra e o privilégio de conviver, como instrutores, na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), no início da década de 80. Um dos assuntos tratados foi o dos Tiros de Guerra e aproveitei a oportunidade para citar o TG de Manicoré como exemplo que deveria ser seguido pelas demais Prefeituras que, ao melhorar as instalações dos aquartelamentos, estariam fazendo um investimento que resultaria em benefício direto para a população local.

Manicoré – Tiro de Guerra

Histórico 

Fonte: Tiro de Guerra 12-002 ‒ Manicoré-AM 

A Portaria Ministerial n° 394/Reservada, de 15.07.1996, criou o Tiro-de-Guerra de Manicoré com a designação de TG 12/002. Seu primeiro Diretor foi o Prefeito Municipal Sr. Waldomiro Gomes e seu Chefe de Instrução o 2° Ten R/1 Francisco Edmar Aguiar Medeiros. O TG iniciou suas atividades em Manicoré, no dia 01.03.1997, utilizando provisoriamente as instalações do antigo prédio da Embratel, enquanto se construía sua sede atual, em terreno cedido pela Prefeitura Municipal, com recursos da Fundação Nacional da Saúde. No dia 17.07.1998, as instalações foram entregues pela Fundação Nacional de Saúde. Em 28.07.1998, após solenidade na Praça da Bandeira, a nova sede foi inaugurada oficialmente pelo Comandante Militar da Amazônia, General de Exército Germano Arnoldi Pedrozo, contando com as ilustres presenças do Comandante da 12ª Região Militar, General de Brigada Eron Carlos Marques e do Prefeito de Manicoré, Sr. Waldomiro Gomes, Vereadores, autoridades, lideranças locais acompanhados de grande número de populares.

O TG recebeu a denominação de “Tiro de Guerra Dr. Edmundo Juarez”, em homenagem ao médico sanitarista de renome internacional, à época Presidente da Fundação Nacional de Saúde, que patrocinou a construção das instalações que a área do TG possui, e que falecera em março de 1998, antes da inauguração do Tiro. O Tiro de Guerra já formou um contingente de 108 Cabos, sendo 04 mulheres, e 527 Atiradores dos quais 16 do segmento feminino.

Em 19.11.2011, foi inaugurada, pela Prefeitura Municipal de Manicoré, a ampliação da Escola Municipal Dr. Edmundo Juarez; a Unidade Básica de Saúde Lucy Marques Cavalcante e a reforma do Pavilhão de Administração, com a presença do Prefeito em Exercício Lúcio Flávio do Rosário – Diretor do TG, autoridades locais e população em geral. Seu atual Diretor é o Sr. Manoel Galdino de Oliveira, Prefeito Municipal e seu efetivo é composto por um Instrutor Chefe, um Tenente dentista, um Tenente médico e um Subtenente Instrutor.

COVEMA   

Manicoré – COVEMA

Em Manicoré, tivemos a oportunidade de conhecer a Cooperativa Verde de Manicoré (COVEMA), fruto de uma história de luta das Comunidades Extrativistas dos Municípios de Manicoré e Nova Aripuanã, onde existem Unidades de Conservações de Uso Sustentáveis federais e estaduais, além de Projetos de Assentamentos Sustentáveis e Áreas Indígenas.

A COVEMA, aliada ao Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS) e o Conselho das Associações de Manicoré (CAM), buscam organizar as comunidades com as seguintes finalidades:

      1. Apoiar a regularização fundiária, com o propósito de garantir a propriedade das áreas de coleta para os trabalhadores extrativistas;
      2. Organizar a produção para garantir melhores preços;
      3. Melhorar a qualidade de vida do extrativista e de suas famílias buscando, junto aos órgãos públicos, investimentos nas áreas de educação e saúde;
      4. Proporcionar alternativas de renda aos produtores.

Produção  

Graças a parcerias firmadas com instituições públicas e privadas, a cooperativa implementou práticas adequadas em relação à coleta, transporte, armazenagem e beneficiamento da Castanha-do-Brasil (Castanha-do-Pará), buscando a melhoria de qualidade do produto.

Hoje são 800 castanheiros cadastrados e, em 2011, a cooperativa comercializou 300 toneladas de castanha que, depois de processada, gerou 100 toneladas de amêndoas selecionadas. A COVEMA avalia que isto represente apenas 26% da produção estimada da região. Recebi da Cooperativa uma “Cartilha do Coletor” produzida pela ASBRAER, em 2008.

Castanha-do-Brasil   

Fonte: ASBRAER 

A Castanha-do-Brasil é um produto encontrado na Floresta Amazônica muito importante para a região. Sua produção, em torno de 30 mil toneladas por ano, é quase toda exportada e o consumo interno é de apenas 5% desse total.

A castanha é uma fonte de trabalho e renda para as pessoas que vivem e trabalham na floresta; e também é uma importante fonte de proteína para a alimentação. O Brasil já foi o principal produtor da Castanha-do-Brasil, mas perdeu o lugar de maior exportador para a Bolívia. Isso porque nossa castanha descascada estava apresentando altos níveis de contaminação por aflatoxina [uma substância que causa câncer no fígado]. Esse problema ocorre principalmente porque não há cuidados com a qualidade da castanha, nem nas etapas de coleta na floresta e nem no armazenamento dentro das usinas. Mas a qualidade da castanha pode melhorar. A castanha bem cuidada fica saudável para a alimentação e melhor para se vender.

Técnicas de Amontoa

Fonte: ASBRAER 

      1. Apanhe os ouriços semanalmente.
      2. Não misture os ouriços da safra passada aos da safra nova.
      3. Depois de feita a “amontoa”, não demore mais de três dias para quebrar os ouriços e levar as castanhas para o armazém ou paiol.
      4. Se não for possível quebrar os ouriços após a “amontoa”, faça jiraus com 3 a 4 palmos de altura do chão pra amontoar os ouriços.
      5. No jirau, ponha os ouriços de umbigo para baixo, para não entrar água da chuva. A umidade ajuda o mofo a crescer e estraga a castanha.

Armazenamento da Castanha 

Fonte: ASBRAER  

      1. As castanhas nunca devem ser ensacadas logo após a quebra, elas precisam estar secas;
      2. Espalhe as castanhas dentro do armazém em camadas de até meio palmo de altura;
      3. A cada dia revire as castanhas, para secarem por igual;
      4. Não misture, na mesma pilha de secagem, castanhas que já estão quase secas com castanhas úmidas;
      5. Não deixe animais terem contato com as castanhas que estão em processo de secagem;
      6. Não deixe as castanhas terem contato direto com o Sol ou a chuva. O Sol deixa a castanha com gosto ruim e a chuva favorece o mofo;
      7. Após sete dias, a castanha estará seca, podendo ser ensacada em sacos de aniagem ou armazenada solta, a granel, em um canto do paiol.

Por Hiram Reis e Silva (*), Bagé, 11.12.2020 –   um Canoeiro eternamente em busca da Terceira Margem.

 (*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;

  • Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
  • Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
  • Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
  • Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
  • Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
  • Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
  • Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
  • Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
  • Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
  • Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
  • Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
  • Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
  • Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
  • E-mail: [email protected].