Em uma operação realizada por agentes da Polícia Federal (PF) nos últimos dias foram apreendidas 131 mil m3 de madeira nativa na divisa entre os estados do Pará e do Amazonas.

Fotos: divulgação Polícia Federal

Segundo dados preliminares, são aproximadamente 43.700 toras de madeira extraídas ilegalmente, todavia, acredita-se que o volume possa ser ainda maior porque os troncos estão espalhadas ao longo de clareiras nas margens dos rios Mamuru e Arapiuns, em uma região de 20 mil km2.

De acordo com a Polícia Federal, a apreensão é a maior já feita na história do Brasil. A última vez que o órgão se deparou com uma quantidade tão grande de toras de madeira foi em 2010, quando foram recolhidos 65 mil m3.

A descoberta da carga se deu depois que uma balsa com documentação irregular foi encontrada em novembro, navegando no rio Mamuru, na área do município de Parintins, no Amazonas. A partir daí, a Polícia Federal começou a investigar o movimento de madeireiros com a ajuda de imagens de satélite.

A operação da PF foi batizada de “Handroanthus”, o nome científico da madeira mais procurada atualmente pelo mercado internacional, o ipê.

Até o momento, nenhuma empresa se apresentou como proprietária da carga e dessa maneira, fornecer documentação que ateste sua extração legal.

Imagem aérea de um dos pontos onde as toras foram descobertas

Ipê: a principal vítima da extração ilegal de madeira A apreensão histórica feita no Pará acontece semanas após os brasileiros ficarem sabendo que, em agosto do ano passado, o governo retirou o ipê da lista internacional de espécies ameaçadas de extinção. A espécie é uma das mais visadas por madeireiros na Amazônia porque sua madeira é uma das mais cobiçadas no mercado internacional.

A retirada do ipê da referida lista foi pedida pelo Ministério de Relações Exteriores, que atendia a uma solicitação do presidente do Ibama, Eduardo Bim, com total apoio do Ministério do Meio Ambiente.

Em março, mostramos também que madeireiros agradeceram publicamente ao Ibama por reduzir a documentação necessária para a exportação de seus produtos. O instituto atendeu aos pedidos do setor e diminuiu a “burocracia” necessária para a exportação de madeira nativa no Brasil, como o ipê, a itaúba e a maçaranduba.

Não é surpresa então que com o afrouxamento da “burocracia” para a exportação da madeira brasileira, o comércio ilegal tenha visto mais uma oportunidade para colocar a floresta no chão e destruir ainda mais a Amazônia.

*Com informações do jornal Folha de S. Paulo – Por: Suzana Camargo – Fonte: Conexão Planeta – PUBLICADO EM: AMAZÔNIA.ORG.BR (DISPONÍVEL EM DEZEMBRO DE 2020)