A pandemia causada pela Covid-19 provocará uma grande valorização das pessoas pelos espaços naturais, que devem ser muito mais procurados depois da quarentena.
Além disso, a pandemia não parou com as pesquisas e com o monitoramento da biodiversidade realizados pelos gestores e bolsistas do ICMBio. Entretanto, os trabalhos em campo ficaram mais prejudicados. Essas são algumas das conclusões debatidas durante o XI Seminário de Pesquisa e do XII Encontro de Iniciação Científica do ICMBio, que teve como tema central “Desafios diante da Pandemia por Covid-19”.
O evento realizado de forma on-line reuniu mais de 300 pessoas inscritas e ainda contou com a presença do presidente e dos diretores do ICMBio, entre outras autoridades, durante a abertura do Seminário, na última terça-feira (10). Como acontece todos os anos, o XII Encontro de Iniciação Científica do ICMBio premiou quatro bolsistas na categoria de melhores trabalhos de pesquisas; e como nova iniciativa premiou também dois bolsistas na categoria de fotografia. O evento ainda promoveu a apresentação de vídeos pôsteres, conferências e mesas redondas sobre diversos assuntos que envolvem a biodiversidade.
“Nos surpreendeu a quantidade de resumos recebidos para avaliação e a qualidade dos vídeo-pôsteres gravados, foram 125 vídeo-pôsteres e mais de 300 inscritos. Tivemos o desafio de gerenciamento de um evento a distância, algo completamente inédito, mas a realização a distância permitiu a participação de um público maior”, ressalta o coordenador da Coordenação de Pesquisa e Gestão da Informação sobre Biodiversidade (COPEG) do ICMBio, Ivan Salzo.
Vida ao ar livre
“A vida ao ar livre em meio a natureza virou tema de primeira necessidade nesta quarentena em que vivemos, há uma valorização das pessoas pelos espaços naturais.” A afirmação é do professor antropólogo Luiz Almeida Marins Filho, que palestrou na última terça-feira (10). Marins afirmou que as pessoas não querem mais ficar dentro de casa e vão valorizar ainda mais a natureza. “O mundo está desesperado pelo meio ambiente. As pessoas querem estar na natureza. A juventude hoje também não quer mais fazer turismo em igreja e museu, querem a natureza. Essa é uma geração do suco natural e da água mineral, mais voltada à saúde e à vida em meio a natureza”, defendeu.
Patrícia Serafini, do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave), contou como os pesquisadores do Centro de Pesquisa se adaptaram à realidade da pandemia. Segundo ela, as reuniões virtuais ajudaram a manter o trabalho, estratégia utilizada por outros Centros de Pesquisas do ICMBio. Foram várias oficinas, palestras e supervisão dos Planos de Ação (PANs); sempre realizadas de forma virtual e mantendo o trabalho. “A equipe do Cemave sempre se manteve próxima, apesar da separação física”, ressaltou Patrícia.
Ela lamentou que as ações de campo ficaram prejudicadas. Contou que na Ilha da Trindade, por exemplo, onde foram construídos ninhos artificiais para a reprodução de fragatas, o monitoramento no local ficou prejudicado, mas com a parceria da Marinha do Brasil, o Cemave conseguiu monitorar pelas imagens das armadinhas fotográficas que foram instaladas. “Os militares mandavam as imagens, a parceria foi fundamental”. Já o monitoramento de aves no Parque Nacional Marinho dos Abrolhos não sofreu interrupções, de acordo com Patrícia.
O coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros (CPB), Leandro Jerusalinsky, trouxe ainda à discussão as recomendações para a pesquisa e manejo de fauna frente à Covid-19, resultantes da construção da publicação “Recomendações: Biodiversidade & Covid-19”. Em sua conferência, ressaltou que é necessário incorporar novas práticas nos trabalhos de campo, bem como nos planejamentos das pesquisas, de modo a considerar os princípios da Saúde Única: saúde humana, animal e ambiental.
Iniciação Científica reúne 35 trabalhos de pesquisas
Durante o XII Encontro de Iniciação Científica do ICMBio, 35 estudantes apresentaram os resultados de suas pesquisas em duas salas. A avaliação dos trabalhos foi feita por membros do Comitê Institucional e Comitê Externo do PIBIC/ICMBio. De cada sala foram premidos os trabalhos que ficaram em 1° e 2° lugar.
Confira abaixo o resultado dos trabalhos vencedores:
Sala 1
1° Lugar – Williana Joylla Silva Diagnóstico socioeconômico e relações de uso da avifauna por populações humanas na Área de Proteção Ambiental e Refúgio de Vida Silvestre da Ararinha Azul. Camile Lugarini
2° Lugar – Gleysla Gonçalves de Carvalho Fernandes Similaridade florística e distribuição espacial em uma área de Floresta Ombrófila Aberta na Floresta Nacional do Tapirapé-Aquiri André Luis Macedo Vieira
Sala 2
1° Lugar – Karina da Silva Inacio Maciel Comparação entre os métodos de captura de caranguejo uçá (Ucides cordatus): subsídio a termo de compromisso na ESEC da Guanabara Juliana Cristina Fukuda
2° Lugar – Gabriela da Silva Batista Monitoramento da fauna silvestre atropelada no entorno da Floresta Nacional do Tapajós Nilton Junior Lopes Rascon
A foto é do estudante Natan Tomaz Massardi que ganhou o 2° lugar no I Concurso de Fotografia do PIBIC/ICMBio. A imagem foi obtida durante a execução da pesquisa intitulada “Levantamento e diagnóstico de Callithrix aurita (É. Geoffroy, 1812) e congêneres invasores em fragmentos florestais da microrregião de Viçosa, MG, Bacia Hidrográfica do Rio Doce”, tendo o pesquisador Leandro Jerusalinsky como orientador.
Comunicação ICMBio
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